Pesquisas revelam que, diariamente, os brasileiros passam em média entre 3 e 4 horas nas redes sociais. Instagram, Facebook, TikTok já viraram um cartão de visitas. A necessidade do afastamento social causada pela pandemia de Covid-19 fez com que o uso da internet aumentasse em mais de 40% no Brasil, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Muita gente acaba confiando nas redes sociais para “construir sua imagem” - pessoal ou profissional, sem perceber os riscos envolvidos em “construir a casa em um terreno alugado”. Dados indicam que, apenas no primeiro semestre do ano, foram registrados no Brasil mais de 2,6 bilhões de ataques cibernéticos, que vão desde a invasão a e-mails até a ameaça a grandes empresas.
O estrategista internacional em Personal Branding e sócio-diretor da Youbrand.Company, Henrique Alexandre, explica esse perigo: “Nem nossa marca pessoal, nem nosso negócio podem depender de qualquer canal que não seja de nossa propriedade. Há sempre riscos envolvidos, dos mais diversos. Desde hackeamento e comprometimento do histórico ou de dados próprios e de seguidores, até a restrição do canal de vendas. Tudo isso pode impactar nas estratégias e no negócio”.
Henrique lembra que já acompanhou casos de violação de dados, contas invadidas e perfis hackeados. "Começar do zero é também um grande estresse emocional. Segurança da informação é extremamente necessária, assim como, ter estratégia para a marca pessoal no ambiente digital”, aponta. Influenciadores ou microinfluenciadores devem sempre levar em conta o que aconteceria com seus modelos de negócios se o canal que utilizam for comprometido.
Estratégias para minimizar riscos
Uma dica do especialista é apostar na diversificação das redes sociais e ter um site próprio em boa hospedagem, sempre com backup. Além disso, utilizar ferramentas de CRM confiáveis no mercado para gerenciar o relacionamento com cliente, trabalhar transmídia (comunicação multiplataforma) com seus públicos, e ter uma cultura de segurança de dados, bem como, comportamento preventivo.
"Sobre a marca pessoal, ter uma estratégica com visão mais ampla e evitar a dependência de um único canal é fundamental. Também não se pode esquecer do off-line. O digital é um canal de ampliação de voz e de oportunidades, que vem para agregar e não substituir o off-line ou outros canais e formas de comunicar com o cliente, como whatsapp, email, mídia off-line e outras mídias alternativas”, observa Henrique Alexandre, que lembra: "Uma ligação ainda pode converter muitas vezes mais que um post com muitas curtidas e visibilidade. É preciso compreender o público e avaliar a estratégia”.
Investimento no off-line
Levando em conta todos esses riscos, é fundamental não depender exclusivamente do digital, mas investir também no networking por meio de presença em eventos, encontros de negócios, cursos e palestras presenciais, participar de associações, procurar almoçar ou tomar um café por semana ou mês com pessoas interessantes e diferentes. "Nem tudo são likes e comentários nas redes sociais. Ligue e ouça, converse, diga que se importa, pergunte: como vai?”, orienta o especialista.
Cuidados com a exposição da marca pessoal na internet
O advogado especialista em Direito Digital, Hélio Augusto Camargo de Abreu, alerta também para os cuidados que se deve ter quanto à exposição da vida pessoal e profissional nas redes sociais.
Fornecer somente informações verdadeiras
Cuidar para não se expor demais, lembrar que as informações disponibilizadas no mundo virtual se multiplicam e não são apagadas.
O anonimato é proibido, assuma a responsabilidade pelas suas postagens.
Não repostar mensagens de terceiros sem que checar a veracidade das informações.
Respeitar sempre a autoria, se não souber quem é o autor de uma mensagem que você for replicar, mencione “autor desconhecido”.
Cuide com as postagens que possam denigrir sua imagem pessoal, o inconsequente de hoje, sofre as consequências amanhã.
Em caso de uso indevido de dados pessoais, Abreu afirma que existem leis que protegem os cidadãos como a Lei de Stalking (Lei 14.132/2021), sancionada no início de abril e destaca principalmente como a legislação que alterou o Código Penal poderá ser aplicada nos casos de cyberstalking, quando a vítima é perseguida pelas redes sociais e internet. Além disso, o Marco Civil da Internet protege os direitos dos usuários de internet, e a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais - LGPD trata dos direitos dos titulares de dados pessoais no mundo físico e virtual.
Tipos de crime cibernético
O advogado também cita alguns crimes comuns na internet:
Fraude por e-mail e pela Internet.
Fraude de identidades, quando informações pessoais são roubadas e usadas.
Roubo de dados financeiros ou relacionados a pagamento de cartões.
Roubo e venda de dados corporativos.
Extorsão cibernética, que exige dinheiro para impedir o ataque ameaçado.
Ataques de ransomware, um tipo de extorsão cibernética.
Cryptojacking, quando hackers exploram criptomoedas usando recursos que não possuem.
Espionagem cibernética, quando hackers acessam dados do governo ou de uma empresa.