Especialista destaca os benefícios do emagrecimento na obesidade
31/10/2023
Gustavo Siqueira
A especialista Tatiane Flores (CRN10 4031) da Clinica Integrada Tatiane Flores fala sobre o assunto:
A obesidade é uma doença crônica multifatorial que está
associada a riscos aumentados de várias outras doenças, as quais incluem o
diabetes tipo 2 (DM2), doenças cardiovasculares, certos tipos de câncer, apneia
do sono, subfertilidade e mortalidade. Dados da literatura preveem que o
excesso de peso reduz a expectativa de vida em 2,7 anos em determinados locais.
Devido a isso, intervenções de controle de peso e sua consequente redução estão
associadas a vários benefícios para a saúde.
Segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS) “sobrepeso” e “obesidade” são definidos como IMC de 25 kg/m2 ou
mais e 30 kg/m2 ou mais, respectivamente. No qual, na população mundial quase
quatro em cada dez adultos (39%) estão acima do peso e mais de um em cada dez
(13%) têm obesidade. Como comentado, o sobrepeso e a obesidade são responsáveis
por uma carga substancial de doenças e estão associados a custos diretos
consideráveis, por exemplo, gastos com saúde, e custos indiretos, por exemplo,
perda de produtividade. Estima-se que os gastos com saúde associados ao
sobrepeso e obesidade representam 2% a 8% dos gastos totais com saúde.
Há alguns anos, 5% das mortes em todo
o mundo foram atribuídas à obesidade. Diante disso, a literatura mostra que a
perda de peso modesta que varia entre 5% e 10% é considerada clinicamente
importante, uma vez que reduz os fatores de risco cardiometabólicos e melhora
as comorbidades relacionadas à obesidade em pacientes com sobrepeso ou
obesidade. Por outro lado, a grande perda de peso, quando se tem uma redução de
mais de 10%, pode ser necessária para alcançar melhorias em certas complicações
relacionadas ao peso, como apneia do sono, ou para a maioria dos pacientes com
DM2.
Nesse sentido, é importante destacar
que os benefícios da grande perda de peso foram observados em pacientes com uma
variedade de complicações relacionadas ao sobrepeso e à obesidade, incluindo
DM2, pré-diabetes, síndrome metabólica, osteoartrite do joelho e
subfertilidade. Destaca-se que as grandes perdas de peso foram alcançadas por
meio de cirurgia bariátrica, modificações no estilo de vida ou farmacoterapia.
Remissão do Diabetes Tipo 2 e
Obesidade
Estudos mostram que após a cirurgia
bariátrica, adultos com obesidade atingem uma perda média de peso de 20% a 35%
e com isso apresentam reduções na glicemia de jejum, insulina e incidência de
DM2 em 2 a 3 anos.
Além disso, os pacientes que usam
medidas de estilo de vida para controle de peso geralmente obtiveram menor
média de perda de peso do que aqueles submetidos à cirurgia bariátrica, com
melhoras modestas no metabolismo da glicose.
Por outro lado, a farmacoterapia
também apresentou resultados benéficos relacionados à perda de peso e a
remissão do diabetes tipo 2. Em outras palavras, o uso de fentermina/topiramato
15/92 mg uma vez ao dia foi associado a uma perda de peso média de 10,5% após 2
anos. Como resultado, dentre os pacientes que tinham DM2 no início do estudo,
após o tratamento com fentermina/topiramato 15/92 mg observou-se alterações nos
níveis de glicemia em jejum, insulina e na hemoglobina glicada.
Outrossim, a semaglutida subcutânea
(2,4 mg) uma vez por semana foi associada a uma perda de peso média de 14,9%
após 68 semanas. Como resultado foram observados no grupo controle melhorias na
glicemia de jejum e hemoglobina glicada, bem como os pacientes com pré-diabetes
no início do estudo haviam revertido para normoglicemia na semana 68.
Obesidade e Risco para Doença
Cardiovascular
A perda de peso significativa obtida
por meio da cirurgia foi associada a melhorias a longo prazo na pressão
arterial e nos perfis lipídicos. Em outras palavras foi observado uma melhora
na pressão arterial sistólica, pressão arterial diastólica, nos níveis de
colesterol de lipoproteína de baixa densidade, colesterol de lipoproteína de
alta densidade e triglicerídeos no grupo submetido a cirurgia de bypass
gástrico comparado com controles sem cirurgia por até 12 anos. Em alguns casos
além da melhora foi relatada melhora na resolução de comorbidades como
hipertensão e dislipidemia a cirurgia bariátrica.
Apesar da perda de peso observada na
cirurgia bariátrica aparentemente apresentar maiores efeitos sobre os fatores
de risco cardiovascular, também foram observados benefícios relacionados à
grande perda de peso após a modificação do estilo de vida. Após sessões
individuais de educação comportamental e aconselhamento dietético, observou-se
uma redução significativa das concentrações de triglicerídeos e ácidos graxos
livres desde o início da intervenção.
Farmacologicamente, o uso de
fentermina/topiramato 15/92 mg uma vez ao dia melhorou os níveis de colesterol
e triglicerídeos em comparação com placebo em pacientes com sobrepeso ou
obesidade. Assim como, a semaglutida 2,4 mg uma vez por semana melhorou os
níveis de colesterol, triglicerídeos, ácidos graxos livres e pressão arterial em
comparação com placebo nos mesmos pacientes.
Prática Clínica
Em pessoas com sobrepeso ou
obesidade, a perda de peso de 10% ou mais traz benefícios importantes,
independentemente da abordagem de perda de peso. Com isso, na prática clínica
sugere-se que a perda de peso de 10% ou mais deve ser objetivada no tratamento
quando a perda de peso inferior a isso não resulta em efeitos benéficos
suficientes para a saúde.
Referências Bibliográficas
Sugestão de leitura: Diabetes,
Obesidade e Ozempic: O que você precisa saber?
Assista ao vídeo na plataforma
Science Play: GLP-1 no Tratamento da Obesidade: Como os prebióticos podem
ajudar?
Artigo Perda
de peso de 10% : Tahrani AA, Morton J. Benefits of weight loss of 10% or more
in patients with overweight or obesity: A review. Obesity (Silver Spring). 2022;30(4):802-840. doi:10.1002/oby.23371