Um administrador e um psicólogo criaram um método de desenvolvimento vivencial que auxilia na extração de competências de lideranças para colaboradores de empresas. Este treinamento corporativo, porém, não acontece dentro de um local fechado: é feito totalmente num ambiente náutico, ao ar livre. A Compass, empresa que nasceu em Porto Alegre, em plena pandemia, foi idealizada pelo psicólogo Rafael Corsetti e pelo administrador de empresas Tiago Jacobus, que também é velejador e professor de vela.
Os sócios contam que a ideia é propor uma experiência totalmente diferente das tradicionais dinâmicas empresariais. "Queremos romper o paradigma de treinamento de sala de aula, educação continuada corporativa. O objetivo é oferecer uma ruptura da zona de conforto com foco no desenvolvimento e análise de competências, negociação, liderança, criatividade, inovação", explicou Rafael. Tiago também aponta que o propósito surgiu ao fazer uma analogia entre o mundo corporativo e o esporte náutico.
"Como também venho da gestão empresarial, passei a questionar o porquê de alguns barcos chegarem na frente e outros muito atrás, mesmo com condições de vento e embarcação sendo similares. Tudo era relativamente igual para todos, mas os resultados eram muito diferentes. E o mesmo com os resultados de equipes de venda nas empresas, por exemplo. Por que algumas vendiam ou tinham resultados superiores às outras?", indaga Tiago.
Com isso, os sócios perceberam que era possível desenvolver um método que pudesse demonstrar que os resultados atingidos tanto no esporte quanto no meio corporativo já vinham em decorrência de escolhas "ainda em terra".
"A regata começa a ser vencida ainda em terra, na escolha da tripulação, das velas, da configuração da embarcação e escolher estratégias para a competição. E o mesmo ocorre - ou deveria ocorrer - nas empresas. Nem sempre algumas escolhas ou direcionamentos profissionais vão nos fazer chegar primeiro", explicou o professor de vela. Por isso, destaca Rafael, a importância de análises precisas de competências junto às organizações.
"O mais interessante deste método desenvolvido pela Compass é que extraímos as competências dos colaboradores e traduzimos para um ambiente onde as pessoas não esperam encontrar tamanha complexidade de desafios que uma embarcação agrega. Tanto em terra quanto na água. Muitos jamais velejaram nem estiveram num barco. E jamais imaginaram viver essa experiência. E são nesses desafios surpreendentes que suas características aparecem. Isso agrega muito para resultados nas empresas. As pessoas estão ávidas por experiências. Os hábitos de consumo estão mudando. As pessoas querem ser, mais do que ter. E nosso trabalho tem muito a ver com isso, ainda mais que a experiência acontece num ambiente não tão controlado, com várias opções de cenários vivenciais", assegura o especialista em Recursos Humanos.
O método, que pode ser realizado em qualquer lugar do Brasil que possua uma estrutura de marina, é indicado para diversos tamanhos de grupos de colaboradores. E em média cada embarcação comporta de seis a oito pessoas. A atividade é realizada presencialmente em um dia. Toda a análise da equipe pelos profissionais em recursos humanos também já inicia no primeiro contato com os contratantes.
Em cada embarcação estarão presentes com a equipe um velejador profissional, realizando a segurança do barco e da tripulação, e um facilitador, que é um especialista em análise comportamental que acompanhará a equipe para construção dos dados. Nesta escolha os profissionais da Compass também já são capazes de analisar qualidades ou carências no time profissional.
"Qualquer ação dos colaboradores, nessas atividades, deixa evidente como cada profissional desempenha seu papel dentro de uma empresa. E ao final da atividade eles percebem suas ações", detalha Rafael.
Depois de um período dessa atividade, os especialistas da Compass retomam o contato com o contratante para analisar se o espaço corporativo acabou adotando as melhorias apontadas para a equipe.
