Neste ano de 2022, Elke Hering completaria 82 anos. No
dia 19 de fevereiro de 2022 são 28 anos que Elke nos deixou. Rafaela Hering
Bell, filha da artista lançará neste dia 19-02-2022 até 19-03-2022 a EXPOSIÇÃO
VIRTUAL- A PRAXIS DO DESENHO DE ELKE HERING.
São 60 desenhos do acervo pessoal de Rafaela mais
material didático resumido que ficarão disponíveis pelo site www.arteparausar.com.br. O
objetivo desta exposição é disponibilizar gratuitamente de maneira bem
democrática este material para que todos, incluindo professores, bibliotecas e
videotecas possam usar sem custos este acervo de imagens.
Elke Hering iniciou sua carreira com desenhos e
chegou a produzir mais de 25.000 desenhos, dentre eles, estudos humanos,
estudos de escultura, retratos, nus e pop art. Mas boa parte deles,
lamentavelmente foram perdidos na grande enchente da década de 80. Assim,
salvaram-se apenas 1200 que foram divididos entre os herdeiros após seu
falecimento.
Nascida em 10/08/1940, era bisneta de Hermann
Hering, um dos pioneiros da indústria têxtil no Vale do Itajaí. Escultora, desenhista,
gravadora, pintora, com incursões na área de tapeçaria, design e programação
visual, tornou-se logo, uma referência da arte catarinense e da escultura
nacional, sendo a única artista catarinense a participar do Livro “Um Século de
Escultura no Brasil”, de P.M. Bardi e Jacob Klintowitz, do Museu de arte de São
Paulo Assis Chateaubriand.
Em 1969, casou-se com o poeta Lindolf Bell, com quem
teve três filhos. Pedro, Rafaela e Eduardo. Rafaela Hering Bell, é curadora e
mantenedora vitalícia de sua memória e de seu acervo. O casal, inaugurou em
1970 com os parceiros Péricles e Arminda Prade, a primeira galeria de arte de Santa
Catarina, a Galeria Açu-Açu.
Elke Hering estudou inicialmente com Lorenz Heilmair, pintor e vitralista
alemão, tendo auxiliado o artista na execução de grandes vitrais religiosos da
Igreja São Paulo Apóstolo em Blumenau e de trabalhos similares em Porto Alegre
(1957). Estimulada por Heilmair, viaja a Europa, onde estudou com Anton Hiller
na academia de Belas Artes de Munique (1958/1960). Em Salvador (BA), realizou
estágio no atelier de Mario Cravo Júnior (1961).
Mais tarde ao receber bolsa de estudos do DAAD, frequentou em Munique a
classe do escultor dinamarquês Robert Jacobsen, professor da Academia de Belas
Artes (1966). Em 1968, Elke, ganha o II Salão Esso de Artistas Jovens/MAM/RJ, e vai aos
Estados Unidos com a idéia de experimentar um material novo no mercado, chamado
plavinil.
“Elke Hering foi uma das primeiras artistas do sul
do país a explorar experiências abstratas e a apresentar esculturas-objetos,
recobertos de plavinil com apelo pop, como os carretéis gigantes que nos falam
das indústrias de Blumenau”.
Na década de 1980, a artista explorou intensamente o
bronze e passou a criar obras para exposições em espaços públicos. Também
trabalhou com cimento, ferro, plástico, gesso, alumínio e uma espécie de
integração da escultura com a pintura, que ela chamava de “pintura 3D” e outros
materiais que permitiram materializar seu espírito inovador. Na sua última
década de produção, criou diversas esculturas em cristal (SCHVARTZ).
Elke circulou por mais de 10 Salões de arte
nacionais, em duas Bienais de São Paulo, entre os anos de 1965 e 1972, e na
Bienal Internacional, em 1973. Devido a seu destaque no cenário da escultura
nacional, seu nome foi citado em principais jornais e revistas do Brasil e
também fora do país. Sua obra de caráter vanguardista relaciona-se com a arte
contemporânea, tanto pelo uso de materiais quanto pela temática.
Em seus trabalhos de pintura, destacam-se elementos
naturais regionalistas, assemelhando-se com trabalhos da modernista Tarsila do
Amaral e do holandês Piet Mondrian (SCHVARTZ). A artista produziu experimentos poéticos integrando
artes visuais e poesia, aproximando-se conceitualmente do construtivismo
internacional, do concretismo e neoconcretismo brasileiro.
Além de esculturas abstratas em bronze, Elke
produziu esculturas monumentais ao ar livre, carregadas de simbologia. De 1990
a 1993, mesmo período em que seu câncer avançava, Elke se conectava com seu
lado mais cristalino, transparente, espiritual, através da sua última fase as
esculturas em cristal.
Em 1994 após seu falecimento, foi criado o Salão
Elke Hering, mostra nacional contemporânea de artes visuais. O Salão vem conquistando
uma projeção crescente e ocupando significativo papel na educação visual dos
sujeitos, recebendo artistas de todo o país, e alcançando um público que vem se
consolidando ao longo de suas edições.