Inovação, sustentabilidade, tendências
e tecnologia na indústria têxtil. Estes foram os temas em debate no Seminário
Internacional de Tendências e Tecnologias Têxteis promovido pelo SENAI e
realizado nesta quarta-feira (14) em Blumenau. O evento contou com a
participação de especialistas nacionais e estrangeiros, que apresentaram
experiências com transformação digital, indústria 4.0 e novas tecnologias
aplicadas ao segmento têxtil.
Na abertura do evento, o
vice-presidente da FIESC para o Vale do Itajaí, Ulrich Kuhn, destacou que o
debate mostra a relevância de olhar para o futuro da indústria têxtil e mostra
a relevância do Vale do Itajaí: “Esse evento simboliza a importância que o
nosso estado, e em especial a nossa região, têm no setor têxtil, e simboliza
também a importância desse núcleo de conhecimento que está se formando, e esse
nosso passo de hoje é um passo muito importante no processo”.
O reitor do Centro Universitário SENAI,
Fabrizio Machado Pereira, destacou que a indústria têxtil catarinense é
reconhecida pela capacidade de se reinventar, mas também por ser um dos motores
da economia no estado com o maior índice de empregabilidade na indústria de
Santa Catarina, forte impacto na geração de emprego e renda e líder nacional na
cadeia de produção têxtil, à frente de mercados importantes como o de São
Paulo.
“De acordo com dados do próprio
Observatório da Fiesc mostram que a indústria têxtil catarinense teve 160 mil
empregos formais gerados em 2021, é o primeiro lugar no estado; 9 mil
estabelecimentos mostram a pujança desse setor que também tem avançado e
contribuído muito na balança comercial do Estado com R$ 300 milhões em
exportação no ano passado, que em termos de valor bruto superam a casa dos R$
25,5 milhões, ou seja, é determinante o futuro desse setor para o estado de
Santa Catarina”, pontuou Pereira.
Troca de conhecimento
O ciclo de palestras começou com o
doutor em Engenharia e diretor do Maturity Center, da Alemanha, que discorreu
sobre a Indústria 4.0 e a transformação digital nas indústrias. O especialista
destacou que é importante entender a aplicação do conceito 4.0 nas empresas e
fazer com que as soluções se tornem, de fato, mais eficientes: “É preciso
pensar nisso como a convergência do mundo físico em digital, e não apenas
trazer mais robôs para o chão de fábrica, integrando digitalmente os processos
usando bases de dados e criando um novo paradigma de gestão industrial, da
maneira como nós trabalhamos juntos e ainda na cultura da empresa. Os efeitos
esperados da Indústria 4.0 é que se utilizem os dados para as empresas gerarem
conhecimentos e tomarem melhores decisões guiadas por esses dados”,
apontou.
Na sequência, Christian Boltersdorf,
gerente de produção de tecidos no Institut Für Textiltechnik (ITA), também da
Alemanha, falou sobre quais devem ser as preocupações das empresas para
continuar crescendo na palestra “As tendências e os desafios no futuro próximo
para a indústria têxtil e por que a transformação digital é tão importante?”,
destacando a sustentabilidade e as estratégias de conformidade que as empresas
deverão perseguir nos próximos anos. “A sustentabilidade é um dos pontos mais
importantes, pois as informações relacionadas ao têxtil e à moda são quase
sempre negativas, sobre produção de resíduos, super produção das fast fashions,
meio ambiente, então as estratégias, que vão orientar as leis sobre esse tema,
caminham muito nesse sentido”, afirma.
De acordo com Boltersdorf, muitas das
estratégias que já estão em andamento na Europa - que é o continente com
a regulamentação mais adiantada em relação ao tema - têm impacto global e focam
em temas determinantes: reciclagem, fim do fast fashion, reuso, reparo e
tratamento de resíduos têxteis, entre outros.
A terceira palestra do seminário foi
ministrada pelo coordenador do Instituto SENAI de Inovação em
Biossintéticos e Fibras, Adriano Passos, que falou sobre as novas aplicações e
tecnologias de produtos têxteis no cenário nacional e internacional. O
especialista apresentou a aplicação das fibras têxteis para além da confecção e
que se apresentam como oportunidades de inovação. “São setores como a
construção civil, o setor militar, o de têxteis inteligentes que teve um
crescimento importante por conta da pandemia, enfim, tudo isso pode ser trabalhado
em espaços como a rede SENAI, que tem uma rede de laboratórios e profissionais
que se dedicam a esse tipo de pesquisa’, explica.
Passos também apontou fatores que vão
impactar cada vez mais as aplicações tecnológicas de fibras têxteis, como materiais
de fontes renováveis, certificações diferenciadas, trocas de formulações e
novos processos de obtenção e desenvolvimento de produtos.
Responsável por finalizar o momento de
palestras, o Coordenador de Serviços de Consultorias Têxteis do Instituto SENAI
de Tecnologia Têxtil e Confecção, Gilson Leite, discorreu sobre as tendências
de conformidade de produtos têxteis no mundo. Sendo um setor cada vez mais
vigiado, seja por governos, empreendedores e até mesmo pelo próprio consumidor,
o setor precisa conhecer e se adequar às determinações de conformidade - sejam
elas legais, técnicas ou de nicho - explica Leite. Mais uma vez, as ações que
acontecem na Europa se tornam o balizador para o resto do mundo, por isso é
preciso estar atento e, se possível, se adiantar às adequações.
“Isso passa por vários níveis:
processamento, modelos de negócios, políticas públicas - que vão definir as
regras - educação e até a questão comportamental, porque é preciso mudar a
cultura. Se o Brasil tivesse uma campanha massiva na TV que mostrasse os impactos
da produção têxtil e porque é importante rever os modelos, iríamos começar a
ver alguma mudança. Na Europa tem, e por isso as mudanças mais significativas
já estão sendo sentidas”, avaliou.
O evento contou ainda com uma mesa
redonda onde os quatro palestrantes responderam a questionamentos da audiência.
O Seminário Internacional de Tendências e Tecnologias Têxteis foi promovido
pelo SENAI, com apoio da Federação das Indústrias (FIESC), da Câmara de
Desenvolvimento da Indústria Têxtil, Confecção, Couro e Calçados, do Sindicato
das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de Blumenau (Sintex) e do
Santa Catarina Moda e Cultura (SCMC).