Lages foi a primeira cidade do Estado que conseguiu a liberação de gasolina para a comunidade, abastecendo quatro postos. Uma ação judicial será aberta para a liberação de novas cargas
Foi realizada, na tarde desta terça-feira (29 de maio) no gabinete do prefeito Antonio Ceron, a primeira reunião do Gabinete de Crise no Município, abordando assuntos pertinentes à paralisação dos caminhoneiros, que acabou ocasionando transtornos como o desabastecimento e escassez de insumos na região. O comitê formado conta com a participação de secretários municipais, Polícia Militar, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal Polícia Ambiental, Polícia Civil, Exército, Corpo de Bombeiros, Agência de Desenvolvimento Regional (ADR), Transul, representantes dos supermercadistas, além de outras entidades e instituições.
Todos com um objetivo em comum, avaliar a real situação do Município, os impactos à população e encontrar soluções emergenciais para garantir a manutenção dos serviços essenciais. Neste momento a maior preocupação do prefeito é além de garantir o atendimento por parte dos órgãos públicos e instituições, dar suporte à comunidade que está sofrendo as consequências do movimento.
O ponto mais crítico, além da falta de combustível, é quanto ao desabastecimento de gás de cozinha às residências e condomínios, além da escassez de alimentos nos supermercados, que começa a dar sinais de agravamento, caso a paralisação se estenda ao longo dos dias. Algumas providências serão tomadas pela Defesa Civil e Procuradoria do Município, para que as cargas de gás cheguem à cidade, nem que para isso seja necessária a escolta das forças de segurança.
Na área da Saúde, segundo informações da Secretária Odila Waldrich, as 47 unidades de saúde do município estão de portas abertas, embora em regime de economia. Os estoques de oxigênio e soro estão garantidos por mais uma semana, mas podem faltar insumos como gases e seringas, tanto para as unidades como para os hospitais. “Nestes dias a procura pelas unidades e pelo Pronto Atendimento está muito menor, mas se a paralisação passar de mais uma semana, a situação fica bastante crítica”, diz Odila.
Na Educação, as aulas nas redes municipais e estaduais nos 18 municípios da região serrana, incluindo Lages, foram suspensas esta semana. No final da tarde de sexta-feira dirigentes voltam a se reunir para avaliar o retorno na segunda-feira. Nesta segunda-feira a Defesa Civil municipal acompanhou o transporte de 18 mil litros de leite que estavam em caminhões parados em Campos Novos, direcionados à merenda dos Centros de Educação Infantil Municipal (Ceims) e Escolas Municipais de Educação Básica (Emebs) de Lages. “O que mais preocupa realmente é o gás de cozinha. Há uma possibilidade de buscar uma carga em Joaçaba”, afirma a secretária da Educação, Ivana Michaltchuk.
A informação da Transul é de que a frota vai circular com restrição de horários a partir desta quarta-feira (30 de maio), sendo mantido horário normal nos horários entre picos, e de uma em uma hora nos demais horários. Sábado o transporte coletivo será mantido com horário de domingo, assim como no feriado (31 de maio). Com esta contenção, a previsão é que o transporta coletivo tenha combustível suficiente para operar até quarta-feira (6 de junho).
Liberação de combustível foi paliativa
O comandante da 2ª Região de Polícia Militar, Moacir Gomes, afirma que até agora foram realizadas aproximadamente 20 escoltas de caminhões carregados com insumos na região. Está sendo dada prioridade a materiais hospitalares, gás de cozinha e insumos para o agronegócio.
Santa Catarina está entre os Estados com maior resistência dos grevistas. Diálogos exaustivos e negociações com os manifestantes se dão a todo o momento. “Nossa maior dificuldade é que não existe uma única liderança, alguns comandos são mais radicais que outros, e a cada dia novas negociações precisam ser iniciadas”, diz o Coronel.
Lages foi a primeira cidade do Estado que conseguiu a liberação de gasolina para a comunidade, abastecendo quatro postos: Ouro Preto, Duque, Ampessam e o posto Peruzzo. Assim que os motoristas souberam das cargas que chegaram, filas quilométricas se formaram e logo o combustível foi escasso. “Hoje o cenário é diferente e tivemos resposta negativa, pois alguns líderes entenderam que esta liberação enfraquece o movimento. A orientação é para que não sejam usadas forças de segurança e as negociações sejam na base do diálogo”, afirma.
A Procuradoria do Município acompanha atentamente medidas judiciais intentadas por entidades representativas das distribuidoras de postos de combustíveis, e se necessário entrará com medidas judiciais na defesa dos interesses do município.
Fotos: Greik Pacheco