As emissões de GEE
(gases de efeito estufa) estão diretamente ligadas ao consumo de energia de
fontes não renováveis, principalmente. A maneira como as organizações precisam
fazer a gestão da pegada de carbono e quais são as soluções já disponíveis
foram o tema do primeiro workshop da Semana Ambiental, evento promovido pelo
Instituto Senai de Tecnologia (IST) Ambiental, que fica em Blumenau, em alusão
ao Dia do Meio Ambiente.
Durante o workshop,
transmitido pela internet, o especialista em serviços tecnológicos do IST
Charles Leber demonstrou que um dos principais setores responsáveis por
emissões de GEE na atmosfera, é o de Energia, que contempla, entre outros, as
atividades de transporte e produção de energia a partir da queima de
combustíveis fósseis, a Indústria em vários segmentos, principalmente no ramo de
Transformação, além das emissões fugitivas. Dados da plataforma Climate Watch,
um dos principais monitores climáticos usados em todo o mundo, demonstram o
crescimento constante da emissão de gases que provocam o efeito estufa,
oriundos deste setor.
“Observando os dados
desde 1990 para cá, a curva em crescimento mostra que as emissões do setor de
energia estão aumentado e, nunca diminuindo, logo a tendência, caso não haja
ações sólidas no sentido contrário, é que esta curva siga aumentando’, aponta.
O ciclo do
ar-condicionado
Leber explica que um
dos segmentos que registra uma fatia significativa destes gases - quase 6%
(nível mundial) do total - é o de “emissões fugitivas”, que são provenientes,
principalmente, de gases de refrigeração. Um exemplo deste tipo de emissão está
nos aparelhos de ar-condicionado, quando estes são descartados de forma
incorreta ou então a fuga de gases refrigerantes durante processos de
manutenção..
“Antigamente não
tínhamos tantos aparelhos, mas há cerca de 10, 15 anos, houve uma popularização
e hoje é mais raro encontrar uma edificação que não tenha pelo menos um
equipamento desse tipo. Com o aumento no número de aparelhos, aumenta a
manutenção e também a emissão desse gás refrigerante, principalmente em
aparelhos mais antigos, e ele (gás) tem elevado GWP (Global Warming
Potencial)”, explica.
Soluções
Apesar dos problemas
serem preocupantes, já existem formas de solucionar ou, pelo menos, reduzir a
emissão destes gases e a “pegada de carbono” deixada para trás. Leber
apresentou algumas opções que, inclusive, já têm sido colocadas em prática
mundo afora.
A primeira é a compra
de energia elétrica limpa - usinas eólicas ou solares, que já é uma realidade.
As empresas conseguem adquirir Certificados de Energia Renovável (I-REC) ou
mesmo, de maneira mais tímida no momento, a compra de Certificados de Energia
Limpa, provenientes também da geração por meio de usinas biogás ou biometano
(Gás-Rec).
Outra opção é o
reflorestamento, que apesar de parecer uma solução acessível deve ser usado com
parcimônia, já que o processo também consome e tem um percentual de emissão de
gases. Desta forma, é preciso calcular a viabilidade e se, de fato, há
compensação.
A terceira forma
apresentada pelo especialista é a compra de créditos de carbono. Neste caso,
empresas que não conseguem reduzir ou zerar sua emissão de gases podem comprar
créditos de companhias que esta condição. Este tipo de solução começou a ser
discutida em 1997 com a criação do Protocolo de Kyoto; foi aprimorada na COP 21
em 2015 com o Acordo de Paris - artigo 5º e consolidada na última Conferência
do Clima, em 2021, no Reino Unido, que regulamentou e criou a orientação para
os países elaborarem seus mercados de carbono. Isso possibilitou, inclusive, a
regulamentação brasileira. No último mês de maio o governo federal anunciou o
decreto - Nº 11075 de 19.05.22, que regulamenta o mercado de carbono no
Brasil.
Estas são algumas das
soluções que já existem para que as corporações possam reduzir as emissões de
gases em seus sistemas de produção. Nesta quarta-feira, 8, a partir das 10h30,
a Semana Ambiental segue debatendo estratégias e soluções na relação com o meio
ambiente, desta vez no Workshop Eficiência hídrica e sua relação com o ESG, que
será ministrada pelo especialista em Engenharia Sanitária e Ambiental Bruno
Haas.