A frente fria chegou e, dessa vez, parece que veio para
ficar. O clima pede atenção redobrada da população em relação à saúde. Nessa
época do ano, além de resfriados, as baixas temperaturas aumentam em até 20% o
risco de se ter um AVC, de acordo com o Instituto Nacional de Cardiologia.
De acordo com a neurocirurgiã, Danielle de Lara, que atua no Hospital Santa Isabel, em Blumenau, isso acontece
porque a sensação de frio eleva a pressão arterial, uma das principais causas
do problema.
“Para manter a temperatura do corpo os vasos sanguíneos
entram em vasoconstrição, ou seja, diminuem a concentração de sangue para
evitar a perda de calor. Com isso, ocorre o aumento da pressão arterial
sistêmica, por isso as patologias vasculares têm uma maior ocorrência durante o
frio”, explica.
Com a redução das mortes por Coronavírus, atualmente o AVC
e o infarto voltaram a ser as principais causas de óbito no Brasil, segundo
dados da Sociedade Brasileira de
Neurologia. Os dados ainda
revelam que entre as doenças cardiovasculares, o AVC é a principal causa de
morte, sendo responsável por 10% de todas elas.
Danielle de Lara explica que o AVC acontece quando o
suprimento de sangue que vai para o cérebro é interrompido ou drasticamente
reduzido, privando as células de oxigênio e de nutrientes.
“Quando um vaso sanguíneo se rompe, causando uma hemorragia
cerebral, também ocorre o acidente vascular cerebral. Existem dois tipos de
AVC, o hemorrágico, que é o rompimento de um vaso cerebral, o que
causa uma hemorragia. Apesar da menor incidência, esse tipo é mais letal. E o isquêmico
ocorre quando uma artéria é obstruída, o que pode acontecer devido a uma
trombose ou a uma embolia. Essa forma da doença é a mais comum, e representa
cerca de 85% dos casos”, conta a neurocirurgiã.
Como prevenir o AVC?
Danielle explica que até 80% dos casos de AVC podem ser
evitados com a adoção de bons hábitos de vida e que a prevenção para esse tipo
de problema não se dá de forma imediata durante as estações mais frias.
“É preciso manter hábitos saudáveis ao longo da vida como,
praticar atividades físicas, ir regularmente ao médico e evitar o tabagismo e o
sedentarismo - fatores que aumentam a predisposição para ocorrência de um AVC”.
"Vale lembrar que o mesmo tipo de prevenção que se
deve ter em qualquer época vai valer também no inverno. Também é importante
estar atento aos outros fatores de risco que já são classicamente conhecidos do
AVC, como por exemplo, controle da pressão arterial, controle do colesterol,
controle do diabetes e manter o estado de hidratação, já que no frio as pessoas
tendem a ingerir menos líquido", completa.
Em casos de suspeita de AVC é preciso encaminhar o paciente
o mais rápido possível pro hospital para garantir um diagnóstico e tratamento
rápido.
“Com isso, é possível reverter muitos sintomas e deixar o
indivíduo até mesmo sem sequelas”, destaca a neurocirurgiã.
Já em relação ao tratamento da doença, a neurocirurgiã
explica que se baseia em medidas de apoio ao paciente e controle dos sintomas.
“O tratamento quase sempre é de suporte ao paciente, ou
seja, estímulo diário em um ambiente deve ser seguro e familiar, reforçando a
noção de orientação do paciente. Os sintomas são tratados conforme necessário,
com apoio de fonoaudiólogos, terapeutas e fisioterapeutas. O papel da família
também é importante para estimular a prática de exercícios físicos, acompanhada
de uma boa alimentação”, conclui.