Os gliomas são os tumores cerebrais malignos primários
mais frequentes em adultos, representam aproximadamente 80% de todas as
neoplasias do sistema nervoso central. Esse grupo de câncer ocorre no
cérebro e na medula espinhal e surge das células gliais, responsáveis por
proteger e sustentar os neurônios e ajudá-los a funcionar. Apesar de não serem
tumores tão frequentes quanto o câncer de mama, pulmão, próstata ou melanoma,
trata-se de uma doença muito complexa e desafiadora, cujo tratamento é difícil
e requer centro especializado e equipe interdisciplinar - com Neurocirurgia,
Oncologia e Radioterapia.
A boa notícia é que a ciência vem avançando
consideravelmente para diagnosticar, tratar e combater os gliomas. Hoje existem
basicamente três braços de tratamento para a doença. A cirurgia, que se aperfeiçoou
muito com a evolução tecnológica, nos últimos 30 anos, conta com recursos
modernos de monitorização eletrofisiológica e neuronavegação. As técnicas de
cirurgia com paciente acordado (ressonância intraoperatória) e de cirurgia com
fluorescência por 5-ALA são exemplos de evolução e sofisticação no combate aos
tumores cerebrais.
“Para tratar os gliomas também podemos lançar mão
da radioterapia, que se moderniza continuadamente, oferecendo tratamentos bem
localizados e mais seguros, e o tratamento sistêmico com quimioterapia ou
imunoterapia, que tem evoluído muito, apesar de ser muito difícil definir um
'alvo' para tratar esses tumores com remédio”, explica o neurocirurgião Dr.
Ricardo Ramina, chefe do Departamento de
Neurocirurgia do INC, e quem organiza anualmente o Simpósio de Gliomas no INC.
O evento internacional, on-line e gratuito será
promovido, neste sábado (27), por meio de transmissão no Canal do Youtube do
hospital. O Simpósio vai apresentar o que há de mais avançado para tratar os
gliomas, e contará com palestrantes e pesquisadores de centros de referência em
Neurooncologia da Alemanha, Austrália, Estados Unidos (EUA). “O INC realiza
esse evento desde 2017, porque há uma grande demanda de pacientes tratados de
tumores cerebrais, em média, são 300 casos operados na instituição, sendo cerca
de 50 casos de gliomas. O hospital é referência na América do Sul para
cirurgias desse tipo, tendo diversas publicações científicas e capítulos de
livros sobre o tema”, informa o neurocirurgião Erasmo Barros, lembrando que o
INC foi o primeiro centro brasileiro a realizar ressonância intraoperatória
(2005) e é o único da América Latina que realiza cirurgia de gliomas com
fluorescência por 5-ALA.
Sintomas
A incidência dos gliomas difusos de baixo
grau é de aproximadamente 1 caso para cada 100 mil pessoas, ao ano. No
entanto, a prevalência aumentou nas últimas décadas, visto que os pacientes
felizmente têm sobrevivido mais. Já os gliomas de alto grau são mais comuns e
correspondem a 2% de todos os cânceres e são mais frequentes em pessoas
com mais de 65 anos de idade. Também existe uma discreta predileção em homens,
numa proporção de 1,5 homem para uma mulher acometida pela doença. Já em
crianças, a incidência é muito baixa.
Os sintomas costumam variar de acordo com o tipo do glioma, tamanho,
localização no cérebro e velocidade com que o tumor está crescendo. De acordo
com o Dr. Erasmo Barros, os tumores agressivos, chamados de alto grau, tendem a
crescer muito rápido, enquanto que os de baixo grau aumentam mais lentamente.
Os sinais mais comuns em pacientes com gliomas são: dor de cabeça, náuseas e
vômitos, convulsões, confusão ou declínio cognitivo, alterações da memória,
alterações da personalidade ou irritabilidade, alterações, do equilíbrio,
dificuldades na fala, fraquezas em um dos lados do corpo com instalação
progressiva.
Annual INC - Symposium Gliomas
Data: sábado (27/11), das 9h às 13h
Gratuito
Sobre o Hospital INC
O Instituto de Neurologia de Curitiba
(INC) é uma instituição hospitalar referência no atendimento de pacientes
neurocirúrgicos, neurológicos e cardiológicos de alta complexidade. Possui o
centro neurocirúrgico mais tecnológico do Brasil, é pioneiro na América Latina
em obter tecnologias como GammaKnife – cirurgia cerebral sem corte – e o
primeiro a utilizar a ressonância magnética intraoperatória no país. Seu corpo
clínico é composto por mais de 300 profissionais responsáveis pelo atendimento
a pacientes de todo o Brasil e de diversos países da América Latina em
neurologia, neurocirurgia, cardiologia e cirurgia cardíaca, além de oncologia,
otorrinolaringologia, dermatologia, cirurgia digestiva, ortopedia, dentre
outras.