Diante do enfrentamento da pandemia, questões como distanciamento social, dificuldades financeiras, luto, entre outras, acabaram impactando diretamente na saúde mental das pessoas, aumentando índices de transtornos de ansiedade, depressão, e agravando outros problemas. Além disso, muitos podem estar enfrentando níveis elevados de uso de álcool e drogas, e insônia. E também, a própria covid-19 pode causar complicações neurológicas e mentais, deixando os acometidos pela doença mais vulneráveis a transtornos psicológicos. Esta é a 8ª edição do Janeiro Branco – campanha que movimenta e incentiva debates sobre saúde mental em todos os espaços e áreas da vida.
Fazendo alusão ao início de um novo ano e considerando uma “página em branco” – a campanha destaca uma nova oportunidade para ser preenchida com metas e cuidados que abrangem o bem-estar físico, mental e social de cada indivíduo. Na avaliação da gerente de promoção e atenção à saúde na Unimed Blumenau, Kátia Rodrigues Ferreira, a saúde mental impacta diretamente em todos os aspectos do dia a dia. “É fundamental ter em mente que a integralidade de hábitos saudáveis é o que ajuda a evitar problemas psicológicos”, destaca.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) relatam que a depressão é uma doença que afeta 4,4% dos brasileiros, e que o Brasil ainda é o país com maior prevalência de ansiedade em todo o mundo - 9,3% da população sofre com o transtorno. E além disso, o Brasil é o segundo país das Américas com maior número de pessoas depressivas, equivalentes a 5,8% da população, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, com 5,9%.
Busca por saúde mental cresce em meio à covid-19
A OMS destaca que antes da pandemia, os países gastavam menos de 2% de seus orçamentos nacionais de saúde em saúde mental e lutavam para atender às necessidades de suas populações. Nos últimos meses, a crise causada pela covid-19 afetou estes serviços em 93%, em 130 países, enquanto a demanda continua crescendo muito rapidamente.
Para a Agência Nacional de Saúde (ANS), estes dados comprovam que é fundamental ampliar debates de enfrentamento de questões ligadas à saúde mental. Em 2019, os beneficiários de planos de saúde no país, realizaram cerca de 29 milhões de procedimentos ligados ao cuidado em saúde mental – um aumento de 167% comparado a números apresentados em 2011. As consultas psiquiátricas por mil beneficiários de planos de saúde subiram 80% entre 2011 e 2019, enquanto as consultas de psicologia por mil beneficiários evoluíram 199% e as consultas e terapia ocupacional também por mil beneficiários subiram 276%.
Programa de Saúde Mental da Unimed Blumenau
Fazendo alusão ao Janeiro Branco, a cooperativa médica lançou recentemente o Programa de Saúde Mental, que visa acolher colaboradores e beneficiários através de ajuda e acompanhamento psicológico. Durante todo o ano de 2021, o tema saúde mental estará em foco em ações para ajudar pessoas a identificarem sinais e sintomas de desconforto ou transtorno psicológico. Após serem acolhidas, as pessoas serão encaminhadas ao tratamento adequado na rede prestadora da Unimed Blumenau, que conta com profissionais e médicos especializados para atender cada caso, de acordo com as necessidades.
A gerente de promoção e atenção à saúde conta que através de trocas com profissionais para despertar situações de entendimento e promover a orientação, serão realizadas ao longo do ano, ações com palestras, rodas de conversa, stands com jogos lúdicos e demais atividades internas na cooperativa e empresas parceiras. “Em situações inesperadas, saber lidar com emoções mentais descompensadas é fundamental. Por isso, o Programa de Saúde Mental irá acolher as pessoas e ajudá-las a se tornarem mais conscientes de sua participação em um processo de vida saudável, com foco no autocuidado, na prevenção e no tratamento adequado”, ressalta. As ações voltadas ao programa não substituem assistência médica.
Sinais de alerta: quando é preciso buscar ajuda
É importante observar sinais como sensação de vazio, desesperança, aprisionamento ou falta de razão para viver; sentir-se extremamente triste, ansioso, agitado ou com raiva constante; ou com dor insuportável, seja emocional ou física. Segundo o psicólogo clínico da Unimed Blumenau, Natan José Mafra, os transtornos e doenças psicológicas interferem nas diversas áreas da vida, ignorar os sinais pode levar a situações extremas. “Não adianta tentar abafar as emoções, pois os desconfortos emocionais podem levar a mente a pedir socorro em forma de ansiedade, depressão, compulsão, e outras manifestações de sofrimento. Por isso, é muito importante sempre buscar ajuda profissional”, destaca.
Como fortalecer a saúde mental
Qualquer pessoa pode desenvolver transtornos que afetam a saúde mental. “Os cuidados devem ser adotados no dia a dia e com atitudes de prevenção”, conta o psicólogo.
Abaixo o especialista lista sete dicas para auxiliar na preservação da saúde mental:
- Ser realista e positivo: em qualquer atividade é importante adequar as expectativas geradas, levar sempre em conta as possibilidades de alcance, metas e objetivos, para evitar frustrações.
- Praticar exercícios físicos e ter uma alimentação saudável: a alimentação balanceada e uma rotina de exercícios físicos diária, mantém o metabolismo acelerado, e a saúde necessária para realizar as atividades rotineiras.
- Dormir bem: o sono é essencial para que o corpo se recupere do cansaço diário e o cérebro descanse adequadamente.
- Ter bons hábitos no dia a dia: Com uma boa rotina fica mais fácil manter a saúde mental em dia, assim como garantir o funcionamento ideal do corpo, estimulando a produção de substâncias que garantem sensações positivas, como a endorfina.
- Preservar laços familiares e de amizade: um dos pontos importantes é manter contato com pessoas que gostamos e que façam bem.
- Não usar drogas: o consumo frequente aumenta consideravelmente as chances do indivíduo de desenvolver transtornos mentais.
- Treinar a mente: adotar uma postura positiva diante das dificuldades, falar dos sentimentos com alguém de confiança, ser gentil consigo mesmo, aceitar as mudanças da vida, aprender a interpretar e aceitar as críticas, ficar atento aos pensamentos e, principalmente, entender que ninguém é feliz o tempo todo.