Com os desafios que pressionam a
indústria alimentícia, como as mudanças climáticas que modificam ecossistemas e
o nível de resistência das plantas a ervas daninhas e pragas, a biotecnologia
se mostra um caminho promissor.
Em todo o mundo, investimentos em pesquisa
industrial permitem, por exemplo, sair do tradicional e usar fertilizantes à
base de fermentação, com processos químicos que também contribuem para a
sustentabilidade.
Por aqui, cursos oferecidos por entidades como
o Centro Latino-Americano de Biotecnologia atualizam estudantes de
pós-graduação sobre as tecnologias moleculares, desenvolvimento de aplicações
para as áreas de Saúde, Meio Ambiente e Agricultura, ou seja, formam mão de
obra capacitada para implementar inovação na indústria do futuro.
A partir de 2023, teremos grandes aportes em
novas plantas de biotecnologia no país, pois o Brasil não deseja perder a
alcunha de “celeiro do mundo” e tem toda a capacidade de absorver novas
tecnologias. Pode parecer algo que demande alto custo, mas as plantas
tecnológicas não são tão grandes quanto as tradicionais, o que reduz a escala.
Prevendo essa demanda, a indústria de
equipamentos industriais corre para fornecer máquinas que supram a nova
necessidade. Por meio de muita inovação, por exemplo, no futuro próximo teremos
válvulas com acionamento elétrico, o que permite realizar processos a distância
e reduzir o tamanho das plantas. Falo em válvulas porque elas são o coração de
uma fábrica que trabalha com fluidos ou gases.
Para explicar melhor: quando falamos em
automação no contexto da Indústria 4.0, hoje, o que temos são sistemas
elétrico-pneumáticos, em que parte do acionamento é feito via ar comprimido
(pneumático), ou seja: é preciso enviar um sinal elétrico para que o ar
comprimido abra ou feche uma válvula ou outro sistema. Mas isso é muito
complexo, pois é preciso gerar energia para movimentar um compressor que gere
ar comprimido para então acionar o equipamento. No futuro, será possível enviar
somente um sinal elétrico e....fim! Para isso, são necessárias válvulas que
correspondam a essa necessidade.
Existem ainda outros investimentos, como o
conceito de válvula integrada com componentes que seriam adicionais, para
medição de temperatura, vazão, condutividade etc. Com os produtos que estão
sendo desenvolvidos, será possível ter todos esses sensores integrados de
forma self-controlled, com todas as informações disponíveis
direto na válvula.
E quanto custa isso, você deve estar
pensando.... temos no Brasil a falsa ideia de que os gestores só olham preço,
mas nossa indústria não é mais assim. Se você oferece um sistema bem-feito e o
cliente percebe o valor para seu sistema produtivo, mesmo que ele pague um
pouco mais caro, ganhará em produtividade, tecnologia, garantia de processo,
menor risco de contaminação do processo. Ou seja, o investimento se transforma
em economia rapidamente.
Isso porque o grande calcanhar de Aquiles
quando se fala em biotecnologia é garantir zero contaminação. Imagine produzir
uma batelada de produtos ao longo de semanas e, lá no fim, um pequeno desvio
provocado por um minúsculo microrganismo contamina toda a série, que pode ser
de mil litros ou 120 mil litros, por exemplo. É um risco que a indústria não
pode correr. Outro ponto sensível é a garantia de manutenção com pronto
atendimento personalizado, pois trata-se de equipamentos delicados que requerem
especialização.
Falo de alguns pontos que podem parecer ficção
científica, mas estão logo ali, na esquina do tempo. A indústria que souber
atender a todos esses requisitos terá a competitividade que o futuro demanda.
Contribuição de: Hans Paul Mösl, administrador de
empresas e gerente geral de vendas da área PFB (farmacêutica, alimentícia e de
biotecnologia) da GEMÜ do Brasil.