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Entre tantas Marias

05/08/2020    Luciana Amarante

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Maria Montessori


Maria, um dos nomes mais comuns do mundo há séculos, usado como segundo nome e até em conjugação com nomes masculinos. A versão francesa Marie e a inglesa Mary também são usadas com frequência no Brasil.
Segundo o dicionário de nomes próprios, on-line, Maria significa “senhora soberana”, “vidente” ou “a pura”. Nome de origem duvidosa, um dos palpites de sua procedência é do hebraico Myriam, que significa “senhora soberana" ou "a vidente”; também é possível que derive do sânscrito Maryá, devota “a pureza", "a virtude", "a virgindade”, outra possibilidade é que veio da raiz egípcia mry, que significa “amar”.
Da letra escrita por Milton Nascimento e Fernando Brant: Maria, Maria | É um dom, uma certa magia, | Uma força que nos alerta – já cantavam Clube da Esquina (1978) e eternizada na voz de Elis Regina (1980) e Mercedes Sosa (1983) – essa música consegue dizer o que quase nunca é dito sobre a mulher de forma simples, direta e verdadeira. Simboliza a força da mulher, a letra foi guiada por uma pessoa real, a Maria mulher simples, mãe de três filhos e morava na beira de um trem; colocava as crianças para estudar, cuidava deles... não desistia nunca e tinha muita gana.
Ah, Marias! Maria Clara, Maria das Graças, Maria Da Luz, Maria da Penha, Maria das Dores, Maria Solitude, Maria de Nazaré, Maria Montessori!
Na Itália, cidade de Chiaravalle, no dia 31 de agosto de 1870 nasceu Maria Tecla Artemisia Montessori, filha única que se tornou uma educadora, médica e pedagoga. Conhecida na atualidade pelo método educativo que desenvolveu o qual leva seu nome – usado ainda hoje em escolas públicas e privadas pelo mundo todo.
Desde muito jovem, Maria manifestou interesse pelas matérias científicas, em 1896 formou-se em medicina na Universidade de Roma escolha que a levou a ser uma das primeiras mulheres da Itália com tal formação. Mas, proibida de exercer a medicina – na época não se admitia uma mulher examinando o corpo de um homem – iniciou um trabalho com crianças que apresentavam necessidades especiais na clínica da universidade, e depois experimentou em crianças sem comprometimento algum tendo excelentes resultados de desenvolvimento na aprendizagem. Em seu trabalho, ela destaca a importância da liberdade, da atividade e do estímulo para o desenvolvimento físico e mental das crianças. Para Maria Montessori, liberdade e disciplina se equilibram, não sendo possível conquistar uma sem a outra. Adaptou o princípio da autoeducação, com intervenção mínima dos professores, pois a aprendizagem teria como base o ambiente e o material didático.
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Maria Montessori e seu filho Mario

Maria viveu momentos de extrema alegria e inquestionáveis tristezas. Na escola, trabalhava com Dr. Giuseppe Montesano, com quem manteve um relacionamento amoroso e deu à luz a um filho, Mario. O Dr. Montesano casou-se com outra mulher por influência de sua família. Mario foi proibido de viver com sua mãe sendo criado por uma família no campo, perto de Roma, e o acontecimento foi abafado. Maria demitiu-se da escola e abandonou seu trabalho bem-sucedido. Pressionada a abrir mão do próprio filho, foi impossibilitada de dividir com ele suas extraordinárias descobertas que ajudariam os filhos de outras pessoas no mundo inteiro. Durante quinze anos, ela visitou Mario regularmente, sem se identificar como mãe. Somente depois de adulto Mario foi viver com a mãe.
Nesta época, Maria transformou sua tristeza em um objetivo de vida: melhorar a educação das crianças. Na Universidade de Roma estudou tudo que pode para entender melhor como as crianças aprendem – cursos de psicologia, antropologia, higiene e pedagogia. Visitou inúmeras escolas infantis, observando as ações dos professores e as reações dos alunos. As escolas deste período adotavam o método estilo militar: grandes números de alunos sentados em fileiras diante de um professor que ensinava todos ao mesmo tempo. Instintivamente rejeitou este modelo de passividade dos alunos, o sistema de recompensas e punições.
Maria era mais que uma filósofa educacional, responsável pela criação do Método Montessori de aprendizagem, composto especialmente por um material de apoio em que a própria criança ou professor observa e faz as vinculações adequadas. Sua primeira escola foi para crianças de risco de rua a Casa dei Bambini.
Em uma escola montessoriana as crianças se desenvolvem através da liberdade de movimento. Percebe-se a concentração intensa e profunda dos alunos que escolhem livremente suas atividades. Com materiais montessorianos, as crianças aprendem habilidades importantes sozinhas, observadas sempre por um adulto preparado e ganham independência com o espírito libertador de Maria Montessori.
A mais profunda intuição da educadora, foi entender cientificamente como a criança aprende, e com isso, a relação entre o adulto e a criança na sociedade. Para viver em um mundo pacífico é imprescindível nutrir bons valores dentro das pessoas, começando ao nascer. Tendo como premissa que a sociedade é responsável pelo trabalho de criação do ser humano que tipo de adulto cria a criança?  O comportamento da criança não é a questão desta reflexão; e sim entender a ação do adulto ao tratá-la. A busca da não-violência como modo de vida, preconiza melhores modelos para elas, onde quer que vejam e interajam com o adulto na sociedade, sejam pais ou não. Elas vão assimilar o modelo. Fica a reflexão: Se uma criança estivesse assistindo suas ações hoje, o que aprenderia com você?



 

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