Em sintonia com as percepções
contemporâneas, a Galeria 33 apresenta em Joinville, a partir de amanhã, dia 14,
a produção da artista Alena Marmo, pesquisadora e professora de arte bastante
conhecida no campo da academia que, agora, retoma a visibilidade de sua
caminhada artística. A exposição “EnSIMESMAmentos”, tem curadoria de Nadja Lamas e
reúne cerca de 30 trabalhos produzidos no
tempo agudo da pandemia.
Alena
Marmo, artista, professora e pesquisadora na linha da antropologia visual,
voltada aos conceitos relacionados à teoria e prática do ensino da arte e da
arte contemporânea
Fernanda
Pozza/Foto Divulgação
Alena Marmo, que vive entre Schroeder e Joinville, aparece no cenário da
arte de Santa Catarina em 2003 quando conquista um prêmio no extinto Salão dos
Novos de Joinville. Por influência familiar, o interesse pela arte vem da
infância e desemboca em 1997 no bacharelado em pintura, gravura e escultura na
Faculdade de Belas Artes de São Paulo, onde cursa o primeiro ano. Ao mudar para
Joinville, em 98, entra na licenciatura em educação artística na Univille.
Cipreste Alena Marmo Foto Fabio Moreira Divulgação.jpgAs pinturas, gravuras e pastéis, de acordo com a artista, devem ser entendidas como documentos de isolamento social, que refletem uma experiência subjetiva vivenciada no contexto da doença covid-19. “Podem ser entendidos como janelas sensíveis, por meio das quais o público será conectado, em qualquer tempo e espaço, com aqueles momentos do passado, vividos por mim.” Os estudos seguem com o mestrado em artes visuais com ênfase em história,
teoria e crítica de arte na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Hoje
ela dá aula e coordena o curso de bacharelado em artes visuais da Univille, integra o
conselho consultivo do Museu de Arte de Joinville (MAJ) e é diretora cultural
do Museu de Arte Contemporânea Luiz Henrique Schwanke (MAC Schwanke) e membro
da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA)
A docência e pesquisa teórica não relegam a produção artística. Sem
realizar exposições, segue criando. “A artista que me habita continuou falando
dentro de mim, nunca abandonei totalmente a produção, apenas parei de
mostrar.” Em 2012, faz doutorado em artes
visuais na Escola de Comunicação e Artes (ECA), da Universidade de São Paulo
(USP). De modo paralelo, atua como curadora independente. Além de pensar Schwanke e Kolb, representações
significativas da arte de Santa Catarina, aposta em Daniel Machado. Com
Jefferson Kielwagen, idealiza e realiza os projetos Out.Art, Articidade,
Intercidades [Intercities] e Exposição Impressa. Fez também edições do
Pretexto, iniciativa do Serviço Social do Comércio (Sesc) e do Arte na
Cidade.
Os entre-lugares
Alena usa
a experiência curatorial e o conhecimento acadêmico em favor da própria
produção. Justo a pandemia potencializa o pensamento e a criação artística
propriamente dita. Tempo de recolhimento, período de ajustes intensos na rotina
doméstica, pela primeira vez ela reconhece de um outro modo o fato de estar em
permanente deslocamento, em curtas viagens entre Schroeder, onde vive, e
Joinville, onde trabalha na Univille.
“Com a
pandemia, redescobri e me descobri no meu lugar, reorganizei e resinifiquei os
espaços, e passei a ter momentos solitários de contemplação que me preencheram
de tempo presente, sensação que eu tinha apenas em momentos de deslocamento,
apreciando a paisagem enquanto dirigia da casa para o trabalho, ou do trabalho
para casa, momento denominado por mim de “entre-lugares”.
Para
a curadora Nadja Lamas, “EnSIMESMAmentos”, que é a busca de dar sentido e
significado às circunstâncias (Ortega y Gasset, 2016), leva a pensar sobre o
desejo quase ancestral de materializar um instante da natureza e da
simplicidade cotidiana, quer contemplada quer oriunda da imaginação. “Ensimesmar
é voltar-se para os próprios pensamentos, para o interior de si mesmo, quando é
da natureza do humano dispersar de si. Alena olha para o cotidiano e observa o
varal, o céu, as copas das árvores, ou ainda para as janelas que limitam o
olhar fazendo o recorte do que se encontra do outro lado, e elabora
poeticamente o que vê. Olhar que dá forma ao que o pensamento insiste em
divagar, em dispersar. Olha para o cotidiano, ao mesmo de todo dia, tira dele a
matéria que dá a consistência da sua pintura.”
Para Fernando Sossai, professor de história,
os trabalhos desafiam a vertiginosa aceleração da vida contemporânea, marcada
pela rotina e acúmulo de acontecimentos com pouca ou nenhuma importância. A
vida cotidiana “transborda na e pela arte, assim como uma luta
por interromper as ansiedades
de um tempo presente seduzido por si mesmo”. Trata-se, segundo ele, de um questionamento
sobre o tempo e o consumo apressado, uma crítica desvelada ao presentismo.
“Suas produções reivindicam o contemporâneo tanto como um espaço de experiência
quanto um horizonte de expectativa para a fruição da arte”, diz Sossai que
compreende as obras de Alena “como objetos artísticos capazes de catalisar experiências
cotidianas”.
Sobre a artista
Nasce em
São Paulo (SP), em 1979. Vive e trabalha em Santa Catarina desde 1998. Artista,
professora e curadora, é doutora em artes visuais pela Universidade de São
Paulo (USP/2016). Graduada em educação artística pela Universidade da Região de
Joinville (2001), fez mestrado em artes visuais, na linha de pesquisa história,
teoria e crítica de arte, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2005)
e doutorado em artes visuais, pela USP. Está desenvolvendo estágio pós-doutoral no Programa de
Pós-Graduação em Patrimônio Cultural e Sociedade, na linha de pesquisa
Patrimônio, Memória e Linguagens. Atualmente é professora da Universidade da
Região de Joinville (Univille), onde também coordena o curso de bacharelado em artes
visuais, coordenadora dos cursos de especialização em educação na modalidade
EAD, e como coordenadora pedagógica do Programa Institucional de Extensão Arte
na Escola (PIEAE), no qual integra o grupo de pesquisa da Organização Mundial
de Saúde Art Impact for Health and SDGs. Tem experiência na área de artes, com
ênfase em história da arte, teoria da arte e arte/educação, atuando
principalmente nos temas história da arte, arte brasileira, arte contemporânea,
curadoria, curadoria educativa e ensino da arte. Atua como curadora
independente, é diretora cultural do Museu/Instituto Luiz Henrique Schwanke (MAC
Schwanke) e membro do conselho consultivo do Museu de Arte de Joinville (MAJ).
EQUIPE TÉCNICA
Alena Marmo
| artista
Nadja Lamas
| curadora
Nadja Lamas
e Fernando César Sossai | textos
Fernanda
Pozza | design
Fernanda
Pozza e Fabio Moreira | fotografia
Néri Pedroso
| imprensa e revisão
SERVIÇO
O quê: Exposição “EnSIMESMAmentos”
Quando: 14.5.2022, 10h
(abertura). Até
9.7.2022, sob agendamento no tel.: (47) 99277-2016
Onde: Galeria 33, rua Bento Gonçalves,
33B, bairro Glória, Joinville (SC), tel.: (47) 3433-2557/
Quanto: Gratuito
O quê: Exposição “EnSIMESMAmentos”
Quando:
11.7.2022, 19h
(abertura). Até 22.7.2022, seg. a sex.,
7h30 às 22h
Onde: Scar, rua Jorge
Czerniewicz, 160, bairro Czerniewicz, Jaraguá do Sul (SC), tel.: 47 3275-2477
Quanto: Gratuito
REALIZAÇÃO
Galeria 33
SAIBA
MAIS:
@alenamarmo