As mulheres empreendedoras já são mais
de 30 milhões no Brasil, segundo dados da Global Entrepreneurship
Monitor. O índice representa 48,7% do mercado
empreendedor. Conforme levantamento da Rede Mulher Empreendedora
(RME), houve um aumento de 40% no número de
novas empreendedoras em 2020, durante a pandemia. Neste ano, o Dia da Mulher
Empreendedora, comemorado em 19 de novembro, vem acompanhado de um cenário em
evolução quando se trata da participação feminina no empreendedorismo
brasileiro.
Christiane Schildwachter Buerger,
primeira mulher a chegar ao cargo de vice-presidente da Associação Empresarial
de Blumenau (Acib) e participante do Grupo Mulheres do Brasil, acredita que a
situação da mulher em nosso país ainda é muito vulnerável. Na opinião dela, o
empreendedorismo feminino pode ser uma saída para a independência financeira da
mulher.
"Para isso, é necessário estimular as meninas desde jovens, mostrar a
importância do estudo e incentivá-las. Elas precisam acreditar que é possível
ter uma vida melhor do que a realidade em que se encontram”, afirma.
Liderança feminina
A empresária, que é diretora presidente
da Ártico Indústria de Refrigeração, também observa que as mulheres ainda não
ocupam cargos de liderança de forma igualitária. “O percentual de mulheres que
fazem parte de conselhos de empresas no Brasil é baixíssimo. As mulheres são
pouco lembradas para esses cargos. Muitas mulheres sofrem limitações, tanto na
vida pessoal como profissional”, opina.
Carolina Valle Schrubbe, fundadora da
Quare Organizações, que saiu de um emprego público para empreender na área de
desenvolvimento de lideranças, acredita que um dos maiores desafios da mulher
empreendedora é a tendência à masculinização.
"Eu vejo que se posicionar como
mulher, demonstrando o diferencial que há no jeito feminino de trabalhar, é um
grande desafio’, ressalta.
Virando o jogo
Em um mundo corporativo ainda
predominantemente masculino, algumas empresas são exceção. A Presse
Comunicação, agência de assessoria de imprensa sediada em Blumenau e com
unidade em Tubarão (SC), foi fundada há 13 anos por duas sócias - Cristiane
Soethe Zimmermann e Fernanda Souza Momm - e tem o time formado apenas por
mulheres. Cristiane destaca alguns desafios enfrentados no dia a dia da mulher
empreendedora.
"A começar pela percepção social, que nem sempre é favorável às
mulheres. Ainda existe muito sexismo, muita gente ainda duvida da nossa
capacidade empreendedora. Além disso, um outro fator que pode ser uma barreira
para o empreendedorismo feminino é a nossa múltipla jornada. Tendo ou não uma
rede de apoio, nós acabamos abraçando muitas funções, acarretando uma
sobrecarga física e emocional”, relata. A empresária e jornalista começou a
empreender com 26 anos de idade e diz que foi preciso muito esforço e
persistência, sobretudo no início da carreira, para se posicionar como uma
jovem mulher empreendedora no mercado.
Fernanda conta que, ao abrir sua
primeira empresa aos 23 anos, um grande desafio foi entender o negócio como sua
carreira profissional. “Os jovens, especialmente as mulheres, não são
capacitados para serem empreendedores. Muitos saem da faculdade em busca de um
emprego com carteira assinada e deixam de lado oportunidades valiosas”,
comenta.
Destaque na área de TI
Irene da Silva também é um exemplo de
mulher que se posicionou em um ambiente que até pouco tempo era dominado pelos
homens. Ao lado do marido, Carlos D´Ávila, em 2006, fundou a Ellevo Soluções,
pioneira e referência nacional no desenvolvimento de soluções em tecnologia
para gestão de atendimento e serviços, automatização de processos, help desk,
service desk e serviços compartilhados. Em 2017, ela assumiu o papel de CEO com
o propósito evoluir a tecnologia e melhorar a experiência do cliente. Hoje,
algumas das empresas mais inovadoras no uso de TI no Brasil usam as soluções da
Ellevo, que está presente em 22 países, com unidades de negócios em Blumenau
(SC) e São Paulo (SP), além de escritório nos EUA.
Buscando o próprio espaço
Myrella Sabrina, à frente da rede
Portus Padaria Artesanal, acredita que o principal desafio para a mulher
empreendedora é buscar o seu espaço e a consolidação da trajetória que vem
sendo construída em todo o mundo pelas mulheres. "Estamos cada vez mais
capacitadas para fazer a diferença nas organizações, sobretudo como
empresárias, à frente de um negócio”, observa.