A pandemia do Covid-19 fez o cenário de desigualdade social no
Brasil ficar ainda maior. Em Criciúma, no Sul de Santa Catarina, não foi
diferente. Atendendo cerca de 1,5 mil crianças, de 4 meses a 18 anos, o Bairro
da Juventude, instituição com foco na educação, inclusão social, promoção e
proteção dos direitos das crianças e jovens viu a necessidade de buscar novos
caminhos e estratégias de atuação adequadas para o momento atual.
Foi necessária a criação de mecanismos para diagnosticar e
atualizar constantemente a situação familiar dos atendidos, que atingiu a marca
de 900 famílias entre abril e outubro. “Esse movimento gerou um estreitamento
da relação com as famílias e os territórios atendidos. Estivemos muito
presentes e acabamos abrindo os olhos para outras problemáticas”, explica
Anézio Luiz de Souza, diretor técnico e de projetos da ONG.
Para isso acontecer, um comitê foi criado dentro do Bairro da
Juventude para garantir a segurança alimentar, encaminhar adultos para vagas de
emprego, instalar computadores nas casas das famílias com crianças em aula
online, suporte com medicamentos, gás etc.
Desde o mês de abril, dentre os muitos números que chamam a
atenção, estão os mais de 14 mil atendimentos realizados em Criciúma e região
pela instituição social, 127 mil kg de alimentos e 16,6 mil litros de produtos de higiene e limpeza doados, além de 50
famílias de imigrantes atendidas.
A ONG catarinense está entre as instituições que fazem parte do
programa VOA, da Ambev. Há dois anos integrando o VOA, o diretor técnico do
Bairro da Juventude afirma que aprenderam muito sobre
comunicação e que isso foi de extrema importância nesse momento de crise.
“Assim que começou a pandemia montamos um comitê de movimento e a
primeira ação que tomamos foi de intensificar e criar mais canais de
comunicação com os diferentes públicos de relacionamento do BJ. Acreditamos que
esse movimento foi vital para criarmos ainda mais conexão com as necessidades
das famílias e conseguirmos envolver o público estratégico para desenvolver as
ações propostas”, coloca ele.
Outro aspecto que o programa colaborou foi o acompanhamento
constante aos indicadores, responsável por manter a receita e gerar equilíbrio
financeiro. “O apoio do programa VOA nos inspirou a sonhar grande e criar
desafios até então distantes de nossa realidade, permitiu ter alguém externo
que nos auxiliou, provocou e acompanhou nesse processo, gerando uma energia e
cumplicidade nunca experimentada pelo time”, salienta Anézio. Para a ONG,
a maior contribuição foi o crescimento institucional, com acesso a ferramentas
e processos de gestão que estão sendo gradativamente incorporados para todas as
áreas da organização. “Contribuiu ainda para que pudéssemos inspirar em
diferentes públicos o desejo de transformar o mundo”, finalizou o diretor.