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Carnaval deixa 3,5 mil toneladas de lixo nas ruas de cinco capitais

13/02/2023    Gustavo Siqueira

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Após dois anos tímido e recluso, o Carnaval volta a dar as caras em todo o País. São quatro, em algumas cidades cinco ou mais, dias de muita música, dança e alegria. A festa é superlativa do início ao fim. Depois que os foliões deixam as ruas, um grande exército de pessoas e máquinas entra em cena para limpar a cidade. Em 2020, a ofegante epidemia terminou com 3,5 mil toneladas de lixo recolhidas em cinco capitais brasileiras.
 
Muito pouco desses resíduos produzidos em Salvador, Belo Horizonte, São Paulo, Recife e Rio de Janeiro teve a reciclagem como destino. A maior parte foi para aterros ou acabou depositada na natureza. Dados do Diagnóstico de Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos do Brasil apontam que apenas 4% dos resíduos sólidos são reciclados no País. Para mudar esse cenário, é preciso praticar o mantra: repensar, reduzir e reciclar. Jogar lixo no lixo também contribui bastante.
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A prática dos três “Rs”, associada à economia circular, é a principal aliada do Carnaval sustentável, explica o coordenador pedagógico do Movimento Circular, Edson Grandisoli. “Repensar o consumo e comprar aquilo que realmente faz sentido para a diversão. Reduzir o consumo de utensílios de uso único, como copos plásticos. Reciclar, descartando os resíduos de forma correta. Os três erres deixam a folia ainda mais bonita”, afirma. 
 
A missão é de todos. Grandisoli aponta que organizadores de eventos, sejam públicos ou privados, precisam garantir estrutura adequada para a coleta e destinação correta dos resíduos produzidos. As escolas de samba devem utilizar materiais em quantidade e qualidade que podem, em sua íntegra, serem reaproveitados ou reciclados após o final das festividades. “Ou seja, adotar uma política de zero waste (lixo), como já está sendo realizado por algumas agremiações”, comenta.
 
Ao cordão dos blocos de rua cabe não jogar lixo nas ruas, preferir utensílios reutilizáveis e evitar fantasias que podem prejudicar o meio ambiente. A maior parte dos resíduos gerados no Carnaval são plástico, vidro e papel. “Se não são coletados de forma seletiva, esses materiais tendem a ganhar os aterros sanitários e lixões, e mesmo ficar nas ruas podendo colaborar com as enchentes”, lembra Grandisoli.
 
É possível repensar toda a festa, inclusive substituindo glitters, purpurinas e paetês por materiais ecologicamente corretos. Até o confete de papel pode ser trocado pelo de folhas secas, mais amigáveis ao ambiente. 
 
“Todo material descartado incorretamente acaba gerando problemas para o ambiente, prejudicando as águas, o solo, a atmosfera e diferentes formas de vida. O ideal, dentro da perspectiva da economia circular, é que o resíduo nem chegue a ser produzido, por isso, reduzir o consumo é tão central nessa proposta”, explica Grandisoli. A meta do Carnaval do futuro, e da economia circular, é não gerar nenhum resíduo. 
 
Chegar a esse ponto exige atenção imediata e medidas emergenciais. “A principal dica para começarmos esse projeto desde agora é cada um se responsabilizar pelo seu resíduo. Copos, fantasias, bitucas de cigarro, adereços de plástico, praticamente tudo, afinal, pode ganhar um destino mais nobre que lixões ou aterros. Esse é o desafio”, afirma Grandisoli.
 
Sobre Edson Grandisoli
 
Coordenador pedagógico do Movimento Circular, é Mestre em Ecologia, Doutor em Educação e Sustentabilidade pela Universidade de São Paulo (USP) e Pós-Doutor pelo Programa Cidades Globais (IEA-USP).

Sobre o Movimento Circular

Criado em 2020, em meio à crise causada pela pandemia de Covid-19, o Movimento Circular é um ecossistema colaborativo que se empenha em incentivar a transição da economia linear para a circular. A ideia de que todo recurso pode ser reaproveitado e transformado é o mote da economia circular, conceito-base do movimento. O Movimento Circular é uma iniciativa aberta que promove espaços colaborativos com a missão de chegar a mais pessoas e lugares. O movimento tem o objetivo de informar as pessoas e instituições de que um futuro sem lixo é possível a partir da educação e cultura, da adoção de novos comportamentos e do desenvolvimento de novos processos, produtos e atitudes.

 

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