Abrir as portas. Entrar no lavabo. Conhecer a sacada.
Visitar um imóvel ou apresentá-lo para um cliente faz parte da rotina de quem
vive o universo imobiliário ou da construção. Mas imagine estar em um endereço
bem antes de ele existir? Ou mexer no projeto dos sonhos até o match ideal?
É
exatamente tudo isso que propõe um empresário do setor de tecnologia do Paraná,
especialista em realidade virtual. Ao ver seu negócio sofrer durante a fase
aguda da Covid-19, Rodrigo Mello fez da crise um trampolim.
Rodrigo é fundador da VR do Brasil, startup da empresa
Corinfo, que foi criada para desenvolver e aplicar tecnologias utilizando
realidade virtual. Da empresa, nasceu um projeto paralelo e que fez sucesso nas
principais capitais da região Sul e Sudeste brasileira, a rede de
entretenimento em realidade virtual Espaço VR, hoje líder de mercado nacional
nesse segmento. A empresa tem ampliado a sua rede em diversos shoppings com o
Espaço VR, capaz de transportar o visitante para a “dimensão virtual, com
inúmeros mundos e experiências em um único local”.
“Mas, durante o pico da pandemia, a operação precisou
deixar de operar com as operações de shopping centers; aliás, por vários meses
em alguns locais”, conta Rodrigo. O empresário, um apaixonado por tecnologia e
entretenimento — desde o lançamento do filme Tron e de tudo
a que sua sinopse se propôs na abordagem da realidade virtual —, fez do limão
uma limonada. Rodrigo foi buscar inspiração em grandes cases de
tecnologia no exterior para criar o produto Arena VR, e em paralelo melhorou
sua rede de entretenimento.
O produto Arena VR é a primeira experiência player vs. player em
realidade virtual com espaço compartilhado da América Latina e só tem
concorrentes na China, na Rússia e nos EUA. Essa mesma solução, usada para o
entretenimento, hoje, com as devidas adaptações, virou alternativa para o setor
de arquitetura e construção, um dos mais ascendentes no mundo.
“Imaginamos o seguinte: vamos pegar essa tecnologia que
já temos e aplicar na visitação de imóveis na planta ou de showrooms! Um imóvel
decorado, para uma construtora, é um custo muito alto. Há construtoras que
gastam mais de R$ 1 milhão para montar esse imóvel. Seria legal essa
experiência de fornecer, para o arquiteto ou a construtora, que o cliente
visitasse o local antes de ele estar pronto e que ele tivesse outras opções de
plantas e projetos”, explica.
A ideia já foi degustada e validada em Curitiba. Parceria
da Corinfo/VR do Brasil com as marcas Roca e Incepa, que oferecem peças para
mobiliário e revestimento, além do escritório de arquitetura de Felipe Guerra,
sócio do Jaime Lerner Arquitetos Associados, permitiu aos visitantes do Avant
Première, realizado há algumas semanas, percorrer um apartamento projetado
por Guerra, completo e mobiliado. Foram muitas semanas de trabalho e 100% de
aprovação entre o público composto por arquitetos, engenheiros e grandes
varejistas de materiais de construção, conforme Rodrigo.
“E isso tudo de forma coletiva. É possível as pessoas
irem caminhando, percorrendo o imóvel juntas e comentando sobre a planta, sobre
os móveis, sobre as peças, sobre os revestimentos”, conta o empresário. “Quando
apresentamos a ideia para os arquitetos, eles ficaram impactados. Mesmo eles já
trabalhando na vanguarda com realidade virtual e aumentada, além de metaverso,
gostaram demais”, compartilha.
Ganhando o mercado
Rodrigo, que trouxe a inspiração do Oriente e a entalhou
na estrutura brasileira, garante que no país não encontra concorrência para o
seu jogo Arena VR. Mais próximo, apenas na Rússia ou nos Estados Unidos. E,
para a solução de visitação de imóveis virtuais de maneira coletiva e com
equipamentos de baixo custo, não encontrou case igual, nem
mesmo internacionalmente.
A paixão pelos games e pela aventura
das experiências em grupo pode fazer com que a empresa alce voos mais longos:
diante de um mundo onde as pessoas aprenderam a viver on-line, mas ainda
precisam de teto, a projeção é de que as empresas cresçam até 50% até o fim de
2023.