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Do carbono ao bluetooth: aparelhos auditivos evoluem e oferecem tecnologia de ponta ao usuário

09/04/2021    Gustavo Siqueira

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O Brasil conta atualmente com 10,7 milhões de portadores de deficiência auditiva, segundo cálculos do Locomotiva. Ainda segundo o cálculo, 57% estão na casa dos 60 anos ou mais, e mais de 2 milhões têm deficiência severa. Do total pesquisado, 87% não usam aparelhos auditivos. Um dos impedimentos para o uso do aparelho pode ser o medo de serem alvos de preconceito.
 
Só que hoje já é possível utilizar um aparelho minúsculo, quase imperceptível. Aparelhos grandes e incômodos ficaram para trás. Do primeiro aparelho auditivo de carbono, criado em 1898 já em escala comercial pela norte-americana Dictograph Products Company, aos modelos atuais de aparelhos auditivos, ajustáveis à distância por fonoaudiólogos e controlados pelo próprio usuário via smartphone, uma era se passou.  Durante esse tempo, o mercado conseguiu descobrir como embarcar tecnologia de ponta em aparelhos cada vez mais menores e discretos.
 
“Houve um tempo em que o profissional da fonoaudiologia era o vendedor do aparelho, e ia de porta em porta oferecer o produto”, lembra Jéssica Lubczyk, fonoaudióloga da Audiba. “Na casa do paciente, fazia a regulagem, o paciente dizia se estava conseguindo ouvir melhor ou não e era só isso”, explica. Hoje, a tecnologia permite até que os aparelhos diferenciem voz de ruído, e o usuário pode reduzir todo o barulho ambiente indesejado – da TV, rádio ou outros – e concentrar apenas na voz com quem ele conversa.
 
Do transistor a 60 canais
 
Dos aparelhos de carbono do fim do século 19 para os transistorizados surgidos no início da década de 1950, foi uma evolução e tanto. Os modelos com transistores exigiam menos uso de bateria, o que fazia com que fossem menores e isso agradava os clientes. Os primeiros aparelhos dessa geração foram criados para serem fixados nas hastes dos óculos ou para serem acomodados nos bolsos. Antes de passarem para o encaixe atrás da orelha, modelo que se consagrou como o mais adequado – os auditivos retro-auriculares, ou BTE, sigla para behind the ear (atrás do ouvido) –, ainda ganharam uma versão que se prendia à gravata.
 
Foi só em 1987, porém, que surgiram os primeiros aparelhos digitais, o que deu início à nova geração de aparelhos, cada vez menores e mais tecnológicos. Os primeiros modelos nasceram de uma parceria entre a Universidade de Wisconsin e o Instrument Corporation Nicolet, nos Estados Unidos. Divididos em duas partes, enquanto uma acomodava o processador de uso, a outra era colocada atrás do ouvido, e eram ligadas por um fio condutor. Três baterias eram utilizadas no modelo. “A partir do momento que passaram a ser digitais, começaram a converter o som em códigos binários, o que permitiu aos equipamentos filtrar determinados tipos de som”, detalha.
 
Uma sociedade que se julga no direito de avaliar pessoas pela aparência, e não pelo que elas realmente são, perde mais tempo constrangendo do que compreendendo necessidades e diferenças. O que faz com que, infelizmente, muitos que sofrem de problemas auditivos evitem o uso de aparelhos. O medo do preconceito, de olhares e comentários maldosos tira a qualidade de vida de muita gente. A indústria dos aparelhos auditivos entendeu o problema e passou a trabalhar cada vez mais com tecnologia para não apenas reduzir o tamanho dos equipamentos, mas para oferecer ainda mais qualidade para quem deseja viver a vida em sua plenitude.
 
“Os novos aparelhos têm até 60 canais de som, e oferecem um som mais limpo. A gente brinca que dá para fazer às vezes de dj com um aparelho desses”, diz Jéssica. Com a tecnologia disponível nos dias atuais, o usuário consegue, por exemplo, tirar frequências baixas, como o ruído do ar condicionado, ou o barulho que vem do lado de fora do carro estando em trânsito, e ouvir apenas o que interessa.
 
Wireless e Bluetooth
 
Já a tecnologia wireless permite que aparelhos utilizados nos dois ouvidos se comuniquem, fazendo o processamento bilateral do som, algo muito próximo ao que o sistema auditivo faz. Os mais modernos e discretos contam ainda com localizador. Caso o usuário tenha tirado por algum motivo e não consiga encontrar, a tecnologia permite que ele use o smartphone para encontrar o aparelho.
 
O aparelho chamado Estela conta com tecnologia bluetooth para sistemas Android e iOS, e funciona também como fones de ouvido, o que permite ao paciente, por exemplo, atender a uma ligação sem precisar levar o celular ao ouvido. A bateria é de lítio, recarregável, e não vicia, assim o paciente pode recarregar quando estiver dormindo e usar durante todo o dia sem ser surpreendido negativamente com o fim da carga.
 
É também a prova d’água – ainda que não seja recomendável utilizá-lo para tomar banho, por exemplo, caso aconteça de o usuário esquecer de tirar ao entrar no chuveiro ou tomar chuva, por ser blindado, o aparelho não sofre nenhum tipo de dano.  E no celular, é possível mexer no volume do aparelho e acompanhar o status da bateria.
 
Nos mais modernos, um sistema chamado data login faz a leitura do uso do aparelho feito pelo paciente, em que ambiente ele mais utiliza o equipamento, e quantas horas costuma utilizar. As informações são enviadas diretamente para o fonoaudiólogo. Com elas, ele pode melhorar a adaptação do aparelho ao paciente.
 
Aparelhos para músicos
 
O nível de sofisticação atual permitiu ao setor desenvolver aparelhos especificamente para músicos com deficiência auditiva. A linha premium dos aparelhos Audiba contam com tecnologia que permite ao usuário identificar, por exemplo, se uma música está sendo executada ao vivo ou se é gravada. “É uma tecnologia nova, que se adapta a até 120 tipos de ambientes diferentes”, detalha Jéssica.
 
Uma linha nova de aparelhos semelhantes a fones de ouvido chega embalados em uma caixa de recarga móvel. O que permite ao paciente carregar rapidamente o aparelho, caso não tenha deixado para carregar antes: basta colocar novamente na caixa e deixar que ele receba carga, o que acontece rapidamente. Finos e discretos, estarão disponíveis a partir de agosto nas unidades da Audiba.
 
“A tendência é cada vez mais aparelhos recarregáveis”, informa Jéssica. “A maior parte da linha de entrada ainda é de pilha, mas a tendência é que os aparelhos fiquem cada vez menores, mais tecnológicos, e que todo o controle seja feito pelo celular. As baterias devem ser excluídas desse tipo de produto, pensando até na questão ambiental, para evitar o descarte de materiais tóxicos na natureza”, completa.
 
Mais informações em www.audiba.com.br
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