Aos poucos e seguindo as portarias do
Governo do Estado, o Teatro Carlos Gomes vem
retomando seus eventos em
2021. Para marcar oficialmente esse retorno, será realizado, gratuitamente,
o concerto de canto lírico Tributo a
Carlos Gomes no dia 19 de outubro, às 20h. O evento, programado inicialmente
para março de 2020, marca o aniversário dos 151 anos da estreia mundial da
ópera O Guarani, que inseriu o compositor paulista Carlos Gomes no clube dos
grandes compositores do planeta, além de homenagear os 161 anos da Sociedade
Dramático Musical Carlos Gomes celebrados em junho deste ano. A equipe do
Teatro Carlos Gomes seguirá todas as medidas de segurança. Os ingressos podem
ser retirados na bilheteria do Teatro Carlos Gomes a partir da próxima
quarta-feira (13/10).
No evento, o público poderá
prestigiar obras do compositor homenageado, sendo uma peça para piano e uma
canção, além de árias das óperas Fosca, Lo Schiavo, Colombo e O Guarani. Os
artistas que se apresentarão em Blumenau possuem reconhecida carreira em
grandes teatros brasileiros e na Europa: a soprano Deborah Bulgarelli, o tenor
Richard Bauer e o barítono Douglas Hahn, acompanhados pelo pianista Matheus
Alborghetti, que também fará parte da participação especial do Quinteto de
Metais num arranjo para metais e piano.
A ópera O Guarani, uma adaptação do
romance homônimo do escritor brasileiro José de Alencar, estreou no dia 19 de
março de 1870, no teatro Alla Scala, encenada em italiano, com libreto de
Antonio Scalvini e música de Carlos Gomes. A história de amor de Ceci e do
indígena Peri ganhou o mundo e fez estrondoso sucesso na Europa. O êxito foi
tamanho que Giuseppe Verdi, considerado por muitos como o maior compositor de
óperas de todos os tempos, assinalou Gomes como “um gênio musical” após
assistir à obra.
Retomada em grande estilo
Na mesma data, o público presente
também poderá saber mais sobre o projeto idealizado em parceria com a
Prefeitura de Blumenau, que cederá espaços do Teatro Carlos Gomes gratuitamente
para artistas de Blumenau e região realizarem suas apresentações. Com o apoio
da Secretaria Municipal de Cultura e Relações Institucionais, o objetivo é
selecionar projetos artísticos para apresentações no ano de 2022.
O evento também prestará homenagem
aos 161 anos de fundação da Sociedade Dramático Musical Carlos Gomes. Criada em
1860, como Sociedade Teatral de Blumenau, passou a chamar-se Sociedade Teatral
Frohsinn e, desde 1939 (ano de conclusão da primeira etapa das obras do
teatro), adotou o nome atual, homenageando o maior compositor das Américas no
século 19.
Na praça em frente ao prédio do
Teatro Carlos Gomes, esculturas em bronze feitas pelo artista Pedro Dantas
também são uma homenagem constante e que pode ser apreciadas por quem passa
pelo local. São elas: o maestro e compositor Antonio Carlos Gomes e o índio
Peri, personagem da famosa ópera O Guarani. As esculturas foram um patrocínio
do empresário Wandér Weege, que também revitalizou a praça do Teatro no ano
2000.
Para o presidente da Sociedade,
Ricardo Stodieck, homenagear os 161 anos junto com o sesquicentenário de O
Guarani é uma feliz coincidência. “No último ano, não foi possível celebrarmos
para a segurança de todos, mas agora em 2021 estamos retomando nossos trabalhos
com zelo e muito felizes, a cultura precisa desse retorno. E realizarmos a
retomada oficinal com esse tão belo evento é uma honra”.
O idealizador do evento, Guilherme
Gassenferth, que trabalha em parceria com a produção de Douglas Hahn, concorda.
“A cidade de Blumenau e a Sociedade Dramático Musical Carlos Gomes estão de
parabéns pela sensibilidade de dar este concerto de presente aos blumenauenses
e reconhecer a memória do único brasileiro a figurar entre os principais
compositores de ópera do mundo”.
Mais sobre Carlos Gomes e O Guarani
Antonio Carlos Gomes, nascido em
1836, em Campinas (SP), já havia obtido algum êxito no Brasil com composições
populares, sacras e óperas, até alcançar prestígio junto ao imperador Dom Pedro
II. Com as bênçãos do monarca, foi enviado para estudar na Europa, onde teve
aulas com o diretor do Conservatório de Milão, Lauro Rossi. Foi no prestigiado
teatro Alla Scala, em 19 de março de 1870, que aconteceu a estreia mundial de O
Guarani (originalmente Il Guarany). Após ter contato com o lançamento da
tradução para o italiano do romance O Guarani, de José de Alencar, Carlos Gomes
vê na história uma forma de exaltar a pátria natal, no melhor espírito do
romantismo da época, que idealizava a figura do indígena. Ele contata o
libretista milanês Antonio Scalvini, que adapta a obra que narra o amor de Ceci
com o indígena Peri, para que o compositor brasileiro pudesse criar a música
que o projetaria na Europa.
Para a estreia, Carlos Gomes estava
apreensivo e relatou, em cartas ao irmão, o medo da recepção do público. O
temor, no entanto, foi em vão: após a récita de estreia, Gomes foi chamado 18
vezes ao palco para ser aplaudido naquela noite. Tantos aplausos seriam o
prenúncio do sucesso que a obra faria por toda a Europa e no Brasil. Sobre a
ópera O Guarani, posteriormente disse Giuseppe Verdi, o mais célebre compositor
de óperas de todos os tempos: “assisti com grande satisfação minha à ópera do
meu colega Gomes, O Guarani, e posso afirmar-lhe que ela é de corte primoroso,
reveladora de uma alma ardente, de um verdadeiro gênio musical”.
A obra, que se passa no século 16,
narra o amor da portuguesa Cecília, filha do nobre português Dom Antônio de
Mariz, e do líder da tribo guarani, Peri. No Litoral do Rio de Janeiro, os
indígenas aimorés e guaranis estão em guerra. Cecília está prometida em
casamento a um aventureiro português, Dom Álvaro, que está prometido a uma
indígena aimoré. Ela, contudo, apaixona-se por Peri, que corresponde ao seu
amor e por isto resolve apoiar o pai de Ceci, chefe dos caçadores que lutam
contra os aimorés. Gonzales, outro aventureiro português, hospedado na casa de
Dom Antônio, intenta rebelar-se contra seus companheiros sequestrando Cecília,
mas Peri descobre seus planos e os impede. Pouco depois, Peri é preso pelos
guerreiros. Sabedor do amor entre Peri e Cecília, o cacique resolve
sacrificá-los. Dom Antônio e seus companheiros chegam e tudo se acalma, mas
nova traição de Gonzales resulta no aprisionamento de Dom Antônio e Cecília em
seu próprio castelo. Peri sai em busca da amada, pois descobriu que Dom Antônio
pretende matar-se e levar Cecília consigo. O guarani implora ao nobre português
para salvar Cecília. Este, emocionado com o amor entre os dois, batiza Peri e o
torna cristão. Ceci e Peri fogem e assistem, de longe, à explosão do castelo
com Dom Antônio, que sacrificou a vida para salvar a da filha, ao lado dos
inimigos.