Um dos
setores que mais alavanca a economia é também um dos que mais vem
mudando sua característica frente ao crescimento das mulheres no mercado de
trabalho. No país, a ciência da engenharia sempre foi marcada pela presença
masculina e, por muito tempo, as mulheres eram consideradas como sexo
frágil e incapazes de desempenharem as atividades que o setor exige. A
construção civil e o canteiro de obras sempre foram considerados como zona de
força bruta, ideia que tem sido modificada com o passar dos anos. Contudo, esse
mercado vem apresentando mudanças e abrindo portas para o crescimento da presença
feminina, uma tendência que se fortalece a cada ano. E, Balneário
Camboriú, berço das grandes construções no país, cidade que lança
tendências e supera os desafios da engenharia, também abre espaço para
histórias inspiradoras da presença de mulheres na construção civil.
E,
engana-se quem pensa que elas se intimidam. Luiza Serabion Graça Schneider, 30
anos, e Lucrecia Alberico Dos Santos, 37, colaboradoras da FG
Empreendimentos, trilham caminhos que poucas mulheres escolhem, e hoje
fazem história por ajudarem a construir o empreendimento que será o
maior prédio residencial das Américas, o One Tower, que será entregue em 2022.
Luiza
é engenheira civil e técnica de segurança do trabalho. Há 7 anos na área da construção
civil, destes a quase 2 anos na FG Empreendimentos atuando como técnica em segurança
do trabalho, diariamente desafia-se em um ambiente majoritariamente
masculino sendo prova que as mulheres são capazes de desenvolver qualquer
profissão. “No começo eu tinha medo, medo de não conseguir, de não mostrar do
que eu sou capaz, mas a vivência me mostrou que ganhando a confiança dos
colegas, a dúvida frente a nossa competência dá espaço a valorização.
Valorização essa que eu encontrei aqui na FG Empreendimentos, uma empresa que
vai muito além do abrir novos horizontes, mas investe nos colaboradores e nos
permite superar os nossos próprios medos”, comenta.
Mas
nem tudo são flores. Ou melhor, em um canteiro de obras, muitas vezes o peso da
responsabilidade vem junto com as toneladas de argamassa e tijolos.
“Coordenar um público predominantemente masculino me fez aprender que é
ensinando com exemplos que o respeito e a relevância se fortalecem. É
desafiador, desenvolvo uma força interna que não sabia existir, não é fácil,
mas é gratificante”, suspira Luiza lembrando de suas experiências.
E se
para quem orienta e fiscaliza a segurança de uma obra às vezes é difícil
se impor, o que diríamos para quem adentra um ambiente que era apenas
masculino, como faz a multioperadora Lucrécia, que comanda empilhadeira,
elevador cremalheira, sinaleira de obra e, também, a grua que leva aos céus os
materiais que são utilizados para o arranha-céu que será o maior das Américas.
Vinda
do interior do Paraná para encurtar a distância da mãe e ajudar no
sustento da família, ela saiu em busca de oportunidades no mercado de
trabalho. O ano era 2014 e a vaga era de servente de limpeza. Abraçou com unhas
e dentes. Dedicada e comprometida com seu serviço, logo se adaptou ao ambiente
praticamente masculino.
Conhecendo
a política da empresa, de valorização de colaboradores, ela foi em busca do
crescimento profissional. Quatro anos depois de entrar para o quadro de
funcionários da construtora, ela aproveitou a oportunidade, realizou cursos e
foi promovida. “Agora eu tenho várias funções e formações. A FG me deu uma
oportunidade que eu não sei se teria em qualquer outro lugar. Eles me olharam
como ser humano, acreditaram no meu potencial e hoje eu sou totalmente
realizada”, relata a multioperadora. E completa: “eu sou muito envergonhada,
quando me perguntaram se eu queria dar entrevista pensei em recuar. Minha mãe,
mais uma vez, me incentivou, disse que eu não podia perder essa oportunidade
de mostrar para outras mulheres que sim, a gente pode ocupar o lugar que a
gente quiser. Ela tem o maior orgulho de me ver trabalhando e eu sou grata a
essa empresa”, conta.
Assim
como Luiza, Lucrécia também teve medo, no início, em não corresponder às expectativas,
da frustração. “Quando passei a operar a grua, considero esse o meu maior
desafio, é um trabalho que precisa ter muito controle, precisão. Quando paro e
penso que sou a mulher que operou a grua do maior prédio das Américas me
dá aquele frio na barriga e aquela sensação de dever cumprido”, finaliza
Lucrécia.
Segundo
dados do IBGE, em 2018 havia 239.242 trabalhadoras registradas no
mercado da construção civil. Em 2007, esse número era de 109.006, ou seja, teve
um aumento próximo de 120% em 11 anos. Um dos fatores que estimulou o aumento,
segundo o instituto, é a evolução da indústria de construção civil. Com métodos
construtivos automatizados e maior segurança, a prioridade está mais na qualificação
profissional que na força física. A opinião é corroborada pelo diretor de
mercado e marketing da FG, Altevir Baron. Atualmente a empresa
conta com 13,4% de funcionárias nos canteiros de obra. Um número que pode
parecer pequeno, mas que vem crescendo anualmente. “Se analisarmos o percentual
como um todo, da presença feminina na empresa, temos um salto para 40,5%, nos
cargos de liderança representam 35,4%”, pontua Baron.
Investir
em projetos de capacitação de mão de obra é uma das marcas da gestão que tem à
frente o empresário Jean Graciola. “As empresas, para crescerem, precisam, cada
vez mais, se redesenhar e se adaptar ao mercado, principalmente, valorizando o
seu capital humano”, finaliza o presidente da FG Empreendimentos.
FOTOS:
Bruno Franchia/FG