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ESTUDO INÉDITO MOSTRA SEGURANÇA CARDIOVASCULAR E BENEFÍCIOS DO USO DO IMPLANTE DE TESTOSTERONA EM MULHERES NA PÓS-MENOPAUSA

28/04/2023    Karla Cruz

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Na última quinta-feira, 20, foi publicado na revista Pharmaceuticals, os resultados da primeira pesquisa sobre os efeitos da aplicação de testosterona em mulheres na pós-menopausa. De acordo com o artigo, foram discutidos os dados de segurança e eficácia CV com a terapia com hormônio sendo feita de maneira subcutânea (STT).

Os responsáveis pelo estudo, Guilherme Renke (@endocrinorenke), sócio fundador do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), endocrinologista e médico do esporte, mestre em cardiologia e Francisco Tostes (@doutortostes), médico atuante em endocrinologia e sócio do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), apontam que foram analisados novos direcionamentos e aplicações de dosagens corretas, em centros especializados. Um dos critérios inovadores (IDEALSTT), leva em consideração o nível de testosterona total (T), a espessura da camada íntima da artéria carótida e o SCORE com base em 10 anos para o risco de doença cardiovascular (DCV) fatal.

“Apesar de todas as controvérsias, a terapia de reposição hormonal (TRH) com T ganhou destaque no tratamento de mulheres na pré e pós-menopausa nas últimas décadas. A TRH com implantes de hormônio testosterona silástico e bioabsorvível ganhou destaque recentemente devido à sua praticidade e eficácia no tratamento dos sintomas da menopausa e do transtorno do desejo sexual hipoativo”, cita o artigo. 

Em outra publicação, com o acompanhamento de pacientes com tratamento STT no recorte de 7 anos, mostra a segurança do procedimento, apesar do risco cardiovascular e a segurança do STT ainda serem imprecisos.

A pesquisa mostra que a diminuição da produção de hormônios androgênicos, como a testosterona em mulheres aos 40 anos, pode cair 50% em comparação às mulheres de 21 anos. Os sintomas da deficiência androgênica na pós-menopausa podem incluir:

Diminuição da memória, sensação de bem-estar e libido;
Redução da massa muscular e óssea;
Aumento da irritabilidade; 
Ansiedade;
Fadiga; 
Sintomas de depressão.

Histórico do tratamento:  

Desde a década de 1930, a terapia subcutânea com testosterona (STT) feita por meio de implantes silásticos ou bioabsorvíveis tem tido sucesso, de acordo com pesquisas utilizando doses entre 75 a 225mg. Em casos de tratamento do câncer de mama, doses mais altas de 500–1800mg têm sido usadas. 

Além disso, também tem o uso para sintomas de depressão pós-parto e fadiga no processo de lactação e puerpério, pois não é excretado no leite materno. 

“A terapia T sozinha, em doses fisiológicas, foi relatada como mais eficaz do que a terapia com estradiol (E2)-T ou E2 sozinho para aliviar os sintomas da pós-menopausa com a mesma segurança cardiovascular (CV)”.

Saúde cardiovascular:

O artigo aponta que, em 2006, a Endocrine Society publicou uma diretriz contra a terapia androgênica em mulheres. Essa posição foi baseada na ausência de critérios bem definidos para o diagnóstico de deficiência androgênica em mulheres. Outro ponto crítico foi a falta de estudos de segurança da administração de andrógenos a longo prazo em mulheres e a certeza da correlação entre sintomas sexuais e níveis plasmáticos de T. Além disso, como havia poucos estudos clínicos na época, a diretriz recomendava que mais estudos fossem realizados para indicar o uso de T no tratamento da deficiência androgênica.

O monitoramento da terapia T em mulheres é importante pois há diferentes taxas de liberação e absorção, que podem alterar a farmacocinética dos efeitos nos receptores androgênicos. Logo, o monitoramento constante é imprescindível para os resultados positivos.

A saúde cardiovascular é um dos pontos de atenção. Uma das bases do estudo, mostra que a testosterona tem diversas funções no corpo, e no que diz respeito às mulheres, não houve associação entre níveis endógenos de T em mulheres e Doença Arterial Coronariana (DAC), e outros estudos mostraram que pode ter um efeito protetor, como demonstrado por um meta-análise de ensaios clínicos randomizados.

“Estudos que observaram mulheres por até 2 anos mostraram que, com níveis de T na porção superior ou ligeiramente acima da faixa de referência para mulheres em idade reprodutiva, não há aumento de efeitos CV adversos, incluindo alterações na pressão arterial, viscosidade sanguínea, reatividade vascular, estados de hipercoagulabilidade e policitemia”.

Um ECR comparou mulheres com insuficiência cardíaca congestiva documentada que receberam terapia T por meio de um adesivo que libera 300 mg de T/dia com mulheres tratadas com placebo. As mulheres do grupo de tratamento T melhoraram em vários testes funcionais, como pico de consumo de oxigênio (VO2 máx), distância percorrida no teste de caminhada de 6 minutos, força muscular e resistência à insulina. O banco de dados disponível não mostra nenhuma evidência para apoiar que o tratamento com T em mulheres, em níveis fisiológicos ou ligeiramente acima, aumente quaisquer efeitos adversos relacionados ao risco de DCV.

A avaliação do risco CV na Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC) e na Sociedade Europeia de Aterosclerose (EAS) mostra a probabilidade de uma pessoa desenvolver um evento CV aterosclerótico durante um período definido. O risco absoluto de DCV expressa o efeito combinado de vários fatores de risco nessa estimativa de risco. Os dados do SCORE indicam o risco absoluto de eventos cardiovasculares que são divididos em risco baixo (SCORE calculado <1% para risco de DCV fatal em 10 anos), risco moderado (SCORE calculado > 1% e <5% para risco de DCV fatal em 10 anos). DCV) ou alto risco (SCORE calculado > 5% e <10% para risco de DCV fatal em 10 anos).

O risco de câncer de mama:

Evidências apoiam o efeito protetor da terapia T no tecido mamário. O impacto a longo prazo da terapia biossimilar T não mostrou aumento na incidência de câncer de mama. A terapia está relacionada a um menor risco de câncer de mama em mulheres na pré e pós-menopausa.

Após duas análises nos últimos anos, 3.644 mulheres na pré e pós-menopausa tratadas com STT foram avaliadas na primeira pesquisa numa perspectiva de 10 anos, e o resultado mostrou uma redução de 39% nos casos do câncer em comparação com as expectativas. A segunda pesquisa, com perspectiva de 9 anos, chegou a 35,5% de redução.

Condições de uso para o tratamento:

De acordo com o estudo, barreiras significativas ainda existem para o uso de implantes T. A primeira refere-se ao uso do próprio T. A principal crítica é a ausência de critérios diagnósticos e doses terapêuticas estabelecidas em mulheres na pré e pós-menopausa. O segundo ponto, já relacionado aos implantes, refere-se à falta de padronização das doses terapêuticas e estudos de segurança sobre a taxa de liberação de hormônios dos dispositivos implantados. Existe também uma preocupação significativa em relação ao uso excessivo ou inapropriado de TRH, especialmente em altas dosagens. No entanto, apesar da posição conservadora dos diversos órgãos (Endocrine Society nos EUA e SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo) no Brasil) em relação aos implantes hormonais, muitos médicos criticam ou discordam dessa postura.

“Nossa experiência clínica no Nutrindo Ideais Centro de Pesquisa em Performance e Nutrição chega a quase dez anos de utilização de terapias com STT. Nossos registros mostram que ele foi usado em mais de 2.500 pacientes tratados com dados preliminares sobre taxa de continuação, complicações e benefícios terapêuticos semelhantes aos publicados em estudos recentes. Assim, propomos e recomendamos alguns critérios (IDEALSTT) que consideramos inovadores de acordo com nossa grande experiência clínica e ensaios anteriores”.

Os critérios seriam:

Use uma dosagem mínima de 100 mg no STT inicial;
Usar a dosagem máxima de 2,5 a 3 mg/kg no STT;
Apesar do número mais significativo de estudos com implantes absorvíveis, recomendamos o uso de implantes silastic devido à ausência de pico ou liberação hormonal inicial significativa, ausência ou menor risco de extrusão e possibilidade de interrupção ou remoção dos implantes;
Não iniciar a abordagem terapêutica da TRH com o STT; sempre faça um teste terapêutico com gel transdérmico antes de usar os implantes;
Considerar manter T total no sangue entre 50 e 250 mg/dL.

Em relação ao risco CV, os dados da terapia T em mulheres ainda são escassos. No entanto, HRT com T reduz numerosos fatores de risco CV, incluindo resistência à insulina, redução da gordura visceral e melhora da composição corporal. Assim, mais estudos randomizados com STT são necessários para avaliar o risco CV em mulheres.

A conclusão do estudo mostra que a segurança CV do STT com dose mínima de 100 mg e dose máxima de 3 mg/kg é adequada no tratamento de mulheres, apresentando poucos efeitos colaterais se realizado corretamente. “Para considerar a terapia STT, propomos e recomendamos critérios inovadores (IDEALSTT) de acordo com o nível T total, espessura íntima-média da artéria carótida e SCORE calculado para um risco de 10 anos de DCV fatal. Pode haver um benefício CV secundário com a terapia T em mulheres”. 

As dosagens do STT devem ser individualizadas, respeitando mais o peso e a sintomatologia da mulher do que os níveis laboratoriais. Ensaios clínicos randomizados mais extensos são necessários para avaliar a segurança a longo prazo desse tratamento.

REFERÊNCIAS:

ESTUDO PUBLICADO 20/04/2023 - Segurança cardiovascular e benefícios da terapia com implantes de testosterona em mulheres na pós-menopausa: onde estamos? Por Guilherme Renke e Francisco Tostes - https://www.mdpi.com/1424-8247/16/4/619

ESPECIALISTAS ALLURE PRESSES (@allurepresses): 

Guilherme Renke (@endocrinorenke), sócio fundador do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), endocrinologista e médico do esporte, mestre em cardiologia. 
Sócio fundador do Instituto Nutrindo Ideais, médico formado pela Universidade Estácio de Sá, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Médico do Esporte com Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, Pós Graduado em Cardiologia pelo Instituto Nacional de Cardiologia do Rio de Janeiro, Mestre em Cardiologia (INC). Também possui aprimoramento em Endocrinologia pela Harvard Medical School, Post Graduate Course Obesity Medicine (Boston, EUA) e pelo American Board of Obesity Medicine (EUA). Dr. Renke também é pesquisador aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro - FAPERJ (Inovações no esporte 2012).

Francisco Tostes (@doutortostes), médico atuante em endocrinologia e sócio do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais).
O médico endocrinologista e sócio do Instituto Nutrindo Ideais, maior clínica multidisciplinar do Brasil, Dr. Francisco Tostes (@doutortostes) é graduado há mais de 14 anos em medicina pela Faculdade Souza Marques e tem como foco de atuação a melhora na qualidade de vida de seus pacientes, seja através da prevenção ou empregando o que há de melhor no tratamento de doenças e outros problemas.
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