Lageano
Gustavo Gugelmin se destaca na maior competição de rali da história
Eram 4h35 da madrugada quando Reinaldo Varela e Gustavo
Gugelmin, partiram de Fiambalá,
uma cidade localizada na parte oeste da província de Catamarca, Argentina, para
encarar os 791 km previstos na 12ª etapa da categoria UTVs,da 40º edição
do Rally Dakar.A corrida mais difícil do mundo escolheu como cenário as
paisagens e atrações únicas da América Latina: Peru, Bolívia e Argentina. Situados
a 1 505 metros de
altitude, a dupla enfrentaria a mais longa etapa da competição,totalizando ao
fim do percurso 15 horas de duração.
Ao todo foram 14
etapas; 14 dias de desafios a bordo do Can- Am Maverick V3. As altitudes
extremas características da região, assim como os desertos, lama, chuva até
mesmo neve, não impediram o ganho da taça mais cobiçada do off-road em Córdoba
(Argentina) na classe SxS, destinada aos UTVs.
O lageano Gustavo Gugelmin, aos 35 anos, coleciona grandes títulos
no seu currículo, entre eles está bicampeonato no Rali dos Sertões (2008) e o
Mundial Cross Country (2012), ambos na categoria T2. Quanto a sua participação
do Raly Dakar, o navegador fez sua primeira estreiaem 2014, onde terminaram a
prova na 22ª colocação, e mantiveram o 12º tempo na classificação geral.
O incentivo para o
esporte veio desde cedo quando Gustavo ganhou seu primeiro kart do pai,aos oito
anos. Logo, por causa da altura precisou desistir dos monopostos, foi então que
decidiu se aventurar no rali. E onde
permanece até hoje. Gustavo já viajou para Dubai, Egito, Catar, Polônia,
Hungria, Portugal, Espanha, Itália, entre outros países, se destacando na
função de navegador, figura pouco conhecida pelo público em geral.
O navegador participa
da corrida do banco do passageiro, e se engana quem acha que o papel não
presume importância, seu papel é fundamental tanto para ditar o caminho, como
para demais orientações táticas, a função do navegador é colocar o carro e o
piloto no limite de suas capacidades. “Comecei competindo no kart. Cresci
demais e não pude ir para as corridas de fórmula. Faz dez anos que entrei no
rali de velocidade. Desde então, as coisas foram acontecendo. Meu sonho era
disputar o Dakar”, revela Gustavo.
Nesta edição, a dupla
levou o primeiro lugar na categoria mais recente do campeonato, com um tempo total
de 72h 44m e 06s. Eles ficaram quase uma hora à frente dos segundos colocados,
a dupla Patrice Garrouste (França) e Steven Griener (Suíça). “Nós batemos um
recorde de etapas ganhas, talvez até poderíamos ter aumentado esse recorte, mas
como já estávamos liderando, nossa tática foi manter o oponente distante. Os
quase 50 minutos eram suficientes para as paradas técnicas, como troca de
pneus, ou concerto do carro”, explica o navegador.
A origem da competição
não parece estar distante da sua característica principal, a imprevisibilidade.
Em 1977, o piloto francês Thierry Sabine perdeu-se no deserto do Saara. O
piloto viu naquele ambiente um lugar propicio para promover a prática esportiva,
o rali. Sabine esteve à frente da
organização do Dakar até sua morte, em 1986, onde morreu em um acidente de
helicóptero em meio a uma tempestade de areia.
Em sua 30º
edição, o Rally Dakar pareceu chegar ao fim da sua
estrada, em 2008, por causa de ameaças terroristas, a competição mais difícil e
popular do mundo teve que ser cancelada por causa da instabilidade política de
diversos países africanos,forçando a transferência para a América do Sul.
Mesmo mudando
totalmente o terreno e paisagens, está edição comprovou que a competição mais
árdua do mundo ainda se mantem extremamente exigente.