Pílula do dia seguinte: o que é fake e o que é verdade
10/08/2022
Gustavo Siqueira
O índice de gravidezes não
planejadas no Brasil continua alarmante e expõe a necessidade de debates acerca
dos métodos contraceptivos. Uma pesquisa realizada pela Bayer, em conjunto com
a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo),
e administrada pelo IPEC estima que 62% das mulheres já tiveram filhos sem ter
planejado a gestação. As entrevistas ocorreram em 2021.
Para frear esse número, muitas mulheres
recorrem aos métodos contraceptivos disponíveis no mercado. Camisinha,
anticoncepcional e DIU são preventivos, enquanto a pílula do dia seguinte é
considerada uma anticoncepção de emergência. De acordo com dados revelados pelo
Instituto de Saúde de São Paulo, em colaboração com a Universidade Estadual de
Campinas, mais de 50% das mulheres na capital paulista já utilizaram esse
método.
No entanto, apesar de procurada nas farmácias,
há ainda muitas dúvidas sobre a pílula do dia seguinte. Segundo orientações
dadas por profissionais da área da ginecologia, antes de utilizar qualquer
anticonceptivo é preciso entender mais sobre sua composição, a forma como ele
age no corpo humano e principalmente quando e como usá-lo da forma correta.
Pílula do dia seguinte: o que é?
Enquanto os outros métodos contraceptivos têm
o objetivo de prevenir a gravidez, a pílula do dia seguinte deve ser utilizada
após uma relação sexual desprotegida, para evitar que ocorra a fecundação.
Apesar de possuir do nome, não é necessário esperar o outro dia para recorrer a
este método.
Segundo a Febrasgo, o comprimido deve ser
tomado quanto antes, pois sua eficácia diminuiu gradativamente conforme o tempo
passa. Conforme explica o órgão, após 72 horas do ato sexual, o efeito do
contraceptivo deixa de ser satisfatório. A federação explica que a pílula é composta
por níveis altos progesterona e, por esse motivo, o medicamento é capaz de
inibir a ovulação. Ao solicitar esse tipo de anticonceptivo em farmácias, é
possível encontrar opções em dose única ou em dois comprimidos. No segundo
caso, uma pílula deve ser ingerida a cada 12 horas.
Principais dúvidas sobre a pílula do
dia seguinte
Para solucionar as principais dúvidas da
população acerca da pílula do dia seguinte, o Ministério da Saúde elaborou um caderno com perguntas e respostas
mais comuns sobre o método contraceptivo. Questões como a necessidade de se
usar a pílula, a eficácia, efeitos colaterais e contra-indicações estão
presentes no guia "Anticoncepção de Emergência: Perguntas e Respostas para
profissionais de saúde".
Em quais situações deve-se tomar a
pílula do dia seguinte?
De acordo com o Ministério da Saúde, a pílula
do dia seguinte – assim como outros métodos contraceptivos de emergência – deve
ser administrada somente em situações especiais. Entre as principais
recomendações para o uso dos comprimidos está ter feito relação sexual sem
proteção, ter havido falha de algum método, como o rompimento do preservativo,
uso inadequado de anticonceptivo e casos de abuso sexual. Cabe ressaltar que tanto o Ministério da Saúde
quanto a Febrasgo recomendam que a pílula não seja usada de forma contínua para
substituir o método contraceptivo de rotina. Quem deseja evitar uma gravidez
indesejada deve usar métodos tradicionais, buscando a orientação de um
ginecologista.
É totalmente eficaz?
A eficácia desse anticonceptivo também é uma
dúvida recorrente entre as mulheres. Como mencionado anteriormente, segundo a
Febrasgo, a pílula deve ser tomada após a relação sexual e de preferência
quanto antes. O Ministério da Saúde também afirma que esse fator é fundamental
para garantir a eficiência e diminuir as chances de que uma gestação se
inicie. No entanto, o órgão salienta que o uso
frequente desse comprimido pode impactar diretamente nesse resultado. Por esse
motivo, é importante destacar que o método deve ser utilizado apenas em casos
especiais e de urgência.
Quais são os efeitos colaterais?
Segundo o Ministério da Saúde, os principais
efeitos colaterais do uso de métodos de emergência são náuseas e vômitos.
Cefaleia, dor mamária e vertigens também podem ocorrer, no entanto, com menor
frequência. Caso ocorra vômito nas primeiras duas horas
após o uso do medicamento, recomenda-se que um novo comprimido seja tomado. Se
os vômitos voltarem a acontecer após a segunda dosagem, o Ministério da Saúde
orienta que a próxima administração seja feita por via vaginal. Conforme consta
no guia, a absorção feita pela vagina também pode apresentar resultados
eficazes.
Existe contra-indicações ao uso de
pílula do dia seguinte?
Segundo o caderno do Ministério da Saúde, a
contra-indicação absoluta indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é a
gravidez confirmada. Além disso, mulheres que apresentarem antecedentes de
tromboembolismo, enxaqueca severa ou acidente vascular cerebral devem ser
precavidas ao utilizar os métodos de emergência.
A pílula do dia seguinte é um método
abortivo?
Um dos maiores mitos acerca da pílula do dia
seguinte é a capacidade do comprimido provocar aborto. Segundo a Frebasgo, essa
afirmação está incorreta, pois o efeito que o medicamente provoca no organismo
feminino ocorre antes de uma gestação, quando a fecundação ainda não aconteceu. Caso a administração da pílula seja feita após
a fecundação, o uso não irá causar danos ao embrião. O Ministério da Saúde
confirma não haver sustentações científicas de que os métodos de emergência
resultem em aborto.
Adolescentes podem tomar pílula do dia
seguinte?
Segundo o Ministério da Saúde, o
anticonceptivo pode ser utilizado por jovens, no entanto, é preciso ressaltar
que deve ser administrado apenas em ocasiões específicas. O Ministério da Saúde explica que muitas
adolescentes têm abandonado o uso de outros métodos contraceptivos para
recorrer apenas à pílula do dia seguinte, o que é incorreto. Cabe ressaltar que o uso de preservativo
durante uma relação sexual é importante não somente para prevenir a gravidez
indesejada, mas também para proteger contra doenças sexualmente transmissíveis.