As discussões sobre saúde emocional no
trabalho - intensificadas nos últimos anos - muitas vezes chegam a conclusões
sobre o papel dos líderes no bem-estar da equipe. Mas, e quanto aos próprios
líderes? Uma pesquisa realizada pela The School of Life demonstrou
que 64% dos líderes têm ansiedade e 48% sofrem com estresse diagnosticado -
além de outros problemas como insônia, burnout e depressão.
A grande questão é que as lideranças
precisam lidar com pressões que vem de muitas direções: de um lado, é preciso
gerenciar uma equipe e as situações diárias, estejam elas relacionadas ou não
diretamente ao trabalho. De outro, existe a cobrança por produtividade e
resultados que vem dos níveis superiores ou do próprio mercado. Considerando
isso, a saúde emocional de quem ocupa cargos de liderança também se torna um
tema prioritário.
Além das melhorias no bem-estar e no
trabalho, o investimento na saúde emocional dos líderes promove outro ganho: o
de produtividade. Um grupo liderado por alguém que sabe se comunicar de forma
eficaz, domina sua inteligência emocional e motiva pela inspiração,
consequentemente amplia os resultados da equipe.
“Tenho relatos de organizações que
aumentaram o faturamento em 70% após o processo de mentoria para gestores e
líderes, até porque, para liderar de forma eficiente não basta apenas
experiência na atividade em si, então, é preciso aprender a ser um bom líder
também. E uma liderança que sabe lidar com as emoções é capaz de impulsionar a
equipe, construir um ambiente de trabalho mais saudável, pois melhora-se
inclusive a comunicação, gestão de conflitos e isso ajuda a alcançar
resultados incríveis”, explica a mentora, treinadora de líderes e palestrante comportamental
Juci Nones.
Questões externas e choque geracional
Os líderes do mundo corporativo atual
precisam lidar com uma infinidade de questões que vão muito além dos resultados
da empresa. “Não conseguir o comprometimento e a responsabilidade do time,
estar sempre bem para motivar a equipe e, ao mesmo tempo, gerenciar a pressão
do mercado… Tudo isso exige cada vez mais - com uma margem de lucro cada vez
menor. A maioria dos líderes não tem inteligência emocional para lidar com tudo
isso”, aponta Juci Nones.
O choque de gerações é um dos fatores
que podem implicar no desequilíbrio da saúde emocional dos líderes, afinal,
gerenciar pessoas com mais idade e experiências pode ser um desafio. Para a
especialista, é preciso que o líder tenha inteligência emocional bem
desenvolvida e uma comunicação eficaz para mediar as diferenças, não só de
gerações, mas de perfis comportamentais. “O líder jovem quando coordena pessoas
mais velhas pode, por exemplo, usar a experiência e a maturidade profissional
que eles têm a favor do time e da organização”, pontua.
Outro ponto são as questões de fora do
trabalho e que impactam no dia a dia dos colaboradores - com as quais os
líderes acabam precisando lidar. Para Juci Nones, gerir pessoas no mundo de hoje é
ajudá-las a gerir a si mesmas e aos acontecimentos da sua vida como um todo. “Claro
que o líder não poderá tomar as dores de cada colaborador na íntegra, no
entanto, se ele não aprender a desenvolver pessoas - e para isso ele precisa
aprender a desenvolver a si mesmo - terá muito maior dificuldade de engajar,
motivar e comprometer o time”.
Primeiro olhar para si mesmo
Mesmo com tantas demandas, Juci aponta
que a primeira ação dos líderes para encontrar e manter a saúde emocional é
olhar para si mesmo com prioridade. É quase como aquele alerta de segurança do
avião: primeiro você veste a máscara de oxigênio, depois ajuda outra pessoa.
“Por isso, sempre digo aos líderes que precisam cuidar de si mesmos - físico,
mente, emocional e espírito - para que possam estar preparados para as
adversidades do dia a dia com a equipe. Não mudamos as pessoas, mudamos nós
mesmo para inspirá-las a fazer ações que as mudem”, orienta.
Desenvolver constantemente o
autoconhecimento e encontrar maneiras de “esvaziar o balde” diariamente, ou
seja, ter atitudes que limpam a mente e mantêm o corpo saudável, são caminhos
para ser um líder com a saúde emocional em dia. “Os líderes precisam entender
que o foco não é no outro, é em si mesmo. Quando ele muda, ele melhora, se
cuida, entende o quanto pode permitir e cobrar de cada pessoa da equipe, ele
fica consciente para entender como vai desenvolver o seu time”, conclui.
Quem é Juci Nones?
Juci Nones é mentora, treinadora e
palestrante comportamental, escritora, mentora e treinadora de líderes, equipes
e presidente do Instituto Juci Nones. Juci atua há mais de 18 anos. Baseada no Vale do Itajaí, em
Santa Catarina, ajuda profissionais a terem alta performance com qualidade de
vida através do desenvolvimento de habilidades intra e interpessoais - é
especialista em mudança de comportamento e inteligência emocional, em processos
individuais e grupos.