A incidência de infecções
causadas por micobactérias não tuberculosas (MNT), microrganismos que colonizam
o solo e a água, tem aumentado com o decorrer do tempo e diagnosticá-las
corretamente é cada vez mais importante. Anteriormente denominados também como
micobactérias atípicas, a doença causada por esses microrganismos pode ser
confundida com tuberculose e os indivíduos imunocomprometidos são os mais
prejudicados, como aqueles que realizaram transplantes, tratamentos oncológicos
e possuem doenças autoimunes.
“Como essas micobactérias não
tuberculosas vivem no meio ambiente, dependendo da região geográfica,
encontramos diferentes espécies e isso resulta em uma variação na questão da
incidência dessas doenças. No Brasil, regiões que estão no litoral têm uma
incidência diferente daquelas que estão no interior, exatamente pelo fato de
termos clima, umidade e temperatura diferentes. Há espécies que gostam mais de
determinado clima do que de outro”, explica Érica Chimara, diretora
técnica e pesquisadora do Núcleo de Tuberculose e Micobacterioses do Instituto
Adolfo Lutz.
Embora nem todas as 195 espécies
de micobactérias não tuberculosas sejam patogênicas e sua magnitude não seja
totalmente compreendida, elas são relevantes do ponto de vista da saúde
pública, pois podem provocar diversas doenças. Além disso, ao serem confundidas
com a tuberculose, frequentemente geram sequelas pulmonares irreversíveis e
irreparáveis e retratamentos por recidiva, ressalta o Ministério da Saúde. Para
minimizar os danos causados pelas MNT, a Mobius Life Science desenvolveu testes
moleculares de alta sensibilidade que diferenciam a tuberculose das
micobactérias mais frequentes em seres humanos.
Ao contrário dos testes
convencionais, o GenoType Mycobacterium CM e o GenoType
Mycobacterium AS (RUO) apresentam resultados rápidos e precisos a
partir de amostras de cultura, possibilitando a adequação do tratamento dos
pacientes e evitando a piora das infecções. O GenoType Mycobacterium CM é
baseado na tecnologia de PCR e DNA-STRIP e detecta o complexo M.tuberculosis e
24 espécies de MNT clinicamente relevantes em um único procedimento. Guiado
pela mesma tecnologia, o GenoType Mycobacterium AS (RUO)
detecta o complexo M.tuberculosis e 19 espécies de MNT em um
único processamento. A alta sensibilidade de ambos permite até mesmo a detecção
de culturas fraco-positivas e culturas mistas de micobactérias de crescimento
rápido e lento.
Doença pulmonar e
linfadenite estão entre as patologias causadas pelas micobactérias não
tuberculosas
As espécies de MNT têm sido
isoladas de diversas fontes ambientais (água, solos, poeiras e materiais
vegetais) e/ou de animais e as infecções podem ser adquiridas diretamente do
meio ambiente, pelo contato com materiais contaminados ou por inalação de
aerossóis de matérias contendo os microrganismos. Assim, as micobactérias podem
estar presentes em redes de distribuição de água, encanamentos e sistemas de
água de hospitais, centros de hemodiálise, e em materiais de centros cirúrgicos
e consultórios dentários devido à grande resistência aos agentes
desinfetantes utilizados.
As manifestações clínicas são
inespecíficas e incluem principalmente falta de ar (dispneia), tosse com
secreção, febre, diminuição da força física (astenia) e tosse com sangue e
escarro (hemoptise). Entre as principais enfermidades geradas pelas
micobactérias não tuberculosas, estão a doença pulmonar, doença disseminada,
linfadenite, doença cutânea, subcutânea e óssea, ceratite (inflamação da
córnea) após procedimentos cirúrgicos e infecções de tecidos moles. O
tratamento leva, no mínimo, um ano e varia conforme a espécie de
micobactéria. Como não existe um sistema de notificação obrigatória de
micobactérias no Brasil, exceto quando elas ocorrem após procedimentos
invasivos, há poucos dados oficiais sobre o tema. O Sistema de Informação de
Tratamentos Especiais da Tuberculose (SITE-TB) registrou 2.731 casos novos de
doença pulmonar provocada por MNT entre 2013 e 2019, sendo que a micobactéria
com maior incidência no período foi a M. kansasii, com 622 casos,
seguida de espécies do Complexo M.Avium e do Complexo
M. abscessus, com 612 e 339 casos, respectivamente.
A região Sudeste teve o maior
número de notificações, com 1.555 casos novos, sendo que os estados de São
Paulo e do Rio de Janeiro reportaram 914 e 465 casos novos, respectivamente. A
região Sul notificou 461 casos novos e 213 deles ocorreram no Rio Grande do
Sul. Já o Nordeste notificou 374 casos novos, o Norte registrou 215 casos novos
e o Centro-Oeste reportou 126 casos novos.
Teste padrão não realiza
diagnóstico assertivo
Um dos principais métodos de
diagnóstico para detectar micobactérias é a baciloscopia. No entanto, o exame
detecta apenas o bacilo e não realiza a diferenciação entre as espécies de
micobactérias.
“Quando fazemos uma baciloscopia
e visualizamos o bacilo, o médico entra com o tratamento padrão para
tuberculose. Depois é feita a identificação e é verificada qual é essa
micobactéria. A maioria é tuberculose, mas pode ser outra. O médico
precisa fazer uma mudança de diagnóstico e, dependendo de qual for a espécie
identificada, vai adequar o tratamento. O tratamento para tuberculose não será
eficiente, ele não vai matar essa bactéria caso seja uma micobactéria não
tuberculosa. Por isso, existe a importância da identificação. Usamos os kits de
identificação como os proporcionados pela Mobius porque determinadas espécies
possuem um determinado tipo de tratamento”, esclarece Érica.
Com a ineficácia do tratamento, a
tendência é que os profissionais acreditem que se trata de uma tuberculose
resistente a medicamentos e o paciente não será curado porque não receberá o
protocolo indicado. “É imprescindível que seja feita a identificação da
micobactéria. Os kits da Mobius identificam as micobactérias mais frequentes.
Elas são naturalmente resistentes ao esquema terapêutico usado para a
tuberculose. Enquanto o tempo de tratamento para a tuberculose é de seis meses,
para as micobactérias é de pelo menos um ano”, completa.
Surtos infecciosos em
ambientes hospitalares
Além de uma variedade de doenças,
as micobactérias não tuberculosas acarretam surtos infecciosos em hospitais. De
acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), muitos relatos
de surtos de infecções iatrogênicas (decorrentes de tratamentos médicos) têm
sido reportados. Eles são associados à água contaminada utilizada na limpeza de
instrumentos médicos.
“Temos um problema bem grande
quando falamos de micobactérias não tuberculosas e de contaminação em
hospitais, por procedimentos cirúrgicos e estéticos. Já tivemos vários surtos
no Brasil porque a micobactéria está no meio ambiente e, se não tiver um
material cirúrgico esterilizado, podemos colocar a micobactéria naquele
paciente que está se submetendo àquele procedimento por meio dos instrumentos.
Por exemplo: já tivemos muitos surtos em cirurgias oculares porque o
instrumental do médico passa por uma desinfecção que mata bactérias e vírus,
mas muitas micobactérias sobrevivem àquele período de tempo e à temperatura
usada no processo. Em cirurgias de redução de estômago, lipoaspiração, em que o
material teve uma descontaminação de alto nível, a substância química
normalmente mata vírus e bactérias, mas não mata as micobactérias não
tuberculosas. Para evitar a contaminação do paciente, é preciso fazer a
esterilização completa do material. A Anvisa já fez modificações em processos
de esterilização por conta desses surtos”, salienta Érica.
De acordo com a Anvisa, entre
1998 e maio deste ano, foram identificados 3.042 casos de micobactérias não
tuberculosas de crescimento rápido (MCR), que causam a maioria dos eventos
adversos relacionados aos cuidados com a saúde. Os principais sintomas
verificados nos pacientes atingidos pelas MCR foram secreção, dor, manchas
vermelhas na pele, alteração na circulação sanguínea, edema e dificuldade de
cicatrização. Em relação à distribuição de casos, a maioria ocorreu em
mamoplastias com colocação de prótese, lipoaspiração e injeção de enzimas
subcutâneas. A micobactéria que mais predominou foram as pertencentes ao Complexo
M.fortuitum, seguida pelo Complexo M.abscessus.
Entre 2014 e 2021, 92% dos casos
ocorreram no sexo feminino e isso se explica porque a maioria é relacionada a
procedimentos estéticos, que são realizados principalmente por mulheres. A
mamoplastia com colocação de prótese foi responsável por 57% das notificações.
A Anvisa destacou que existe uma subnotificação dos casos e isso gera uma
vigilância deficiente das infecções, prejudicando a adoção de medidas de
prevenção e controle das micobactérias.
Sobre a Mobius Life
A Mobius Life Science faz parte
de um grupo sólido de empresas com mais de 25 anos de atuação e grande expertise no
mercado. Desenvolve e comercializa produtos destinados ao segmento de medicina
diagnóstica, fornecendo kits para extração de ácidos nucleicos, sorologia e
também para diagnóstico molecular in vitro de doenças infecciosas, oncologia e
genética. Mais informações, acesse www.mobiuslife.com.br.