Sai a primavera, a estação das flores
e das alergias, sobretudo nos olhos e vias aéreas, pela dispersão de pólen no
ar; entra o verão, período de luz do sol mais intensa e muito calor, e há
necessidade de cuidados com a pele e também com os olhos. Altas temperaturas,
radiação UVB e uso mais frequente de piscinas nem sempre nas melhores
condições, podem trazer problemas para uma das áreas mais sensíveis do corpo
humano.
Pode também haver agravamento da
síndrome do olho seco, que na maioria das vezes pode ser tratada de forma
simples, mas, se menosprezada, em casos mais agressivos, pode trazer riscos
maiores. E o cuidado redobrado com as lentes de contato, tanto no uso quanto na
limpeza e no acondicionamento.
Uma recomendação que vale para
qualquer estação do ano: evite coçar os olhos. Os olhos podem ser porta de
entrada para diversas infecções, inclusive o coronavírus, além dos riscos de
levar vírus e bactérias com as mãos, esfregar os olhos pode predispor a uma
deformidade na córnea conhecida como ceratocone, em que ela, com o tempo, toma
a forma de um cone, deixando a visão turva, com mais sensibilidade à luz e à
claridade em, em casos mais graves, pode demandar transplante de córnea. Aos
alérgicos crônicos, o ideal é procurar tratamento com otorrino e
oftalmologista, tratando na fase inicial as chances de complicações diminuem
bastante.
Conheça alguns dos principais
problemas que podem acometer os olhos no verão e saiba como evitá-los:
Exposição solar - radiação UVB
Os raios ultravioletas B, ou UVB, são
os que causam queimaduras na pele quando exposta ao sol. São eles também que
podem incomodar os olhos, por serem nocivos às células foto receptoras da
retina. “A longo prazo, podem causar uma série de alterações, como degeneração
macular (a mácula é a parte central da retina, responsável pela visão nítida) e
maior incidência da catarata”, explica o doutor Michel Rubin, oftalmologista do
Hospital IPO. A melhor prevenção é o uso de óculos escuros que bloqueiam a
radiação.
Síndrome do olho seco
Ela pode acontecer em qualquer época
do ano, mas o vento, a poeira e o calor excessivo podem ampliar o sintoma.
Devido a fatores hormonais, mulheres em idade pós-menopausa tendem a estar mais
expostas ao problema. “Os sintomas costumam ser olhos vermelhos, aquela
sensação de areia nos olhos e até lacrimejamento”, detalha o Dr. Rubin. Quando
os olhos estão excessivamente secos, o corpo humano tenta gerar lágrimas para
lubrificar a região. Porém, se trata de uma lágrima de baixa qualidade, que não
serve para a lubrificação correta. A indicação é o uso de um colírio
lubrificante e, em casos mais severos, géis mais viscosos ou até mesmo
medicação imunossupressora, com o intuito de aumentar a produção de lágrima ou
implante de plug no ponto lacrimal, visando diminuir a drenagem e
consequentemente aumentar o acúmulo de lágrima. Existem várias formas de olho
seco, através de um exame com o especialista será possível verificar qual o
tipo encontrado e o tratamento proposto que deve ser sempre individualizado.
Irritação Ocular
O cloro utilizado nas piscinas
costuma causar irritação quando entra em contato com os olhos. E o quadro,
normalmente, é de vermelhidão e ardência, como se houvesse algo nos olhos. O
normal, informa o Dr. Rubin, é que esse tipo de incômodo se dissipe em até 30
minutos.
"Olhos vermelhos persistentes,
podem significar uma ampla gama de alterações, sendo a mais famosa a
conjuntivite, porém algumas podem ser graves. Na vigência desta condição o
ideal é sempre procurar um oftalmologista”, acrescenta.
Ceratite por Acanthamoeba
Nunca use lentes de contato em
piscinas, na praia ou em água doce. Elas podem esconder um protozoário chamado
acanthamoeba spp. O parasita pode se alojar na lente e causar uma infecção
muito grave: a ceratite por acanthamoeba. Entre as possíveis consequências do
problema estão a necessidade de transplante de córnea ou até mesmo a perda da
visão. Os cuidados com as lentes de contato precisam ser intensos. “No verão, o
cuidado com as lentes de contato precisa ser redobrado, tanto com a limpeza
quanto com o acondicionamento. E nunca mergulhar de lente”, afirma o
oftalmologista. Use os produtos adequados para a limpeza do material e evite
improvisações com outros itens que não são os indicados para a higienização das
lentes.