Popularmente conhecidas pelas suas siglas, as Lesões por Esforço
Repetitivo (LER) e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho
(DORT) são apontados pelo Ministério da Saúde como as doenças que mais atingem
os trabalhadores do Brasil. No Dia Mundial de Combate às LER/DORT (28/2), a
fisioterapeuta e professora da UniAvan, Morgana Amanda
Vequi, explica mais sobre estes males, as formas de tratamento e dá dicas para
ajudar profissionais de diferentes áreas, entre professores, trabalhadores da
indústria, comércio, que atuam em escritórios e em home office.
Embora tenham focos similares, as siglas possuem significados
diferentes. A profissional explica que a DORT está relacionada a alterações,
dores ou desconfortos no sistema musculoesquelético (ossos, músculos,
articulações, tendões, ligamentos), já a LER é apontada quando há lesão causada
pelo movimento repetitivo.
“Ocorre, pois os trabalhadores estão expostos a
diversos fatores de risco, tais como: carga horária de trabalho excessiva,
posturas inadequadas no posto de trabalho, permanecer muito tempo na mesma
posição, mobiliários inadequados, movimentos repetitivos, manuseio de
instrumentos que transmitem vibração excessiva, entre outras”, acrescenta
Morgana.
Os sintomas são diversos e relacionados aos movimentos cotidianos do
trabalhador, geralmente caracterizados por dor localizada ou irradiada,
desconforto, formigamento, sensação de pontadas ou agulhadas, dormência,
diminuição da força, sensação de peso ou fadiga nos membros, inchaço, dificuldade
para movimentar, entre outros.
A fisioterapeuta conta que os sintomas iniciais
podem ser confundidos com uma fadiga pontual, o que acaba fazendo com que o
diagnóstico apareça apenas quando a doença já está em estágio avançado.
“Desta
forma, o ideal é prevenir, através de ginástica laboral, que são atividades
realizadas durante o expediente, no próprio posto de trabalho, para diminuir a
fadiga e prevenir doenças ocupacionais. É muito importante consultar um
fisioterapeuta para uma avaliação. Na consulta o Fisioterapeuta realizará
avaliação/diagnóstico cinético funcional, que envolve análise do movimento, da
força muscular, do equilíbrio e que auxiliará na definição das condutas para o
tratamento”.
A profissional explica que os tratamentos são diversos e indicados de
acordo com o estágio da doença. Envolve fisioterapia e muitas vezes são
necessários o uso de medicações. Já os mais graves precisam passar por
procedimento cirúrgico e até afastamento do posto de trabalho ou readequação de
funções. “Manter hábitos de vida saudáveis também são fundamentais, consumir
bastante água, manter uma alimentação equilibrada, sono. E realizar atividades
físicas como caminhadas, pilates, hidroginástica e musculação”.
Para prevenir o aparecimento das doenças ocupacionais, a fisioterapeuta
e professora da UniAvan deu dicas para profissionais de diferentes áreas:
- Profissional
da indústria: como geralmente é um profissional que atua com muitos
movimentos repetitivos, a dica é realizar alongamentos antes, durante e depois
da prática, principalmente focados nas regiões do corpo mais sobrecarregadas e
áreas que passam pelo esforço repetitivo. Procure fazer pausas para evitar a
fadiga das áreas trabalhadas, utilizar calçados confortáveis e manter cuidado
com a iluminação e ventilação do ambiente de trabalho;
- Profissional
do comércio: reveze a postura em pé com a postura sentada e não fique
apoiado sempre na mesma perna. Procure fazer algumas pausas e, nos momentos de
descanso ou antes e após o horário de trabalho, faça alongamentos
principalmente para os membros inferiores e superiores (pernas e braços).
Também fique atento ao calçado escolhido para trabalhar, evite rasteirinhas,
sapatos muito baixos ou muito altos e sempre escolha as opções de calçado com
cerca de 5 cm de salto.
- Profissional
de escritório: procure fazer pausas e realize alguns alongamentos,
principalmente para os membros superiores, como os braços e mãos. Adeque o
mobiliário fazendo com que a tela do computador fique na linha dos olhos, os
braços fiquem apoiados, a cadeira deve ter apoio para as costas, ficar bem em
frente ao computador e os pés devem ficar apoiados. Também garanta que a
iluminação seja adequada;
- Professor:
evite permanecer períodos prolongados com o braço elevado, principalmente em
posição superior a 90 graus, quando for escrever no quadro. Reveze a postura em
pé com a postura sentada e não fique apoiado sempre na mesma perna. Controle o
tempo de trabalho no computador para preparação das aulas e tenha um ambiente
adequado. Não esqueça de fazer intervalos para descansar. Cuidado com a
quantidade de materiais que carrega, procure deixar parte dele em um armário. E
é sempre importante realizar alguns alongamentos nos intervalos de trabalho;
- Home
office: com a pandemia, muitas pessoas adotaram esse modelo de trabalho, o
que aumentaram esses distúrbios devido à falta de um posto adequado para o
trabalho, por isso é necessário que o profissional mantenha um cômodo só para
isso, com mobiliário ideal, procure utilizar computador de mesa, posicione a
tela para que fique na linha dos olhos, os braços devem ficar apoiados, pode
utilizar almofadas para apoio das costas, uma caixa para apoio do pé e, em caso
de uso de laptop, é recomendável adaptar um teclado separado, para melhorar a
postura do profissional durante o uso do computador. Também é indicado que faça
pausas de 10 minutos a cada uma hora e realize ginástica laboral.