Os três tipos de tumores
ginecológicos mais comuns no Brasil são os cânceres de colo do útero, ovário e
corpo do útero (endométrio). Juntos, eles somam 29,8 mil novos casos anuais,
segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Outros dois tipos,
câncer de vulva e vagina, também entram nesse grupo, mas para eles não há dados
nacionais oficiais de novos casos/ano.
Em Santa Catarina, a prevalência
de tumores ginecológicos segue a tendência verificada no Brasil: a maior é do
câncer de colo do útero, com 12,60 casos para cada 100 mil mulheres. Esta
prevalência é a terceira maior do eixo Sul-Sudeste, atrás apenas do Rio de
Janeiro (12,80) e Paraná (13,67). Na sequência estão os cânceres de ovário, com
5,49 casos para cada 100 mil e o de endométrio, 6,14 casos para cada 100 mil
mulheres. Santa Catarina, somando os cânceres de colo do útero, endométrio e
ovário registra 1.530 novos casos anuais.
No Brasil, o câncer de colo
uterino é o terceiro mais comum nas mulheres, atrás apenas de câncer de mama e
colorretal. Apesar da alta incidência, vale ressaltar que esta doença não só
pode ser diagnosticada precocemente, como também é evitável. As medidas
primordiais para evitar o câncer de colo de útero são o acesso e adesão ao
exame de Papanicolau e à vacina contra o papilomavírus humano (HPV). Tanto o
exame quanto a imunização estão disponíveis na rede pública, porém, com
gargalos nas cinco regiões do país. Portanto, fica fácil de entender por que em
São Paulo, o estado mais rico do país, onde há mais acesso ao Papanicolau e à
vacina contra o HPV, a incidência de câncer de colo de útero é de 5,93 casos
por cada 100 mil habitantes.
O principal fator de
risco - A contaminação pelo
vírus HPV é um fator causal para quase todos os casos de câncer de colo do
útero. Para imunização dos HPVs oncogênicos 16 e 18, que são responsáveis por
70% dos tumores malignos no colo uterino, há vacina disponível na rede pública.
A vacina quadrivalente, que protege contra os HPVs 16 e 18, também previnem os
HPVs 6 e 11, que são responsáveis pela maioria das lesões genitais.
A vacina quadrivalente é
distribuída gratuitamente pelo SUS para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11
a 14 anos. Também é distribuída na rede pública para mulheres e homens imunossuprimidos
(que vivem com HIV/aids, estão em tratamento oncológico ou realizaram
transplante de órgãos, etc.) até os 45 anos. Para esse grupo, a vacina é
oferecida em 3 doses, com intervalo 0, 2 meses e 6 meses. Em razão da baixa
adesão às campanhas de vacinação contra HPV e gargalos no acesso ao exame
Papanicolau, o Brasil apresenta alta incidência e mortalidade por câncer de
colo do útero.
Dados do estudo EVITA realizado
pelo Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) em parceria com o LACOG
demonstrou alguns motivos mais frequentemente relatados para a não realização
do Papanicolau: falta de vontade em 46,9%, vergonha ou constrangimento em
19,7%, e falta de conhecimento em 19,7%. Este estudo também demonstrou que a
baixa adesão ao papanicolau está associada a disparidades sociais, menor renda,
nível educacional e parceiro estável. Dessa maneira, a conscientização é
importantíssima e o conjunto de ações: vacina contra HPV, papanicolau e
tratamento precoce, são capazes de salvar vidas de mulheres, na sua maioria
jovens e economicamente ativas.
Campanha Setembro em Flor
- Com o objetivo de alertar a
população sobre os fatores de risco, sinais e sintomas precoces dos tumores
ginecológicos, buscando minimizar tratamentos, reduzir sequelas e salvar vidas,
o EVA idealizou para 2022 a campanha Setembro em Flor. Com inspiração no mês
que marca o início da primavera, a flor é adotada na campanha com as suas
pétalas tendo diferentes cores, cada uma representando um dos cinco tumores
ginecológicos (colo uterino, corpo uterino, ovário, vulva e vagina). A flor é
também um símbolo de vida, pureza, feminilidade, fertilidade, o que representa
bem a mulher.
A programação especial da
campanha inclui um Workshop de acolhimento de pacientes, no dia 21, além do
lançamento dos dois primeiros episódios do EVA PODCAST e da cartilha sobre HPV.
Além disso, em 5 de setembro foi realizada a live “Como ser agente de prevenção
do câncer ginecológico”, voltada aos agentes comunitários (ACS) de saúde e
agentes de combate às endemias (ACE), em parceria com o projeto A CASA, do
Instituto de Pesquisa e Apoio ao Desenvolvimento Social
(IPADS), Confederação Nacional dos Agentes Comunitários de Saúde e de Combate
às Endemias (CONACS) e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde.
Tumores ginecológicos:
causas, sintomas e prevenção - Os
tumores ginecológicos se diferenciam quanto aos fatores de risco, conforme
local de origem. Se por um lado o câncer de colo do útero, como já
descrito, tem o HPV como fator causal, o câncer do corpo do útero (ou
endométrio) vem apresentando crescimento de incidência nos últimos anos
provavelmente por conta da obesidade. O câncer de corpo do útero é responsável
por cerca de 6.500 novos casos e pela morte de mais de 1800 mulheres/ano no
país. Infelizmente, não existe um método eficaz para rastreamento, hoje tem
como principal fator de risco a obesidade, mas os principais sintomas são
sangramento uterino anormal e desconforto pélvico, que podem alertar à mulher
para necessidade de procurar por atendimento médico e assim, há mais chances de
diagnóstico e tratamento precoces.
O câncer de ovário é o segundo
tumor ginecológico maligno mais comum e é o que apresenta a menor taxa de
sobrevivência entre os cânceres femininos. É chamado de tumor silencioso, por não
apresentar sintomas específicos e ausência de métodos eficazes de rastreamento.
Alterações genéticas podem estar presentes em 25% das pacientes com câncer de
ovário e a história familiar de câncer de mama e ovário devem sempre ser sinais
de alerta. Os testes genéticos tornam-se importantes ferramentas não só para
definição de tratamento, mas para aconselhamento genético aos familiares.
Os cânceres de vulva e vagina são
tumores mais raros e que também possuem associação com infecção por HPV como
fator causal. A vacina contra o HPV e o exame ginecológico de rotina são os
pilares para prevenção e diagnóstico desses tumores em fases iniciais.
Apesar dos avanços em prevenção e tratamento, a taxa de mortalidade no Brasil
não tem diminuído satisfatoriamente devido a diagnósticos com doença avançada e
atraso para início do tratamento, conforme estudo recente de membros do EVA.
Sobre o Grupo Brasileiro
de Tumores Ginecológicos (EVA) –
O EVA é uma fundação sem fins lucrativos, composta em sua maioria por médicos, que
tem como missão o combate ao câncer ginecológico. Seu time, multiprofissional,
atua com foco na educação, pesquisa e prevenção, assim como promove apoio e
acolhimento às pacientes e familiares.
A idealização e a organização do
Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos foram iniciadas pela oncologista
clínica Angélica Nogueira Rodrigues, no Hospital do Câncer II do Instituto
Nacional de Câncer (INCA). A primeira reunião ocorreu em 12 de março de 2010 e
o nome Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos passou a ser utilizado a
partir desta data.
A primeira reunião para
nacionalização do grupo ocorreu no Congresso da Sociedade Brasileira de
Oncologia Clínica (SBOC), em 2013, na cidade de Brasília. O nome EVA foi
resultado de uma reunião neste evento e foi sugerido pela oncologista clínica e
coordenadora do grupo, Andréa Paiva Gadelha Guimarães. O oncologista clínico
Fernando Cotait Maluf é o diretor-presidente do EVA na gestão 2021-2022.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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precoce: https://www.inca.gov.br/en/node/1194
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6 - Eduardo Paulino, MD1,2; Andreia Cristina de Melo,
PhD1,2; Agnaldo Lopes Silva-Filho, PhD2,3; Luiza de Freitas Maciel, MD1,2; Luiz
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7 - Ferlay J, Colombet
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