Santa Catarina será representada pelo escritor Marcio
Markendorf na Feira Literária Internacional de Paraty – Flip, a maior do Brasil
no segmento e que acontece de 22 a 26 de novembro na cidade histórica de
Paraty, no Rio de Janeiro.
O ficcionista é uma das atrações confirmadas na
programação paralela de editoras independentes. Markendorf é convidado de uma
roda de conversa e fará o lançamento da sua obra mais recente, ‘A Lua
Fantasma’.
A roda de conversa intitulada ‘Literatura e diversidade:
para além dos rótulos’, promovida pela Casa Urutau, será realizada a partir das
10h30 da quinta-feira, dia 23. Além de Markendorf, participam do encontro
Fellipe Fernardes C. Cardoso, autor do livro ‘Sem mim não há dia’, e Leíner
Hoki, autora da publicação ‘Tríbades, safistas, sapatonas do mundo, uni-vos:
investigações sobre a poética da lesbiandade’.
Já o lançamento do livro será na sexta, dia 24, a partir
das 19h. No mesmo evento, realizado na Casa Urutau, serão lançadas as obras ‘O
rinoceronte na parede’, de Frederico Toscano e ‘Porque fecho os olhos’, de
Augusto Meneghin. Todas as atividades são gratuitas e abertas ao público.
A Lua Fantasma
O novo livro de Marcio Markendorf é uma coletânea de
contos com personagens gays vivendo diferentes dramas pessoais em cenários e experiências
que evocam os anos 1990. A obra, publicada pela editora Hecatombe, integra a
Coleção Pajubá, dedicada às autorias LGBTQIAPN+ do cenário contemporâneo.
Markendorf conta que esse projeto ficcional tem como
ideia central a representação de sujeitos gays que enfrentam seus horrores
íntimos, vistos como espectros invocados das memórias de fundo, das marcas no
corpo e do território simbólico dos sonhos.
“Há, ao longo da obra, uma profusão de imagens de animais
que é responsável por conferir um aspecto fabular às narrativas que, ao
contrário da tradição desse gênero literário, abriga um sentimento realista e
ambíguo de delicadeza e crueldade”, destaca o autor.
Além disso, o escritor destaca que as narrativas reunidas
na coletânea foram pensadas como um romance-móbile, termo emprestado de Caio
Fernando Abreu e extraído de ‘Os dragões não conhecem o paraíso’. “Por meio de
tal estratégia de composição da coletânea, os contos mantêm-se unidos por uma
haste comum – subjetividades gays fraturadas e resilientes – cuja estrutura
aponta para peças diferentes de um mesmo jogo oscilante de desejo, de afeto, de
busca e de aprendizado”, explica o autor.
A obra apresenta nove narrativas que são permeadas por
uma linguagem poética bastante visual, quase cinematográfica, técnica também
presente nos escritos de gaúcho Caio Fernando Abreu.
O crítico e escritor catarinense Caio Augusto Leite,
relaciona o conjunto de contos de Marcio Markendorf com aquelas antigas
locadoras, que apresentavam variados gêneros de filmes num só espaço. “Em ‘A
Lua Fantasma’, temos o documentário da vida selvagem, o terror com lobisomens,
o suspense, e a tragédia romântica. São diversos dilemas apresentados a fim de
demonstrar que mesmo entre iguais nada é igual”, completa Leite.
Sobre o autor
Marcio Markendorf é professor e pesquisador no
Departamento de Artes e no Programa de Pós-graduação da Universidade Federal de
Santa Catarina. É um autor gay com outras ficções publicadas, com destaque para
a novela ‘Soy loca, Lorca, feito um chien no chão’ (Urutau, 2020) e a coletânea
de contos ‘Os sonhos perturbados de Juliano Adrián’ (Edição do autor, 2023),
que foi financiada com recursos do Fundo Municipal de Cultura da Prefeitura de
Florianópolis, via Fundação Franklin Cascaes.