O Instituto de
Neurologia de Curitiba (Hospital INC) acaba de registrar mais um avanço no
tratamento de tumores cerebrais. O Hospital realizou a primeira cirurgia nas
Américas com Terapia Fotodinâmica Intraoperatória (TFD) e corante 5-ALA para
tratamento de glioma cerebral. A TFD, atualmente aplicada em pouquíssimos
centros da Europa, é uma ferramenta valiosa e vibrante para o arsenal de
tratamento de gliomas de alto grau, um tipo de câncer incurável cuja
incidência é de 4,7 pessoas a cada 100 mil – variando de acordo com sexo, etnia
e faixa etária.
Estudos
preliminares publicados pelo Journal of Neurosurgery e Journal
of Neuro-Oncology, ano passado, mostraram que essa terapia traz
benefícios para o paciente, sem riscos adicionais durante a cirurgia. Isso
significa que a aplicação da TFD aumenta as chances do paciente viver por mais
tempo sem o reaparecimento da doença. “A recidiva da doença é o grande desafio
no tratamento de tumores malignos, pois invariavelmente eles acabam voltando ao
leito onde foram tratados. No caso dos gliomas malignos, a radiação e a
quimioterapia são fundamentais. Então, após uma cirurgia com TFD e 5-ALA, o tratamento
convencional deve ser retomado”, explica Dr. Erasmo Barros Júnior,
neurocirurgião do INC.
De acordo com o
médico, o grande diferencial desse procedimento é poder tratar o paciente no
próprio leito operatório, imediatamente após a remoção do tumor, com a
iluminação. O 5-ALA marca as células doentes na cavidade cirúrgica e um
difusor conectado a uma fonte de luz vermelha gera uma reação fotoquímica
para destruí-las, tratando as margens do cérebro. “O objetivo é
neutralizar as células cancerosas residuais que ainda existem. Após essa etapa,
que aumenta em uma hora o tempo operatório, a cirurgia é finalizada com o
fechamento, conforme a rotina”.
INC adaptou o
protocolo de aplicação da TFD
A eficácia da TFD
ainda está sendo estudada, mas já se sabe que melhora a resposta
imunológica local e ajuda no controle do tumor. A Divisão de Neurooncologia
do Departamento de Neurocirurgia do INC se baseou nos dois maiores
estudos publicados a respeito desse assunto, em Munster (Alemanha) e Lille
(França), e realizou adaptações do protocolo. “Foi feito um extenso trabalho,
ao longo de dois anos, seguindo o rigor científico necessário, através de uma
parceria científica do INC com a DMC, que é uma empresa especialista em
desenvolver laser de uso médico, e também com o Instituto Nupen, uma fundação
de ensino e pesquisa em saúde”, informa Dr. Erasmo Barros Júnior.
O neurocirurgião lembra que se trata
de uma técnica muito recente, com poucos anos de desenvolvimento, mas com um
imenso potencial de benefício no controle de uma doença tão grave. “Existem
estudos realizados na França e na Alemanha, a partir de 2017, demonstrando a
segurança da fototerapia intraoperatória e um melhor controle da doença”.