Cereais como trigo,
centeio e cevada, sempre foram um alimento básico da dieta de milhares de
pessoas do mundo todo. Na última década, a ingestão de glúten, presente nestes
cereais, tem sido associado a distúrbios clínicos, como doença celíaca, alergia
ao trigo e sensibilidade ao glúten não celíaca.
O glúten refere-se
a uma família de proteínas conhecidas como prolaminas (principalmente glutenina
e gliadina) que constituem a proteína de armazenamento no endosperma amiláceo
de muitos grãos, como trigo, cevada e centeio. “Cada tipo de grão de cereal
contém diferentes quantidades de glúten e as frações proteicas consideradas
alergênicas incluem gliadinas e gluteninas.” esclarece a médica nutróloga Dra.
Marianna Magri.
Por este motivo,
houve um aumento considerável na popularidade das dietas sem glúten,
tornando-se o hábito alimentar mais moderno nos Estados Unidos. As alegações
dos consumidores é que, eliminar o glúten da rotina alimentar ajuda na perda de
peso e na melhora do bem-estar geral. Embora haja claramente um componente de
moda para as dietas sem glúten, também há evidências indiscutíveis e crescentes
de problemas relacionado à ingestão de cereais contendo gliadinas e gluteninas
como doença celíaca (DC), sensibilidade ao glúten não celíaca e alergia ao
trigo.
Uma dieta sem
glúten é o tratamento mais seguro e eficiente para pacientes com estes
distúrbios, no entanto, nos últimos anos, a exclusão do glúten é uma das dietas
que vem sendo usada para outras condições clínicas, como, síndrome do intestino
irritável (SII), autismo, doenças neurológicas e reumatológicas, obesidade e
até para melhorar a performance esportiva.
Marianna Magri
explica que à medida que "ficar sem glúten" se tornou popular, é
importante que a população tenha conhecimento dos verdadeiros distúrbios
relacionados ao glúten. Isso é importante para minimizar possíveis complicações
de viver sem glúten sem necessidade e para ajudá-los identificar possíveis
problemas relacionados a estes alimentos.
INTOLERÂNCIA AO
GLÚTEN
O termo “intolerância
ao glúten” inclui três condições diferentes:
• doença celíaca
(DC)
• alergia ao trigo
(AT)
• sensibilidade ao
glúten não celíaca (SGNC).
Embora esses
distúrbios possuam sintomas semelhantes, há uma série de diferenças entre elas.
ALERGIA AO TRIGO
A alergia ao trigo
mediada por imunoglobulina (IgE) é outra doença relacionada ao glúten
relativamente rara. É definida como uma reação imunológica adversa às proteínas
do trigo. A AT é classificada em alergia alimentar clássica que afeta a pele, o
trato gastrointestinal o trato respiratório.
A alergia ao trigo
geralmente se desenvolve na infância. Quando um alérgeno se liga
especificamente a anticorpos IgE, ele induz a ativação de mastócitos e
basófilos. No caso do trigo, acredita-se que a alergia ocorra devido a uma
quebra na tolerância oral e como consequência da desregulação imune que induz a
sensibilização e a produção de IgE alérgeno específico de células B.
É importante
considerar que o trigo, além da gliadina, contém uma série de outros componentes
potencialmente bioativos que podem causar sintomas gastrointestinais, como
inibidores da amilase tripsina, oligo-dissacarídeos e polióis fermentáveis
(FODMAPs).
DOENÇA CELÍACA (DC)
- é um distúrbio permanente, crônico e sensível ao glúten, caracterizado por
lesão da mucosa do intestino delgado e má absorção em indivíduos geneticamente
predispostos. O início dos sintomas geralmente é gradual e caracterizado por um
intervalo de meses ou anos após a introdução do glúten.
SENSIBILIDADE AO
GLÚTEN NÃO CELÍACA (SGNC) – Ao contrário da doença celíaca, a SGNC não possui
teste diagnóstico específico disponível. A SGNC também conhecida como
sensibilidade ao trigo não celíaca, é um termo usado para descrever indivíduos
que NÃO são afetados pela doença celíaca ou alergia ao trigo, mas que
apresentam sintomas intestinais e/ou extra intestinais relacionados à ingestão
de glúten. Os sintomas da SGNC são semelhantes aos da doença celíaca e incluem
dor de estômago, inchaço, alterações nos movimentos intestinais, cansaço,
eczema ou erupção cutânea. A melhora destes sintomas acontece após a retirada
do glúten de sua alimentação.
Existem muitos
mitos sobre a dieta sem glúten, mas a única coisa certa é que ela oferece
enormes benefícios à saúde para pessoas com problemas relacionados ao glúten.
Aqui estão alguns dos benefícios para estas pessoas:
Melhora os níveis
de energia
“As pessoas que têm
sensibilidade ao glúten geralmente sofrem de fadiga crônica. Isso ocorre porque
o consumo de produtos com glúten danifica seu intestino, o que, por sua vez,
prejudica a absorção de vários nutrientes, incluindo o ferro. Esta deficiência
leva à anemia que resulta em fadiga. Mudar para uma dieta sem glúten restaurará
seu intestino e melhorará a absorção de nutrientes e seus níveis de energia.”
destaca a especialista.
Promove perda de
peso saudável
Os sintomas da
intolerância ao glúten incluem inchaço, dificuldade em perder peso, fadiga e
cansaço, isso porque está diretamente relacionada a lesões da parede
intestinal, onde o intestino acaba não absorvendo nutrientes como deveria. Uma
dieta sem glúten irá ajudá-lo a eliminar peso, bem como corrigir deficiências
nutricionais.
Elimina o inchaço
Marianna Magri fala
que se você tem doença celíaca ou intolerância ao glúten, é provável que
experimente excesso de gases e inchaço depois de comer alimentos que contenham
glúten. Quando você muda para uma dieta sem glúten, sentirá uma diferença
imediata, pois este desconforto digestivo desaparecerá e seu estômago ficará
visivelmente mais leve após a refeição.
Reduz a frequência
de dores de cabeça
Ao longo das
últimas décadas, os cientistas descobriram que o intestino e o cérebro estão
intimamente conectados e há vários estudos em andamento para descobrir as
implicações exatas dessa conexão intestino-cérebro. É claro que as pessoas com
intolerância ao glúten e doença celíaca são mais propensas a sofrer de
enxaqueca. No entanto, estudos mostram que mudar para uma dieta sem glúten pode
ajudar a reduzir a frequência destas crises.
Reduz a depressão
Pessoas com doença
celíaca são mais propensas a sofrer de depressão. No entanto, os pesquisadores
encontraram associação entre uma dieta sem glúten com sintomas mais leves de
depressão.
Melhora a saúde da
pele
As pessoas que têm
doença celíaca não diagnosticada ou intolerância ao glúten correm maior risco de
erupções cutâneas, incluindo eczema e psoríase. Seguir uma dieta sem glúten
pode ajudar a melhorar a saúde geral da pele e até mesmo eliminar esses
problemas.
Reduz a queda de
cabelo
“A doença celíaca,
intolerância ao glúten e alergia ao trigo têm sido associadas a deficiências
nutricionais que, por sua vez, causam queda de cabelo. Iniciar uma dieta sem
glúten pode ajudar a reverter esse quadro, aumentar a densidade e melhorar a
textura do cabelo." Finaliza a Dra. Marianna Magri.