A Aliança Francesa Blumenau estreia
nesta sexta-feira (dia 14) a exposição fotográfica “Sob a Pele - Épluchez-moi!”. Iniciativa do Consulado da França no Rio de Janeiro, a
mostra reúne 20 fotos de Pauline Daniel, produzidas no Brasil e na França, com
alimentos típicos de cada uma das regiões brasileiras. A exposição ficará
aberta ao público em geral a partir da próxima segunda (dia 17), no espaço
Galeria AF.
Ao perceber quantas vezes era
levada a estragar alimentos utilizados em suas produções, a artista francesa e
fotógrafa culinária Pauline Daniel passou a ter um olhar atento à questão do
desperdício de alimentos. Para chamar a atenção sobre o tema, se uniu ao Banco
de Alimentos da França e, em 2014, produziu a primeira versão de “Sob a Pele”
(“Épluchez-moi”), exposição de fotos que utiliza produtos danificados,
considerados impróprios para venda, mas totalmente consumíveis.
A convite do Consulado da França no
Rio de Janeiro, o projeto chega agora ao Brasil, onde a artista fez duas
residências artísticas visitando o Banco de Alimentos do Ceasa RJ. A exposição
reúne 13 fotos de frutas típicas brasileiras como o mamão papaia, o abacaxi, o
limão tahiti, a jaca e a goiaba, além de sete imagens apresentadas na edição
francesa da exposição, com alcachofras, peras e pimentões. As fotos inéditas
foram produzidas no estúdio da fotógrafa brasileira Nana Moraes.
O trabalho de Pauline oferece as
duas possíveis facetas de um mesmo alimento: o lado cru, marcado e danificado;
depois sua versão descascada, trabalhada e roteirizada revelando seu brilho
interior. Com esta série, a artista acredita que tem a oportunidade de debater
a ditadura da beleza tão prevalecente na nossa sociedade, e na qual
participa indiretamente como fotógrafa de publicidade culinária.
"Sob a Pele" convida o
espectador/consumidor a refletir sobre a tirania da aparência tão enganosa.
“Nesse conjunto de imagens, quis
revelar esteticamente as frutas e os legumes danificados e prestes a serem
descartados. Na escuridão do estúdio de fotografia procurei trazer à luz o
sabor real intrínseco de cada produto. Uma vez descascados e processados, os
alimentos enegrecidos ou necróticos revelam-se não só aptos para o consumo, mas
também dignos dos melhores pratos”, explica a fotógrafa.
O contato e a parceria com o Banco
de Alimentos do Ceasa se mostraram muito instrutivos na comparação das ações já
observadas durante o trabalho na França, revelando as especificidades e
problemas de cada país. Com o projeto, um aspecto importante sobre o
desperdício de alimentos ficou muito claro para Pauline.
“Há uma necessidade imperativa
internacional de ações para salvar milhares de toneladas de alimentos
perecíveis todos os anos em todo o mundo”, finaliza.
Em uma parceria com a Aliança
Francesa, além de Blumenau, mais 10 cidades vão receber a mostra “Sob a Pele”:
Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Juiz de Fora, São Carlos, Campinas,
Fortaleza, Grande ABC, Manaus e Nova Friburgo.
Desperdício de alimentos
O Índice de Desperdício de
Alimentos 2021 informa que cerca de 17% do total de alimentos disponíveis aos
consumidores foram para o lixo das residências, varejo, restaurantes e outros
serviços alimentares em 2019. Para ilustrar, seriam 23 milhões de caminhões de
40 toneladas totalmente carregados – pára-choque com pára-choque, o suficiente
para circular a Terra sete vezes. O relatório estima que, em 2019, 61% do
desperdício de alimentos foi gerado pelas famílias, 26% do serviço de
alimentação e 13% do varejo.