A cidade mais alemã do Brasil está
novamente no centro das atrações da mídia nacional. Dessa vez, é por conta do
reconhecimento do registro de Indicação Geográfica (IG), que foi solicitado
pela Associação das Indústrias Produtoras de Linguiça Blumenau (ALBLU) e
concedido pelo Instituto Nacional de propriedade Industrial (INPI).
A partir dessa publicação, apenas
a linguiça produzida com carne suína pura e defumada de 16 municípios catarinenses
poderá se chamar Linguiça Blumenau. Um dos municípios contemplados é Pomerode,
onde fica a Olho Embutidos que, este ano, está completando 90 anos e foi uma
das primeiras na produção de Linguiça Blumenau no Vale do Itajaí.
A tradição da receita da linguiça
Blumenau, que ainda é usada atualmente, com produção de forma artesanal, e a
conquista do IG, trouxeram a equipe do Globo Rural a Pomerode. Durante 3 dias,
eles gravaram uma matéria que será exibida para todo o Brasil, no mês de março.
Na matéria, eles vão mostrar todo o processo para a produção: desde como
os suínos são criados, a forma de abate até como se produz a linguiça mais
famosa da região.
O diretor da Olho Embutidos, Luiz
Antonio Bergamo, explica que o reconhecimento de IG significa que só será
considerada Linguiça Blumenau a que for produzida com carne pura suína
defumada, seguir as regras do caderno de especificações técnicas, ser num
desses 16 municípios contemplados nas regiões do Vale do Itajaí e do Alto Vale
do Itajaí, e possuir a autorização da ALBLU para ter o nome Linguiça Blumenau
no rótulo.
A IG abrange 16 municípios
catarinenses do Vale do Itajaí (Gaspar, Blumenau, Pomerode, Timbó, Indaial, Rio
dos Cedros, Doutor Pedrinho, Benedito Novo, Rodeio) e do Alto Vale do Itajaí
(Presidente Getúlio, Ibirama, Rio do Sul, Lontras, Aurora, Agronômica e Laurentino).
Desde 2020 a ALBLU vinha requisitando esse reconhecimento, que foi possível
através da parceria com o Sebrae.
Segundo a documentação apresentada
ao INPI, o nome geográfico Blumenau passou a identificar o produto cuja origem
e características estavam diretamente relacionadas ao processo de colonização
alemã na região, fruto da adaptação de um saber trazido pelos imigrantes,
tornando-se autêntico, emblemático e típico da localidade.
A produção desta linguiça defumada
abrange o território original do município de Blumenau em 1894, conforme
demonstrado na documentação. Originalmente, visava ao autoconsumo, preservando
a carne suína produzida pelos colonos. A linguiça, então, se estabeleceu como
um produto típico da região e gradativamente passou a ser comercializada,
alcançando, inclusive, outros estados.
Além disso, a linguiça oriunda de
Blumenau mantém uma uniformidade em sua produção na área delimitada, com base
no saber fazer tradicional dos produtores, mas que se modernizou ao longo dos
anos, observando as normas sanitárias vigentes.
“É bom lembrar também que todas as
cidades contempladas faziam parte da região de Blumenau, em 1894, e por isso
esse nome, mesmo que não seja produzida atualmente no município de Blumenau”,
explica Bergamo.
Ainda de acordo com a documentação
enviada ao INPI, a linguiça de Blumenau é fruto das "representações
étnicas, típicas, tradicionais e culturais, ligadas ao consumo e ou à produção
da linguiça Blumenau na região, portanto, marcados geograficamente pelas 'festas
étnicas da cultura alemã', onde a gastronomia típica se manifesta com pratos e
receitas com a linguiça Blumenau.
A Linguiça Blumenau tem uma
presença tão forte na culinária da região que até na cuca ela é utilizada. A
equipe do Globo Rural gravou, inclusive, o processo de produção dessa cuca de
sabor diferenciado na Delicaten Biscoitos e Cucas, com a dona Elia Maske.