As mudanças de comportamento que a pandemia do
novo Coronavírus e o isolamento social trouxeram à realidade é pauta em todos
os setores. E com essa nova realidade, a indústria da moda, por sua natureza
mais vulnerável, é uma das mais afetadas. Segundo dados do Infomoney, referente
ao final do mês de março deste ano, a indústria têxtil teve uma queda de 91%.
Isso se deve ao fechamento do comércio de serviços não essenciais e à crise
econômica causada pelo desemprego e pela paralisação da atividade de produção.
No mercado da moda há 15 anos, o especialista em marketing e
branding, D.J. Castro já colaborou com marcas conhecidas como Beagle, Von der
Volke, Dudalina e entre outras. Ele analisa que, ao mesmo tempo em que a
indústria da moda é uma das primeiras a serem afetadas, é também uma das que
mais tem chances de se reinventar e responder rápido ao "novo
normal". “Por mais que não sabemos a duração da pandemia, saber lidar com
esse momento e enxergar as inúmeras possibilidades com a crise imposta por ela,
é essencial. Oportunidades virão, e agarrá-las para inovar no setor é
imprescindível”, apronta Castro.
Etapas da
crise
Segundo a Fundação Instituto de Administração
(FIA), em nível macroeconômico, a crise econômica provocada pela Covid-19 se
divide em quatro etapas: recolhimento, replanejamento, retomada e sustentação
de empresas. Mas o que chama atenção de muitas pessoas, empreendedores,
gestores e stakeholders é o crescimento significativo de alguns segmentos, e a
criação de novas empresas, principalmente, no cenário da moda.
Os conceitos de inovação, destruição criativa e geração de
valor foram usados por empresas de forma inteligente para criar novos espaços,
conquistar mercados e novos negócios em plena crise. “Os consumidores são a
chave de toda mudança. A forma como consumimos é o que vai definir o novo
formato da moda, a população é que mudará a cultura do consumo”, conta Castro.
O especialista cita alguns exemplos de marcas catarinenses
que inovaram em meio à crise econômica da Covid-19.
Free Force
Uma empresa genuinamente brasileira que tem sede em Pomerode,
Santa Catarina. É uma loja de roupas e acessórios de alta tecnologia para
ciclistas, com matéria prima de ponta e design exclusivo, que resultam em
produtos de qualidade superior para todos que andam de bicicleta. D.J Castro
explica que atuou diretamente no marketing digital da empresa buscando enxergar
a demanda do público alvo. “Andar de bicicleta virou uma prática de lazer na
pandemia pois é um esporte que permite diversão e que não causa aglomero
social”, aponta o especialista.
“Pensando nisso, foi feita a reestruturação de estratégias da
empresa, buscando ter uma equipe de vendas mais especializada e próxima do
cliente, resultado em um aumento efetivo de demanda para produtos de ciclismo ofertados
pela merca. Para gerar mais resultados, também foram feitos conteúdos
específicos para as redes sociais, com promoções para se conectar com o
consumidor final. O resultado foi o crescimento do engajamento do público,
especialmente no início da crise. A marca evoluiu no relacionamento com os
clientes, lançando novos produtos, intensificando o engajamento nas redes
sociais com uma equipe de atendimento e comercial mais presente e disponível
para lojistas, gerando, assim, um crescimento de mais de 50% nas vendas
diretas”, explica Castro.
Bandana
Brasil
Produto simples, de alto apelo e giro rápido, a Bandana
Brasil, empresa de Pomerode (SC), foi criada no meio da pandemia para vender
bandanas e acessórios criativos. A empresa desenvolveu uma bandana multiuso que
pode ser utilizada, inclusive, como máscara e atende atletas que precisam
respirar melhor durante a prática de esportes, e que não se adaptaram com o uso
de máscaras de tecido coladas ao rosto. A empresa começou as operações em maio
de 2020 e já está vendendo nas regiões sul e sudeste, em dezenas de lojas.
O especialista conta que ao auxiliar no desenvolvimento e
estratégias da marca foi possível desenvolver identidade e conceito da marca,
bem como a abordagem de venda. “A Bandana Brasil foi um negócio criado do zero
em plena pandemia do novo Coronavírus. Ela veio da necessidade do público, algo
multifuncional que serve como máscara e bandana”, conta D.J. Castro.
Flanela
Outfog
A Outfog, empresa de Blumenau (SC), desenvolveu uma flanela
com características específicas para resolver um problema que surgiu com a
obrigatoriedade de uso das máscaras. A flanela Outfog possui compostos
orgânicos que favorecem a formação de um filme sobre a lente que altera a
tensão superficial da água, quebrando assim as microgotículas que causam o
embaçamento.
Recomendada para óculos de grau, óculos de sol, óculos de
natação, visor de capacete, vidro de carro e óculos de snowboard, a flanela
antiembaçante possui boa aderência na lente por até 36 horas, e pode ser utilizada
por até 500 vezes. O produto foi lançado em junho de 2020 e já está sendo
vendido em centenas de lojas em todo território brasileiro. O produto se
transformou em um chamariz de clientes para as óticas que tinham movimento
reduzido após a quarentena e conseguiram atrair mais clientes para conhecer a
novidade.
“Essa marca também nasceu da necessidade do público, tanto
das óticas como das pessoas que utilizam óculos. A estratégia inicial foi
focada nas óticas, sendo uma marca de produtos inovadores. Nesse processo, com
a orientação estratégica, suporte e consultoria, desde que a flanela foi
lançada, já são mais de 200 mil unidades vendidas e cerca de quatro mil pontos
de venda distribuídos em todo o Brasil. Atendendo uma necessidade imediata, a
flanela já está no top 10 da Loja Integrada, plataforma de e-commerce para
criação de lojas virtuais voltada para pequenas e médias empresas”, conta
Castro.
Inovação é a
chave para combater a crise
D.J Castro conta que as marcas que têm tido mais sucesso
nesses tempos complexos são as que tem por trás uma cultura de
inovação. “Muito mais do que ter um setor de inovação, a cultura é
fundamental para construir um ambiente favorável ao desenvolvimento de ideias e
a criação de novas propostas de valor para o mercado. As empresas que têm a
cultura inovadora sempre conseguem sair na frente e reagir com mais rapidez às
mudanças de mercado”.
Hoje é preciso entender que as empresas que desejam passar
por esse momento precisam seguir novos parâmetros, e que um "novo normal" virá. “Para muitas empresas esse novo normal significará o desaparecimento.
Quando um setor tem um choque de demanda e os consumidores não podem mais
consumi-lo, infelizmente é preciso se reinventar e buscar novas formas de
existir, e isso se chama inovação”, explica.
Para Castro, as empresas que inovarem, entrarem para o online
e planejarem, irão sair na frente. “São essas empresas que conseguem unir as
pessoas para repensar as estratégias, reconfigurar os recursos, se reconectar
com o público para gerar novos negócios, mesmo na crise. Para atender as
mudanças de comportamento dos consumidores e suas novas necessidades, é
necessário inovar em produtos e serviços, criar processos, desenvolver novos
mercados e repensar os modelos de negócios”, conclui Castro.
Sobre D.J.
Castro
Especialista há 15 anos no setor da moda, Castro é graduado
em Propaganda e Marketing pela ESPM de São Paulo. Pós-Graduação em Design pela
Escola de Belas Artes de São Paulo. MBA em Negócios da Moda pelo IBMODA-SC e
tem especialidade em Gestão de Negócios e Marketing pela Fundação Dom Cabral.
D.J. Castro é sócio-proprietário da Nexia Branding - empresa
de consultoria estratégica focada na criação, construção e transformação de
marcas – na qual atua como consultor de gestão de marcas e marketing
estratégico. A Nexia Branding foi fundada em 2012 com a proposta de unir gestão
estratégica de marcas e marketing para gerar inovação e transformar negócios. A
empresa já desenvolveu projetos para marcas como Decanter, Cerveja Blumenau,
HBSIS, Grupo Unite, Beagle, Von der Volke, entre outros.
Desenvolveu projetos de marketing e campanhas de comunicação
para marcas de atuação nacional como Natura, Estadão, Americanas.com, Unibanco,
Bradesco Seguros, Telemig Celular, Amazônia Celular, Audi, entre outras.