A empresa Azul Linhas Aéreas já demonstrou claro interesse em oferecer essa linha na cidade
Um encontro foi marcado para esta quarta-feira (21), às 16h, em Brasília, destino traçado para tratar sobre uma reivindicação que atormenta as classes empresarial e política não somente de Lages, mas da região serrana: a inexistência de um voo diário de Lages para São Paulo, capital. O prefeito Elizeu Mattos comandou a comitiva municipal na capital federal. E assim teve fim nesta tarde a agonia e a apreensão dos lageanos: o governo federal, através da Secretaria Nacional de Aviação Civil, confirmou que Lages está autorizada a receber voos com destino a São Paulo.
O grupo lageano participou de reunião com o ministro-chefe da Secretaria Nacional de Aviação Civil, Eliseu Padilha, além de técnicos da Secretaria Nacional, os deputados federais Ronaldo Benedet e Mauro Mariani (PMDB); Carmen Zanotto (PPS); e do senador Dário Berger. O presidente do PMDB de Rio do Sul, Mario Matos, também participou da audiência.
A comissão municipal esteve composta, da parte técnica, pelo gestor do aeroporto federal Antônio Correia Pinto de Macedo, Klaus Ramos Klinger; gestor de segurança George Francisco Picinato; o presidente da Câmara de Vereadores, Adilson Appolinário; membros da Associação Empresarial de Lages (Acil), Anderson de Souza e Geovani Fornari; e da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Luiz Antonio Figueiredo. O assunto foi retomado na semana passada quando Elizeu coordenou o encontro com o ministro-chefe e novamente esteve à frente da comitiva na audiência desta quarta-feira.
De acordo com as autoridades, a viagem foi ensejada para que fosse solicitada a autorização de início da operação de voos comerciais em Lages até que as obras do aeroporto regional do Planalto Serrano estejam prontas e a estrutura finalmente seja inaugurada pelo governo do Estado. Em Lages, a empresa Azul Linhas Aéreas já demonstrou claro interesse em operar voos diários até São Paulo.
A previsão é que a operação seja iniciada no começo de 2016. “Agora é correr contra o tempo e unir forças para a burocracia ser agilizada. A reunião esteve acima do esperado. O ministro mostrou preocupação e técnicos municipais e federais debateram os detalhes”, revela Elizeu.
Prevê-se a operação a partir de uma aeronave ATR-72, com capacidade de 70 lugares. “Não iremos medir esforços e nem hesitaremos em tomar medidas para agilizar essa questão. No que depender do Município, agiremos prontamente para que sejam viabilizados e efetuados os voos. A cidade ganhará com isso”, reitera o prefeito.
Algumas pendências necessitam ser equacionadas para que seja dada a largada para a operação no aeroporto federal. Entre elas estão à necessidade da aquisição de um equipamento de raios X voltado à inspeção de bagagens. Compreende uma compra federal. A parte burocrática de documentação do processo licitatório de aquisição está praticamente finalizada.
Mais infraestrutura
De acordo com Klaus Klinger, o barracão da empresa de alimentos frios instalada às margens da BR-282, em frente ao trevo de acesso ao aeroporto, já está em processo de desmanche após a questão ter sido intermediada pela administração de Lages, com negociação via Procuradoria-Geral do Município. “A empresa retirou suas câmeras frias. Com a retirada da estrutura, o aeroporto voltará a ter o recuo de cabeceira de 260 metros, algo relacionado à cabeceira 3 – 4, para pouso, conforme a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), pois a edificação atrapalha a operação, segundo a própria Agência”, relata.
Outra pendência resolvida se refere à aquisição de um caminhão de bombeiros para combate a incêndio. O caminhão tem o custo de R$ 1,8 milhão e faz parte de um convênio com o governo federal mediante repasse financeiro. A Aviação Civil irá doar o veículo. Quando o Aeroporto Regional for inaugurado, o caminhão deverá ser deslocado para Correia Pinto. O aeroporto já conta com uma estação meteorológica, sendo que o Município irá licitar uma estação dotada de maior modernização. Mas a atual não impede que a operação de voos seja iniciada.
Intervenção junto ao governo do Estado
O governo do Estado será acionado a partir deste ponto de decisão federal, onde o próprio ministro entrará em contato com Raimundo Colombo, a exemplo da comitiva que esteve em Brasília. “Com essa notícia, marcaremos uma audiência com o governador Raimundo Colombo, que desde o início deste processo se mostrou favorável. A reunião com o governador terá como objetivo solicitar incentivos (subsídio) para o abastecimento (combustível) da aeronave, para obtermos passagens com menores valores e competitividade com outros aeroportos, além de acertarmos outros detalhes”, pontua Elizeu.
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda, Juliano Chiodelli, acredita que basta somente perceber o que os voos em Chapecó (SC) e Passo Fundo (RS) significam para o desenvolvimento de suas regiões para compreender-se o processo pelo qual Lages passará com seus voos comerciais. “Será um novo capítulo em sua história”, resume. Além dos voos de Lages a São Paulo, tratou-se na reunião com Padilha sobre o Aeroporto Regional do Planalto Serrano, com a presença do prefeito de Correia Pinto, Vânio Forster.
O que diz o empresariado
O presidente da Acil, Luiz Spuldaro, defende que em primeiro lugar é crucial que haja voos diários de Lages a São Paulo, o maior e principal centro econômico-financeiro do Brasil, para onde se deslocam os dirigentes dos maiores empreendimentos de Lages e da Serra, como JBS Foods, Vossko, Ambev, Klabin, e Kimberly-Clark, além dos líderes políticos que se deslocam até Brasília para comunicar demandas e reivindicar recursos para obras públicas. “Precisamos agilizar o início da atividade do aeroporto regional junto ao governador e a do aeroporto federal com o prefeito Elizeu. É certo que o aeroporto de Correia Pinto não começará a operar este ano, pois a previsão é que demore um pouco mais”, diz.
Para ele, a melhor saída para a cidade não ficar desamparada é o início imediato da operação de voos em Lages pelo menos até que o de Correia Pinto esteja liberado e funcionando, mesmo que haja uma transferência de voos posteriormente. Ele salienta que primeiramente é imprescindível criar-se uma cultura em Lages de utilizar o avião como meio de deslocamento. “A procura que recebemos na Acil é estrondosa. Não somente os empresários têm de viajar, mas nossos fornecedores e clientes também desejam nos visitar. Esta é uma questão de comunicação, negócios e desenvolvimento”, reflete.
Spuldaro recorda que num raio de 230 quilômetros há aeroportos somente em Florianópolis ou Navegantes. “O Litoral e o Oeste têm seus aeroportos. As regiões do Meio-Oeste, Alto Vale e principalmente a Serra precisam urgentemente de respostas. Com certeza teremos lotação total desde que os voos sejam bem divulgados, pois é muito complicado os empresários terem de se deslocar toda vez até Florianópolis para então embarcar com destino a Brasília”, entende.
O presidente da Câmara de Vereadores, Adilson Appolinário, seguiu na comitiva municipal. O chefe do poder Legislativo observa que no período de dois mandatos como vereador este é um dos grandes pedidos da população: voos permanentes saídos de Lages. “Será um grande marco para o desenvolvimento do município. Diminuir esta distância, a manobra e o desgaste de viajar até a capital do Estado será um ganho imenso. Será o sinônimo de um futuro próspero para Lages e região. Estamos ansiosos pelo voo inaugural”, aponta.
O prefeito Elizeu Mattos comandou a comitiva municipal na capital federal.
(Foto: Divulgação)