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Encontro de deep biotechs apresenta soluções disruptivas brasileiras nas áreas de saúde e agronegócio

06/10/2023    Gustavo Siqueira

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A cidade de Florianópolis, em Santa Catarina, recebeu dezenas de cientistas, empresários e investidores nesta semana no encontro de deep biotechs promovido pela Vesper Ventures, uma venture builder que aposta em startups de biotecnologia avançada. O Vesper Annual Meeting foi realizado nos dias 25 e 26 de setembro no Espaço +UM, onde está o polo de biotecnologia da empresa.
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Entre os palestrantes convidados, nomes de peso como Dr. Jorge Kalil, professor Titular e Chefe de Imunologia Clínica e Alergia da Faculdade de Medicina da USP e Membro da Academia Brasileira de Ciências; Dário Guarita, cofundador da ECOA Capital e Presidente do Conselho Urbem; Rogerio Vivaldi, CEO da Sigilon Therapeutics, Inc. e membro do conselho administrativo da Crinetics Pharmaceuticals; Geraldo Berger, VP e Head of Regulatory Science Latam da Bayer Crop Science; Alberto Back, sócio-fundador do MercoLab Laboratórios; e Jefferson Gomes, diretor de tecnologia e inovação do SENAI.
 
Julio Moura, cofundador e chairman da Vesper Ventures, abriu o evento explicando o impacto das mudanças climáticas na economia global e a oportunidade que isso representa. “É neste cenário que as biotechs se destacam, pois oferecem aos investidores a possibilidade de investir em propósito, gerar impacto e ainda fazer um bom negócio”.
 
A Vesper Ventures já investiu e ajudou a estruturar 7 startups com propósito de colaborar com soluções disruptivas para problemas globais.
 
“Investir em biotech é diferente. É apostar em uma empresa que pode ficar 6 anos sem gerar receita, mas que está desenvolvendo um ativo que pode valer 1 bilhão de dólares ou mais depois”, revela Gabriel Bottos, CEO da venture builder.
 
A empresa usa um modelo que consiste em buscar projetos de impacto e dar todo o apoio necessário para que os cientistas possam focar no que são bons enquanto a Vesper cuida da parte da estruturação da startup.
 
No centro do debate do primeiro dia, dedicado ao agronegócio, o dilema: como alimentar 8 bilhões de pessoas sem prejudicar o meio ambiente? Para isso, três biotechs voltadas ao desenvolvimento de soluções disruptivas para o agronegócio expuseram suas inovações e tecnologias: InEdita Bio, Symbiomics e Reddot Bio. Cada uma, em sua área de aplicação, apresentou dados relevantes do impacto das soluções desenvolvidas.
 
Ex-professor da Unicamp e CEO da InEdita Bio, Paulo Arruda explicou o potencial da edição genômica para uma produção agrícola com um menor impacto ambiental. Segundo o especialista, até 2050, será preciso aumentar em 25% a produção de alimentos por conta do crescimento da população.
 
“Com a produtividade atual, precisaríamos plantar 70 milhões de hectares a mais só de milho e soja. Mas hoje estamos falando em reduzir o desmatamento, então, como fazer isso? Uma das soluções passa por ter safras com maior produtividade – ou seja, produzir mais no mesmo ou menor espaço”, explica.
 
A plataforma desenvolvida pela startup promove a edição genômica (não-transgênica) de sementes - pequenas modificações no gene, capazes de desenvolver plantas mais resistentes a pragas e doenças sem o uso de pesticidas químicos.
 
Ao falar da Symbiomics, Rafael de Souza, CEO e um dos fundadores da startup, abordou a importância dos microrganismos para também resolver esses problemas. Um dos exemplos do cientista foi o uso dos fertilizantes nitrogenados. Segundo Souza, cerca de 70% do químico não é absorvido pela planta e acaba perdido, contaminando o lençol freático.
 
“O impacto das aplicações gira em torno de 10 bilhões de dólares por ano e em uma emissão de 10kg de gases de efeito estufa para cada quilo de ureia produzido. Porém, existe um microrganismo capaz de se associar à raiz da planta e fornecer a ela o nitrogênio disponível no ar, evitando o uso da ureia. Ou seja, com um microrganismo, podemos mudar o mundo”, afirma. Todo esse segmento, segundo ele, está avaliado em 12,4 bilhões de dólares e, até 2028, deve chegar a 30 bilhões.
 
Já as soluções da Reddot Bio estão contribuindo, inicialmente, para o setor da avicultura. Segundo Rafael Bottos, fundador e CEO da startup, a Reddot “está construindo a próxima Blockbuster da indústria de diagnósticos moleculares, o que vai impactar a vida de milhões de pessoas e gerar um valor multimilionário”. A biotech desenvolveu uma tecnologia capaz de reduzir drasticamente o tempo de detecção precisa de patógenos em animais e alimentos. No caso da salmonella, a detecção é 10 vezes mais rápida. Em humanos, um dos alvos será o HPV. Tudo com uso de solução in loco, sem necessidade de grandes estruturas laboratoriais.
 
Inovações na área da saúde
 
O segundo dia do Vesper Annual Meeting 2023 foi dedicado à saúde. Gabriel Bottos abriu a rodada de apresentações afirmando que a área ainda é desconhecida em termos de investimento no Brasil.
 
“Encontros como esses que estamos realizando aqui vão aproximar os universos de investidores e cientistas para que se perceba o potencial de negócio e a capacidade do Brasil de desenvolver tecnologias de ponta global”.
 
O executivo destacou que existem hoje 7 mil doenças raras no mundo, sem tratamentos para todas elas, e que uma terapia para um câncer que não tem cura é estimada em cerca de 2 bilhões de dólares. Já os custos para a economia global com câncer e Alzheimer, por exemplo, somam quase U$ 30 trilhões, segundo levantamentos internacionais recentes.
 
Neste setor, quatro startups brasileiras estão na vanguarda de tratamentos inovadores em diferentes áreas: a Vyro Biotherapeutics, que usa a biotecnologia para criar tratamentos de saúde revolucionários baseados na utilização do zika vírus modificado por engenharia genética; a Aptah Biosciences, startup que realiza pesquisas de novas terapias de RNA voltadas para o tratamento de doenças relacionadas ao envelhecimento, especialmente cânceres e doenças neurodegenerativas; Futr Bio, focada no desenvolvimento de vacinas de mRNA de próxima geração para prevenir e curar doenças como infecções e cânceres; e Cellertz Bio, que tem como objetivo principal a identificação dos alvos genéticos através de inteligência artificial para desenhar terapias potenciais e alcançar resultados terapêuticos sem precedentes.
 
“Uma inovação disruptiva, na minha opinião, é aquela que muda algo radicalmente, que altera o padrão atual. E que tem um efeito cascata significativo, além de sua área específica. É aquela que também resulta em uma nova liderança em um determinado campo. E o que é mais interessante é que a maior parte dessa inovação na medicina ou nas ciências da vida não veio de grandes empresas, mas dos pequenos participantes desse campo, como as startups de biotecnologia que temos aqui. E é preciso fomentar isso, investidores e governos, para que o Brasil cresça nesse setor cada vez mais e finalmente ocupe o seu devido lugar na economia global”, afirmou Dieter Weinand, chairman do board da Aptah Bio e da Replimune, e ex-CEO da Bayer Pharma AG.
 
Sobre a Vesper
 
Criada em 2018, a Vesper Ventures é uma venture builder fund com foco em biotecnologia avançada. Tem como principal objetivo a cocriação das empresas junto aos cientistas e investimentos financeiros, através de fundos próprios. Os projetos selecionados são inovações disruptivas que endereçam grandes desafios globais na saúde humana, agronegócios e meio ambiente.
 
Com a visão de que as empresas só podem ser verdadeiramente bem-sucedidas em uma sociedade próspera e em um planeta saudável, a Vesper seleciona projetos ainda em early stage de grandes cientistas brasileiros e os ajuda a criar todos os procedimentos de gestão, com uma equipe administrativa que faz um acompanhamento muito próximo às operações das startups. Isso além de possibilitar a essas empresas acesso a capital, seja da própria venture builder ou de terceiros.
 
Todos os projetos encampados pela venture builder passam por uma rigorosa avaliação e apoio de conselheiros científicos de grande experiência nacional e internacional. Comandada por Gabriel Bottos, CEO e um dos fundadores, a Vesper conta ainda com outros quatro sócios: Pedro Moura, Julio Moura, Rafael Bottos e Jonas Sister.
 
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