Não é de hoje que os especialistas
alertam sobre o uso de substâncias hormonais anabolizantes para fins estéticos.
No mês de conscientização e prevenção ao Acidente Vascular Cerebral (AVC) e
também à saúde da mulher, o Instituto de Neurologia de Curitiba (Hospital INC)
chama a atenção para esse comportamento de risco na população feminina. Em
busca de definição muscular e menos gordura corporal, muitas mulheres têm
utilizado anabolizantes, aumentando consideravelmente o risco de AVC, infarto
do coração, tromboses e até problemas neuropsiquiátricos.
Aplicados através de dispositivos
implantados sob a pele, os hormônios anabolizantes, conhecidos popularmente
como “chip da beleza”, são liberados lentamente e seus efeitos podem durar
meses. É válido lembrar que, diante do uso indiscriminado desta substância, no
final do ano passado, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia emitiu um
parecer informando à população que o uso destes implantes não é um
tratamento médico reconhecido, rechaçando o uso para fins
estéticos. “O preço a se pagar pelo uso de anabolizantes pode ser a própria
vida. Essa situação vem se tornando muito comum entre as mulheres, que estão
usando por indicação de leigos ou até mesmo seguindo uma prescrição médica”,
observa a neurologista e diretora Clínica do Hospital INC, Vanessa Rizelio.
Não existem dados oficiais no Brasil, mas nos
Estados Unidos há uma estimativa que o uso de anabolizantes ocorra em 6,4% dos
homens e 1,6% das mulheres. Segundo a neurologista do INC, estes hormônios
promovem alterações no metabolismo do colesterol produzido pelo fígado,
aumentando a fração LDL do colesterol, chamado “colesterol ruim”, o qual pode
ser depositado nas paredes das artérias e formar placas de gordura (ateromas),
provocando falhas na circulação de diversos órgãos. “Em poucos meses de uso já
ocorre este efeito e o resultado pode ser um AVC ou um infarto. A pessoa pode
desenvolver pressão arterial alta e é possível que estes hormônios aumentem o
músculo do coração, provocando cardiopatia hipertrófica e risco aumentado para
infarto e insuficiência cardíaca”.
O AVC é a doença que causa as maiores incapacidades
neurológicas e sequelas, muitas vezes, irreversíveis. O paciente pode
permanecer incapaz de falar ou se comunicar, perder a capacidade de locomoção
por fraqueza de membros ou por desequilíbrio corporal, perder a visão e, até
mesmo, ter redução da capacidade de memória e raciocínio. “Pessoas jovens que
sofrem um AVC grave deixam de aproveitar décadas de vida em família e
comunidade. Isso sem contar que muitos pacientes morrem devido à doença ou as
suas complicações”. Mulheres, de todas as faixas
etárias, correm mais riscos de sofrer um AVC do que os homens, isso porque
elas têm mais fatores de riscos como diabetes, arritmia cardíaca, enxaquecas e
depressão.
Sociedades médicas não recomendam suplementação de
testosterona
Anabolizantes são substâncias desenvolvidas a
partir da molécula da testosterona, hormônio sexual predominante nos organismos
masculinos. Nas mulheres, os hormônios sexuais predominantes são o estrogênio e
a progesterona, porém existe uma quantidade pequena de testosterona circulante
produzida pelas glândulas suprarrenais. Diferente dos homens, os níveis baixos
deste hormônio nas mulheres não têm efeito clínico relevante. Portanto, não há
recomendação das sociedades médicas para
suplementação ou reposição de testosterona ou derivados, nem mesmo para
mulheres em menopausa, segundo Dra Vanessa Rizelio.
A testosterona e os seus derivados anabolizantes
atuam no organismo aumentando a massa muscular e a força dos músculos, bem como
melhora o desempenho em testes físicos. “Tanto que todas estas substâncias
fazem parte das listas de medicamentos proibidos para atletas profissionais nos
testes anti-doping. Nas mulheres, além do ganho de massa muscular, podem
reduzir o acúmulo de gordura localizada. É uma proposta tentadora em tempos nos
quais a imagem de celebridades mostrando seus corpos nas mídias dissemina
comportamentos de busca desenfreada pela beleza”. As mulheres que usam
anabolizantes ainda podem sofrer os efeitos masculinizantes deste hormônio,
como engrossamento da voz, aumento dos pelos na face e calvície, além da acne e
aumento de irritabilidade.
Ação de conscientização na filial do
Jockey Plaza
No período de 27 de outubro a 4 de
novembro, o Hospital INC vai promover uma ação especial de conscientização
abordando três temáticas importantes da saúde: a prevenção do AVC, a saúde da
mulher e o Novembro Azul. A instituição estará com um estande montado no Jockey
Plaza, no Piso S1, próximo ao acesso A do shopping, para levar informações e
esclarecimentos para a população. A ação ainda conta com uma agenda de 12
palestras com médicos especialistas, sempre no período da tarde, em frente à
filial do INC Jockey (localizada no Piso L2). O endereço do Jockey Plaza
Shopping é Rua Konrad Adenauer, 370, Tarumã.