Maria, um dos nomes mais comuns do mundo há séculos, usado
como segundo nome e até em conjugação com nomes masculinos. A versão
francesa Marie e a inglesa Mary também são
usadas com frequência no Brasil.
Segundo
o dicionário de nomes próprios, on-line, Maria significa “senhora soberana”, “vidente” ou “a pura”.
Nome de origem duvidosa, um dos palpites de sua procedência é do hebraico
Myriam, que significa “senhora soberana" ou "a vidente”; também é
possível que derive do sânscrito Maryá, devota “a pureza", "a virtude", "a
virgindade”, outra possibilidade é que veio da raiz egípcia mry,
que significa “amar”.
Da
letra escrita por Milton Nascimento e Fernando
Brant: Maria, Maria | É um dom, uma certa magia, | Uma força que nos
alerta – já cantavam Clube da Esquina (1978) e eternizada na voz de Elis Regina
(1980) e Mercedes Sosa (1983) – essa música
consegue dizer o que quase nunca é dito sobre a mulher de forma simples, direta
e verdadeira. Simboliza a força da mulher, a letra foi guiada por uma pessoa
real, a Maria – mulher simples, mãe de
três filhos e morava na beira de um trem; colocava as crianças para estudar,
cuidava deles... não desistia nunca e tinha muita gana.
Ah,
Marias! Maria Clara, Maria das Graças, Maria Da Luz, Maria da Penha, Maria das
Dores, Maria Solitude, Maria de Nazaré, Maria Montessori!
Na Itália, cidade de Chiaravalle, no dia 31 de agosto de 1870
nasceu Maria Tecla Artemisia Montessori, filha única que se tornou uma
educadora, médica e pedagoga. Conhecida na atualidade pelo método educativo que
desenvolveu o qual leva seu nome – usado ainda hoje em escolas públicas e
privadas pelo mundo todo.
Desde muito jovem, Maria manifestou interesse pelas matérias
científicas, em 1896 formou-se em medicina na Universidade de Roma escolha que
a levou a ser uma das primeiras mulheres da Itália com tal formação. Mas,
proibida de exercer a medicina – na época não se admitia uma mulher examinando
o corpo de um homem – iniciou um trabalho com crianças que
apresentavam necessidades especiais na clínica da universidade, e depois
experimentou em crianças sem comprometimento algum tendo excelentes resultados
de desenvolvimento na aprendizagem. Em seu
trabalho, ela destaca a importância da liberdade, da atividade e do estímulo
para o desenvolvimento físico e mental das crianças. Para Maria Montessori,
liberdade e disciplina se equilibram, não sendo possível conquistar uma sem a
outra. Adaptou o princípio da autoeducação, com intervenção mínima dos
professores, pois a aprendizagem teria como base o ambiente e o material didático.
Maria Montessori e seu filho Mario
Maria
viveu momentos de extrema alegria e inquestionáveis tristezas. Na escola,
trabalhava com Dr. Giuseppe Montesano, com quem manteve um relacionamento
amoroso e deu à luz a um filho, Mario. O Dr. Montesano casou-se com outra
mulher por influência de sua família. Mario foi proibido de viver com sua mãe
sendo criado por uma família no campo, perto de Roma, e o acontecimento foi
abafado. Maria demitiu-se da escola e abandonou seu trabalho bem-sucedido.
Pressionada a abrir mão do próprio filho, foi impossibilitada de dividir com
ele suas extraordinárias descobertas que ajudariam os filhos de outras pessoas
no mundo inteiro. Durante quinze anos, ela visitou Mario regularmente, sem se
identificar como mãe. Somente depois de adulto Mario foi viver com a mãe.
Nesta
época, Maria transformou sua tristeza em um objetivo de vida: melhorar a
educação das crianças. Na Universidade de Roma estudou tudo que pode para
entender melhor como as crianças aprendem – cursos de psicologia, antropologia,
higiene e pedagogia. Visitou inúmeras escolas infantis, observando as ações dos
professores e as reações dos alunos. As escolas deste período adotavam o método
estilo militar: grandes números de alunos sentados em fileiras diante de um
professor que ensinava todos ao mesmo tempo. Instintivamente rejeitou este
modelo de passividade dos alunos, o sistema de recompensas e punições.
Maria era mais que uma filósofa educacional, responsável
pela criação do Método Montessori de aprendizagem, composto especialmente
por um material de apoio em que a própria criança ou professor observa e faz as
vinculações adequadas. Sua primeira escola foi para crianças de risco de rua – a Casa dei Bambini.
Em uma escola montessoriana as crianças se desenvolvem
através da liberdade de movimento. Percebe-se a concentração intensa e profunda
dos alunos que escolhem livremente suas atividades. Com materiais
montessorianos, as crianças aprendem habilidades importantes sozinhas,
observadas sempre por um adulto preparado e ganham independência com o espírito
libertador de Maria Montessori.
A mais profunda intuição da educadora, foi entender
cientificamente como a criança aprende, e com isso, a relação entre o adulto e
a criança na sociedade. Para viver em um mundo pacífico é imprescindível
nutrir bons valores dentro das pessoas, começando ao nascer. Tendo como
premissa que a sociedade é responsável pelo trabalho de criação do ser humano – que tipo de adulto
cria a criança? O comportamento da criança não é a questão desta
reflexão; e sim entender a ação do adulto ao tratá-la. A busca da
não-violência como modo de vida, preconiza melhores modelos para elas, onde
quer que vejam e interajam com o adulto na sociedade, sejam pais ou
não. Elas vão assimilar o modelo. Fica a reflexão: Se uma criança
estivesse assistindo suas ações hoje, o que aprenderia com você?