Quando se fala em maternidade e
carreira, ainda existem muitos obstáculos a serem enfrentados pelas mulheres.
Preconceito, falta de opções de trabalho remoto, longas horas de trabalho,
falta de uma rede de apoio e políticas inclusivas e um ambiente de trabalho
prioritariamente masculino são apenas alguns deles.
Uma pesquisa divulgada pela FGV
(Fundação Getúlio Vargas) revela que a queda no emprego se inicia imediatamente
após o período de licença maternidade e que, após 24 meses, quase metade das
mulheres que tiram licença-maternidade estão fora do mercado de trabalho.
No entanto, algumas empresas estão
começando a perceber a importância de promover oportunidades para as mães que
desejam progredir na carreira. Um dos setores que vem ampliando a participação
feminina - e, por consequência, das mulheres que têm filhos - é o de
tecnologia. Um levantamento realizado pela Catho em 2022 mostra um aumento de
2,1 pontos percentuais de mulheres em cargos de tecnologia no Brasil em
comparação com o ano anterior.
“Empresas de tecnologia estão em
crescimento. Como a flexibilidade é cultural nessas empresas, isso facilita na
hora de escolher uma oportunidade, seja ela na sua cidade ou em outra, podendo
até expandir para outros países”, conta Bruna Gomes Almeida, 35 anos, mãe de
Nicoly (16) e Nataly (12), que trabalha na Handit, empresa de tecnologia com
sede em Blumenau.
“Enquanto estamos trabalhando em home
office, também estamos sendo mães. Conseguimos conciliar a vida profissional e materna,
não perdendo a qualidade de vida e o desenvolvimento de nossos filhos”, aponta.
Bruna tinha experiências anteriores na
área de vendas, mas o setor de tecnologia a conquistou.
“Depois da maternidade as coisas
realmente mudam e passamos a valorizar tudo que está relacionado ao bem-estar
de nossos filhos. Comecei a valorizar mais o meu tempo, e conciliar o que é
mais importante no meu dia a dia”.
Para ela, o fato das empresas de
tecnologia adotarem o modelo remoto ou híbrido facilita para quem tem filhos.
“Trabalhar em uma empresa acolhedora é
um grande incentivo para dar o melhor como profissional e pessoal
como mãe”, acrescenta.
Este é o caso também da Lally Rosar, de
32 anos, mãe do Pedro, de dez anos. Há nove meses ela trabalha na Handit. Antes
de migrar para o setor de TI, atuava na área automobilística.
“Depois da vinda do Pedro, minha vida
mudou principalmente com relação à responsabilidade. Eu sempre me cobrei muito,
mas depois da maternidade, eu me cobrei mais ainda, por querer oferecer uma boa
qualidade de vida para ele. Já não estava mais feliz seguindo a carreira na
área automobilística e amigos da área tech me incentivaram a fazer transição de
carreira e começar a dar meus primeiros passos na área. Depois da entrada na
Handit, tive uma qualidade de vida muito melhor. E falo em todos os sentidos,
fazendo até eu conseguir estar mais próxima do meu filho”, conta.
Bruna Vieira Severiano também viu na
tecnologia uma oportunidade para ter mais tempo para a família. No ramo de
varejo, onde ela atuava anteriormente, não tinha horários flexíveis e precisava
trabalhar aos fins semana. Bruna é mãe de Liz (16), Melina (5) e Raul (3) e
está na Handit há três meses.
“Além disso, tenho uma grande paixão
pessoal de levar soluções para grandes corporações e ver o impacto que isso
causa na vida das pessoas. Somado a isso, tem a flexibilidade de horários para
gerenciar as outras demandas da vida”, relata.
“O meu dia nem sempre consegue seguir
um cronograma previsível. Mas, na empresa, o importante é a minha entrega e meu
envolvimento e não o horário que eu cumpro”, acrescenta Bruna.
Preocupação com a diversidade e
valorização da maternidade
A Handit é um exemplo não apenas pelo
apoio às mães, mas também pela valorização das mulheres como um todo. A empresa
catarinense tem um quadro formado por 31% de mulheres - percentual que vem
crescendo a cada ano - e algumas delas ocupando posições de liderança. Dessas,
37% são mães.
O analista de Gestão de Pessoas da
Handit, Vicente Mendonça, explica que esse processo de contratação e o olhar
para as mulheres e mães acontece de uma forma muito natural na empresa. Ele
destaca a flexibilidade de horários e a possibilidade de trabalho remoto como
atrativos. Mas, além disso, no dia a dia, a empresa demonstra a preocupação em
apoiar os colaboradores no sentido de que possam conciliar a vida pessoal com a
vida profissional.
Após a tragédia ocorrida recentemente
na creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, por exemplo, o setor de RH entrou
em contato com os funcionários para saber se precisariam de folga, horários
especiais ou trabalhar de casa, para que todos se sentissem em segurança junto
aos filhos.
A Handit também tem um grupo formado
por mulheres colaboradoras, onde elas trocam ideias sobre cursos, treinamentos
e promovem encontros, com rodas de conversas sobre carreira, maternidade e
outros assuntos de interesse.
“Nossa principal motivação é pensar na
diversidade não só de gêneros, mas na multiplicidade de talentos, criatividade
e ideias que essas mulheres podem trazer”, afirma Mendonça.
Vantagens para as mães na área de
tecnologia
·
Flexibilidade de horários: muitas
empresas de tecnologia oferecem horários flexíveis de trabalho, o que permite
que as mães possam equilibrar o trabalho com as responsabilidades familiares.
·
Trabalho remoto: empresas desse setor
frequentemente permitem que seus funcionários trabalhem remotamente, o que pode
ser uma vantagem para as mães que precisam estar em casa para cuidar de seus
filhos.
·
Ambiente inclusivo: muitas empresas de
tecnologia têm políticas e práticas inclusivas que ajudam a criar um ambiente
de trabalho mais acolhedor e favorável para as mães.
·
Oportunidades de carreira: o setor de
tecnologia está em constante evolução e crescimento, o que pode criar muitas
oportunidades de carreira para as mães que desejam progredir em suas carreiras.
·
Salários competitivos: algumas empresas
do ramo oferecem salários competitivos e pacotes de benefícios que podem ser
atraentes para as mães que desejam apoiar financeiramente suas famílias.