Emanuel Schumacher Pereira e Lucas de Oliveira Woehl,
estudantes do Ensino Médio do Colégio Bom Jesus Diocesano, de Lages,
descobriram o potencial cicatrizante e antibactericida do óleo da arnica da
serra, uma planta comum na região. O objeto de estudo fez parte da pesquisa
realizada nas aulas de Iniciação Científica do Colégio. Os alunos também já
criaram, em 3D, um curativo em que o óleo da planta poderá ser utilizado na
pele após novas pesquisas. A equipe vai apresentar o projeto na Feira Brasileira
de Ciência e Engenharia (Febrace), em São Paulo, entre os dias 19 e 23 de
março.
Os
estudantes iniciaram o projeto de Iniciação Científica em 2019, com a pesquisa
teórica sobre a planta, com o auxílio inicial da professora orientadora Chayane
Cristina de Souza. Por meio da análise fitoquímica, eles descobriram quais
compostos da arnica da serra (Senecio oleosus) teriam potencial
para cicatrização e para evitar a proliferação de fungos e bactérias na região
machucada. A planta é conhecida e utilizada em extrato hidroalcoólico pelas
comunidades interioranas para tratamento de hematomas e lesões na pele –
a ideia seria comprovar essas hipóteses.
No
ano de 2022, o projeto foi aperfeiçoado com a parceria do campus da
Universidade Federal de Santa Catarina da cidade de Curitibanos, com a
coorientação do professor doutor Cristian Soldi. O professor do Colégio Bom
Jesus Diocesano e orientador dos alunos, Daniel Marinho, explicou que no
laboratório da faculdade foi possível realizar a análise fitoquímica do óleo essencial
das flores e folhas da planta, o que confirmou as hipóteses levantadas na
pesquisa. Entre os 35 compostos encontrados, ficou comprovada a presença
de componentes que possuem propriedades cicatrizantes, bactericidas,
antifúngicas e antineoplásicas ? inibem o crescimento de
tumores.
Os
trabalhos da Iniciação Científica do Colégio Bom Jesus trazem grandes
aprendizados aos estudantes, que precisam seguir toda a metodologia de uma
pesquisa científica para desenvolver trabalhos de qualidade e de
credibilidade. E, como na maior parte delas, o processo de investigação
foi desafiador. Lucas conta que a tomada de decisões no início (verificar onde
encontrar a planta, o que estudar dela, entre outras) e o rigor da metodologia
foram difíceis. “Tínhamos de colher a planta no período e horário certos,
para que houvesse o aroma mais forte, o que indica teoricamente maior
rendimento de óleo. Depois, tivemos a fase de separação de flores e folhas, a
extração dos respectivos óleos”, detalha Lucas. Em seguida, veio a fase da
análise fitoquímica e a posterior identificação dos componentes”, relata o
estudante.
Emanuel
ressalta que um dos objetivos da pesquisa era criar algo inovador. “Não existe
no mercado um curativo com princípio bioativo da planta estudada”, observa. Os
alunos reiteram que a presença de propriedades curativas, apesar de especulada,
nunca havia sido comprovada cientificamente. Para eles, o rigor científico com
o auxílio da universidade fechou com chave de ouro a primeira etapa da
pesquisa, que comprovou o que eles desejavam. “Agora vamos desenvolver o
curativo com o gel cicatrizante tendo como base o modelo em 3D”, afirma
Emanuel. A equipe quer dar continuidade às pesquisas não somente
com o curativo: a ideia é ir além e separar compostos que tenham poder de
tratamento de outras doenças bem como patentear a ideia.