A ONG Movimento
Orgânico, de Blumenau, promoveu no sábado (1º), em parceria com o Instituto de Permacultura Vale do
Itajaí (IPEVI), uma oficina de bioconstrução e
permacultura que permitiu que os participantes pudessem colocar a “mão na
massa” e revestir uma parede usando apenas elementos da natureza. A técnica
escolhida foi a taipa de mão ou pau a pique, em que as paredes são formadas por
varas de bambu verticais e horizontais, com os vãos preenchidos por barro. O
barro é amassado com os pés e depois misturado a alguma fibra vegetal, como
capim ou palha.
“Na bioconstrução nós
sempre buscamos as técnicas construtivas mais naturais enquanto a permacultura
nos ensina a observar os ambientes e aprender com eles, atuando sempre em
harmonia com os ciclos naturais já presentes”, explica o idealizador do
projeto, Renan Carvalho. Os materiais usados para o processo
foram terra, areia, palha, bambu e água, todos disponíveis no espaço que fica
localizado no bairro da Velha Grande, o que permite realizar a edificação sem a
necessidade de gasto com materiais.
“As paredes de barro,
como as que construímos, possuem um conforto térmico e acústico muito superior
às paredes de alvenaria. A parede de barro não aquece ou resfria tão
rapidamente como o concreto. Casas com paredes de barro são muito mais frescas
no verão e quentes no inverno, o que torna o barro e técnicas como a taipa de
mão os favoritos para construção de casas de alto padrão em ecovilas
sustentáveis”, comenta Carvalho.
Participaram da
oficina mais de 20 pessoas, que a partir do trabalho em grupo revestiram a
parede da cozinha de uma casa do Espaço Orgânico Imagine. Os participantes
aprenderam a base permacultural, as vantagens e benefícios do uso do barro,
análise e seleção da terra, tipos de estrutura, quantidades e mistura dos
componentes e a aplicação e acabamento na prática.
Renato Demmer, que é proprietário de uma empresa de confecção, conta que apesar de
fazer parte do Movimento Orgânico desde 2010, essa foi a primeira vez que
participou desse tipo de atividade e que a experiência foi interessante. “A
maioria das pessoas ali não se conhecia, e se uniu para fazer o projeto. A
oficina conectou pessoas”, conta. Com o dia a dia voltado para o administrativo
de uma empresa, ele pôde aproveitar a oportunidade para se aproximar da
natureza.
A oficina foi
ministrada pelos instrutores Beatriz Horongoso, arquiteta e
urbanista que trabalha com bioarquitetura, paisagismo biodiverso, saneamento
ecológico, design permacultural e gestão eficiente da água e compostagem,
e Viglio Schneider, designer em permacultura que atua como instrutor
e executa projetos nas áreas de educação, planejamento de propriedades com
permacultura, agroflorestas, meliponicultura e bioconstrução.