Com a pandemia
em andamento e muitos estudos realizados ao longo deste período, ficou
confirmado que as gestantes fazem parte de um grupo de risco e podem apresentar
complicações na gestação, principalmente se forem gestantes que possuem alguma
comorbidade associada como diabetes, hipertensão e obesidade. Entre os
milhares de casos de pacientes com Covid-19 na região da Amfri, estão também as
mulheres grávidas.
É natural que
a situação da gestação em meio à pandemia gere muita insegurança. O médico
Obstetra do Hospital Marieta, doutor Pedro Gonçalves de Souza,
traz informações para tranquilizar. Ele explica que as gestantes infectadas com
o coronavírus são recebidas em espaços separados dentro do hospital para evitar
os riscos de contaminação às pacientes grávidas à espera do atendimento na
maternidade.
E pontua que
as recomendações para as gestantes continuam sendo as mesmas dadas à população
em geral: evitar as aglomerações, ter cuidados em relação à higiene,
principalmente a das mãos, e o uso de máscara em todos os momentos.
“A gente sabe
que a gestação é um momento que traz muita ansiedade, estresse e até
insegurança. E a tendência é que a pandemia acabe piorando um pouquinho esses
sintomas nas gestantes. Então, as recomendações que eu posso dar é que procurem
conversar entre si em grupos virtuais e busquem medidas de controle do
estresse como os exercícios de respiração, meditação, prática de exercícios
físicos e controle da alimentação, visando potencializar o funcionamento do
sistema imunológico”, destaca o doutor Pedro Gonçalves de Souza.
No caso dos
recém-nascidos, novamente ele pondera que é importante evitar aglomerações.
Nada de visita de parentes neste momento. As videochamadas podem servir para
amenizar um pouquinho a saudade. E vale ressaltar que a rotina do recém-nascido
com as visitas ao médico pediatra, as consultas de acompanhamento e as vacinas
precisam ser mantidas para o bem-estar do bebê.
O que já se sabe
sobre gestação x Covid-19
Com a
Covid-19, aumentam as taxas de parto prematuro, crescem os números de restrição
do crescimento intrauterino e, em algumas situações, aumentam os riscos de
morte fetal e morte materna. Neste sentido, os protocolos do Ministério da
Saúde já definiram o monitoramento maior destas pacientes gestantes infectadas
pelo coronavírus.
“O sistema de
saúde está monitorando essas pacientes diariamente, seja por videochamada, por
contato telefônico e, quando possível, presencialmente. As pacientes também
precisam estar muito atentas aos sinais de piora clínica, principalmente da
parte respiratória. No primeiro sinal de desconforto respiratório, dificuldade
respiratória, febre persistente e sintomas que não cedem, é preciso procurar o
Pronto Atendimento nas unidades de saúde. A análise e o acompanhamento dos 10
primeiros dias são imprescindíveis.
Nos casos já
registrados internamente no Hospital Marieta da necessidade de parto
durante quadro de Covid-19, a indicação é obstétrica, com análise
multidisciplinar de cada caso de maneira totalmente individual.
“Há casos mais
graves, casos com comprometimento da parte respiratória, casos em que a
paciente está na UTI, outros em que a paciente tem uma piora clínica
progressiva. A gente tem que sempre avaliar em conjunto com equipes de UTI para
indicar a melhor via de parto em caso de extrema necessidade”, completa o
médico obstetra do Hospital Marieta. Que reforça: “De uma maneira
geral, seguindo as orientações de distanciamento, uso de máscara e
higienização, a gestação tem tudo para se manter como um momento positivo e de
muito amor”.
Vacina oferece
proteção à mãe e bebê
Um estudo
recente e postado pela doutora na área de Engenharia Biomédica, Rossani
Soletti, no portal Maternidade
com Ciência, aponta a segurança e eficácia de vacinas
contra a Covid-19 em grávidas e lactantes. Foram avaliadas 84 gestantes, 31
lactantes e 16 mulheres não grávidas que receberam vacinas da Moderna e Pfizer.
Dentre as 84 gestantes, 11 receberam a vacina no primeiro trimestre, 39 no
segundo e 34 no terceiro trimestre. A produção de anticorpos contra o novo
coronavírus induzida pela vacina foi semelhante em todos os grupos (gestantes,
lactantes e não grávidas) e foi superior à quantidade de anticorpos induzida
pela doença em si. Reações adversas à vacina, quando registradas, foram leves e
transitórias (como dor de cabeça, cansaço e dor muscular) e semelhantes em
todos os grupos.
Das 84
gestantes, 13 tiveram seus bebês durante os dois meses de estudo e os cordões
umbilicais de 10 deles foram analisados. Como resultado, anticorpos contra o
coronavírus foram encontrados em todas as amostras de cordão. Além disso, foram
encontrados também em todas as amostras de leite materno que foram avaliadas.
Ou seja, além de a vacina oferecer proteção para gestantes e lactantes, ainda
há a transferência de anticorpos para o feto através da placenta e para o
recém-nascido através do leite materno.