Com a
maioria das pessoas em casa, a procura pelo imóvel próprio ou pelo investimento
em habitações para locação colocou o mercado imobiliário na contramão das
demais áreas comerciais, mantendo-o em uma crescente que já dura quase dois
anos. Essa procura vem acrescida à busca pelo bem-estar e desenvolvimento dos
lares para se adaptarem como novo local de trabalho.
Marcus
Araújo, CEO da Datastore – empresa especialista em inteligência, pesquisa de
mercado e mercadometria – e autor do livro “Meu imóvel, meu mundo”, acredita
que o crescimento e essas mudanças se devem à tecnologia e toda a facilidade
que ela proporciona na vida das pessoas. “O que houve foi que as pessoas da
renda média, alta e em alta tiveram muito mais vantagem competitiva para poder
se adaptar durante a pandemia. Elas tinham links de internet fantásticos,
aparelhos fantásticos, então elas praticamente não sofreram. Pelo contrário, no
aspecto econômico, elas mantiveram suas atividades de trabalho, lógico,
tentando se adaptar – fornecedores, parceiros etc. – mas elas tinham uma
vantagem competitiva: a tecnologia contando a favor delas”, explica.
Mas a
procura por imóveis também veio com exigências. Já que a demanda atual é, cada
vez mais, manter o trabalho remoto (cerca de 34% das empresas pretendem manter
o home office mesmo após o fim da pandemia), a busca é por imóveis que possuam
mais conforto. Outro ponto importante que vem sendo avaliado é o número de
pessoas morando na mesma casa, que está cada vez menor e tem tornado os
apartamentos mais minimalistas alvo do público mais jovem.
Dessa
forma, construtoras que têm investido em empreendimentos com foco em
sustentabilidade ganham destaque entre a nova geração de compradores. Isso
acontece porque os edifícios sustentáveis são pensados para terem uma estrutura
que promova o bem-estar de seus moradores. Um grande exemplo disso é o Blue
Forest, edifício construído pela Phacz Empreendimentos em Porto Belo, litoral
norte de Santa Catarina, o qual possui um conceito sustentável focado na
interação humana com a natureza, tanto dentro quanto fora do prédio. Araújo
conta que essa é uma tendência a ser seguida: “o Garden no alto padrão, que era
um produto que ninguém queria, porque fica lá embaixo do prédio, não era legal.
Agora, durante a pandemia, ganhou um sentido novo: botar o pé no chão, pisar na
grama, mesmo morando em um apartamento”.
Mas para
se chegar a um edifício realmente sustentável, é preciso que as construtoras
possuam determinados certificados, como o LEED (Leadership in Energy and
Environmental Design), que promove buscar o incentivo e a aceleração da adoção
de práticas de construção sustentável. “Nós estamos na virada da chave que está
sendo acelerada pelas questões climáticas que a gente tem vivido nos últimos
meses e que, provavelmente, são questões que vão ficar pela década inteira.
Então o que hoje parece ser só uma tendência ou um capricho técnico que é uma
certificação, em cinco anos será uma exigência vital”, comenta Marcus.
O Blue
Forest, com previsão de entrega para 2027, será o primeiro empreendimento
residencial com certificado LEED em Santa Catarina. “A Phacz sempre inova em
seus projetos. E o que queremos é proporcionar mais conforto, bem-estar e
eficiência energética para os clientes, e gerar impacto positivo na sociedade.
Não é à toa que o Blue Forest é o primeiro edifício residencial pré-certificado
LEED de Santa Catarina”, explica Paulo Henrique Zanon, head de projetos da Phacz.
Economicamente,
Araújo explica que os certificados também serão um grande diferencial. “Isso
está na pauta mundial (a sustentabilidade), todo mundo já sabe e todas as
nações estão se comprometendo com isso. Só que a unidade básica do planeta é um
terreno e um imóvel, então não adianta nada um país fazer alguma coisa, uma
cidade fazer alguma coisa, se cada um não fizer no seu terreno. Então, um
empreendimento com essa certificação, que muitas vezes são exigências técnicas,
uma vez bem traduzidos para o consumidor, faz ele entender que tem um produto
que vale muito mais nos próximos anos”.
Sendo
assim, as novas tendências para o mercado imobiliário trazem um patamar elevado
nos próximos anos, justificado pelo novo comportamento dos consumidores que
possuem novas prioridades em relação aos conceitos de saúde e proteção ao
meio-ambiente.