Um piso de madeira que, até então, já tinha cumprido o seu
papel. Um cantinho que só iria atrapalhar o ambiente, uma vez que não teria
nenhum uso. Até parece que estamos diante de duas situações problemáticas. Mas
não! A arquiteta Bruna Tuon Sposito, do Sum + Studio, fez destes dois elementos
os destaques do seu ambiente "Que seja Casa", em cartaz na CASACOR SC.
Com um olhar sensível, a profissional colocou em prática a
essencial arquitetura sustentável. Trabalhar tal conceito é imprescindível para
evitar a extração descontrolada de materiais e a degradação do solo, entre
outros cuidados que são urgentes.
No que diz respeito ao piso, parafraseando o cantor Caetano
Veloso, ela usou todo o seu "grande poder transformador" para dar-lhe
uma nova vida. Ao removê-lo de uma obra há quatro anos, sentiu que poderia ser
reaproveitado em um momento especial. E assim o fez. Decidiu utilizá-lo na sua
estreia na CASACOR e tornou o revestimento um dos grandes destaques do
ambiente. "É um taquinho de 24 x 7 cm, uma mistura das madeiras peroba e
canela", conta.
Retirado de um apartamento, o material esperou o seu tempo
para voltar a brilhar e foi aplicado com a paginação espinha de peixe.
"Ainda lixamos o piso e aplicamos resina fosca", comenta a
profissional.
Outra aula de sustentabilidade dada por Bruna no espaço
surgiu, curiosamente, de um susto. Depois de dividir o projeto em setores,
pensando em um circuito bem fluido, ela deu de cara com uma sapata (parte da
fundação do espaço) na área dos fundos. Foi aí que veio um plot
twist sustentável.
Em vez de fazer obras para tentar remediar o problema, a
arquiteta alterou o que havia planejado e decidiu aproveitar o espaço para
criar um charmoso jardim de inverno. "Aprendi que o acaso pode se
transformar em uma oportunidade. Hoje vejo que se não houvesse o jardim, o
projeto não seria o mesmo", ressalta.
A preservação do meio ambiente, por meio do
reaproveitamento de materiais e do espaço, se fez presente por aqui. E quem
ganha somos todos nós.