O Instituto Nacional de
Propriedade Industrial (INPI) publicou hoje, dia 06 de fevereiro, na Revista da
Propriedade Industrial (RPI), o registro de reconhecimento da Indicação
Geográfica (IG) para a produção de Linguiça Blumenau (carne suína pura e defumada).
“O reconhecimento de IG significa
que só será considerada Linguiça Blumenau a que for produzida com carne pura
suína defumada, seguir as regras do caderno de especificações técnicas, ser num
desses 16 municípios contemplados nas regiões do Vale do Itajaí e do Alto Vale
do Itajaí, e possuir a autorização da Associação das Indústrias Produtoras de
Linguiça Blumenau (ALBLU) para ter o nome Linguiça Blumenau no rótulo”, diz o
agrônomo e especialista em IG do Sebrae, que esteve envolvido no processo,
Rogério Ern.
A IG abrange 16 municípios
catarinenses do Vale do Itajaí (Gaspar, Blumenau, Pomerode, Timbó, Indaial, Rio
dos Cedros, Doutor Pedrinho, Benedito Novo, Rodeio) e do Alto Vale do Itajaí
(Presidente Getúlio, Ibirama, Rio do Sul, Lontras, Aurora, Agronômica e
Laurentino). Desde 2020 a ALBLU vinha requisitando esse reconhecimento, que foi
possível através da parceria com o Sebrae.
Em cidades fora dessas
contempladas até é possível produzir uma linguiça similar, mas não poderá ter o
nome Blumenau no rótulo. Ern explica que o processo é igual ao que ocorreu na
França com o champanhe. “Só se pode chamar champanhe os vinhos produzidos,
colhidos e elaborados dentro da região demarcada da Champagne, na França.
Produtos similares produzidos em outros locais são chamados de espumantes”,
conta.
Segundo a documentação apresentada
ao INPI, o nome geográfico Blumenau passou a identificar o produto cuja origem
e características estavam diretamente relacionadas ao processo de colonização
alemã na região, fruto da adaptação de um saber trazido pelos imigrantes,
tornando-se autêntico, emblemático e típico da localidade.
A produção desta linguiça defumada
abrange o território original do município de Blumenau em 1894, conforme
demonstrado na documentação. Originalmente, visava ao autoconsumo, preservando
a carne suína produzida pelos colonos. A linguiça, então, se estabeleceu como
um produto típico da região e gradativamente passou a ser comercializada,
alcançando, inclusive, outros estados.
Além disso, a linguiça oriunda de
Blumenau mantém uma uniformidade em sua produção na área delimitada, com base
no saber fazer tradicional dos produtores, mas que se modernizou ao longo dos
anos, observando as normas sanitárias vigentes.
“É bom lembrar também que todas as
cidades contempladas faziam parte da região de Blumenau, em 1894, e por isso
esse nome, mesmo que não seja produzida atualmente no município. A Olho, que
foi pioneira na produção da Linguiça Blumenau na região, atualmente, é de
Pomerode. Mas, na época, era Blumenau e existem outros produtores, atualmente,
em Blumenau”, explica um dos sócios da Olho Embutidos, Luiz Antonio Bergamo.
Ainda de acordo com a documentação
enviada ao INPI, a linguiça de Blumenau é fruto das "representações
étnicas, típicas, tradicionais e culturais, ligadas ao consumo e ou à produção
da linguiça Blumenau na região, portanto, marcados geograficamente pelas
'festas étnicas da cultura alemã', onde a gastronomia típica se manifesta com
pratos e receitas com a linguiça Blumenau. Bergamo explica que a receita da
linguiça Blumenau chegou na região por meio dos primeiros colonizadores. E a
Olho, como pioneira, continua produzindo de forma artesanal, mantendo as
características. Atualmente, a Olho tem diversos produtos no seu catálogo, mas
a linguiça Blumenau é seu carro-chefe, com mais de 60% da produção. E, segundo
estudo do Sebrae, cerca de 80% do que é produzido nessa região contemplada pelo
IG é consumido em Santa Catarina.